Dia do Radialista Big Boy em 1970. Foto: Reprodução/Wikipedia

12 radialistas monstruosos que fizeram história no Brasil

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Neste Dia do Radialista, homenageamos 12 brasileiros monstros do jornalismo musical radiofônico que você precisa conhecer

Muita coisa não teria acontecido no mundo da música sem a figura do radialista. Desde movimentos culturais inteiros, como o rock’n’roll, nos Estados Unidos, ao acid house, na Inglaterra, até novos artistas, que apareceram graças ao bom gosto de DJs espetaculares, profundos conhecedores de música. A figura do disc-jóquei, que tanto amamos, surgiu justamente nas estações radiofônicas, até que, graças ao seu notório conhecimento sobre os discos, começaram a ser convidados para se apresentar em bares e casas noturnas.

Antes da internet, a rádio era a principal fonte de conhecimento de novos artistas no mundo, mesmo quando a televisão entrou na festa com programas de auditório e, mais tarde, a MTV. Um tempo em que DJs passaram a se tornar referência de conhecimento, muitos com uma base de fãs comparável aos artistas que lançavam.

No Dia do Radialista, 07 de novembro, homenageamos dez brasileiros monstros do jornalismo musical radiofônico que você precisa conhecer!

Sonia Abreu

dia do DJ

Sonia Abreu, a primeira DJ do Brasil, nos anos 80. Foto: Acervo Pessoal

A matrona da rádio cultural brasileira se enfiou, na maior cara de pau, nos escritórios da rádio Excelsior, gigante nos anos 70, para pedir emprego, e de lá nunca mais saiu. Sonia Abreu foi gigante, propulsora de gêneros musicais como o reggae, a world music, e até mesmo o jungle, apresentando ao país em seus programas na rádio ou em seu soundsystem (pioneiro) chamado Ondas Tropicais.

Jaques Kaleidoscópio

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Jaques Kaleidoscópio em clique de Toni de Gomes para a Revista Poeira Zine, em 2005. Foto: Reprodução/Blog do Luiz Domingues

Jaques Gersgorin virou Jaques Kaleidoscópio graças ao nome de seu programa madrugadeiro que apresentava na mesma Excelsior, apresentando novidades do rock mundial que ninguém ainda tinha ouvido no Brasil, em um tempo em que os álbuns lançados nos Estados Unidos e Europa levavam anos para chegar aqui, quando chegavam.

Big Boy

Dia do Radialista

Big Boy em 1970. Foto: Reprodução/Wikipedia

“Hello, crazy people!” Assim, o radialista Big Boy (Newton Alvarenga Duarte) apresentava seu programa nas rádios cariocas e revolucionava a forma de se comunicar com o público, cheio de irreverência. Pioneiro ao transmitir rock’n’roll, pop, soul e funk, o DJ foi um dos responsáveis pela conexão entre o funk e o rock (com a turma das “cocotas”) nos bailes de periferia do Rio de Janeiro. O gigante do radialismo faleceu prematuramente, em 1977, com apenas 34 anos.

José Roberto Mahr

Dia do Radialista

José Roberto Mahr em 2010. Foto: Reprodução

José Roberto Mahr era comissário da extinta companhia aérea Varig. Aproveitava as  viagens internacionais para comprar discos nos anos 80, e assim montou a base para o programa de rádio que atravessou gerações cariocas, apresentando música alternativa de todo o mundo, o Novas Tendências. Virou referência de música boa, formou um monte de DJs na cidade e carrega o rótulo de John Peel (icônico radialista da BBC inglesa) brasileiro.

DJ Hum

Dia do Radialista

DJ Hum. Foto: Reprodução/Instagram

DJ Hum foi das ruas e dos pátios da São Bento, onde fazia parceria com Thaíde, para a rádio 105 FM e seu programa Festa do DJ Hum, ao sábados à tarde e transmitido até hoje, com décadas de vida. Virou referência na divulgação de pérolas raras do funk, da soul e também do rap nacional.

A turma da maldita

Dia do Radialista

Selma Boiron, Edna Mayo, Liliane Yusim, Cristina, Selma Vieira e Monika Venerabile. Foto: Reprodução

Do nada, uma rádio de Niterói/RJ apareceu para o mundo tocando somente música alternativa. Foi uma revolução. Lançaram bandas como Legião Urbana, Paralamas do Sucesso e Blitz. A ideia veio de três malucos que colaram em uma rádio falida, a Fluminense FM, com uma ideia para revitalizá-la: Sérgio Vasconcellos, Amaury Santos e Luiz Antônio Mello.

O trio já chegou com uma ideia sensacional. A nova Fluminense, que ficou conhecida como “a rádio maldita”, abriria espaço somente para radialistas mulheres, quebrando o patriarcado no meio. Virou um tremendo sucesso, só com música renegada por outras estações, apresentadas na voz de DJs como Renata Ceribelli, Mônica Venerabile e Selma Boiron.

Roberta Martinelli

Roberta Martinelli. Foto: Reprodução/YouTube

Com sua voz cool e jeitão intelectual, Roberta Martinelli conquistou um séquito de ouvintes apresentando deliciosas pérolas musicais na rádio Eldorado, onde entrou em 2016 e nunca mais saiu. Roberta começou na rádio na Cultura AM quando criou o Cultura Livre. Hoje apresenta os dois programas e um quadro num programa de rádio FM no Japão

Fabio Massari

Dia do Radialista

Fabio Massari. Foto: Ivan Shupikov/Reprodução

Apesar de ter conquistado um enorme sucesso como VJ referência da MTV, onde ganhou o status de “Reverendo da música”, Fabio Massari começou na rádio 89 FM, importantíssima na difusão da música alternativa nos anos 90 em São Paulo. Antes de se aventurar na TV, ficou oito anos na rádio, como coordenador artístico da 89 FM e apresentador do programa Rock Report.

Katia Suman

Dia do Radialista

Katia Suman. Foto: Chico Lisboa/Reprodução

A histórica DJ gaúcha entrou para rádio Ipanema FM em 1983 e fez história no Rio Grande do Sul, apresentando sua leitura da música brasileira. Icônica, pelas palavras do colega Luiz Antonio Ferrareto, seu sucesso vem “graças à sua performance ao microfone nas noites dos 94,9 MHz, quando abre espaço para os, na sua expressão frequente, ‘radiouvintes’, em conversas que variam do hilário a uma profundidade ‘papo-cabeça’, não usual na programação jovem de consumo rápido de outras estações. Na gerência de programação da rádio, Katia aprofunda o posicionamento de mercado da emissora, que passa a se autodefinir como uma estação voltada ao ‘segmento AB Rock Forever Young’, em outras palavras: rock, a música, e atitude rock, a rebeldia, para todas as idades”.

Otávio Rodrigues

Doctor Reggae

Foto: Marcio Vasconcelos/Divulgação

Otávio Rodrigues se apaixonou tanto por um estilo musical que, além de ter sido um dos maiores responsáveis pela sua divulgação no Brasil, emprestou seu nome: o Doctor Reggae. O cara fez o primeiro programa do gênero no rádio brasileiro, Roots Rock Reggae (Excelsior FM, 1982), plataforma para a criação do Projeto Jamaica-Brasil, que em 1983, com apoio do governo jamaicano e do African-Caribbean Institute, iniciou uma série de jornadas à ilha caribenha. Olha o tamanho que o reggae chegou no Brasil hoje em dia. Culpa do doutor.

Patricia Palumbo

Patricia Palumbo

Patricia Palumbo. Foto: Divulgação

Uma das vozes mais reconhecíveis do rádio, Patricia Palumbo já estava no ar quando tudo era mato. Há mais de 30 anos no ramo, Pat herdou do seu pai o amor pelo rádio e da sua mãe o talento para contar histórias. Além de radialista, é caiçara, mãe, marinheira e, sem dúvida, uma mulher à frente do seu tempo.

Premiada três vezes por seu trabalho em rádio pela APCA, apresenta desde 98 o programa Vozes do Brasil, no ar em todo país. Sua vivência no rádio permitiu realizar o projeto inovador da Rádio Vozes, com pessoas de uma bagagem cultural incrível e relevância incontestável. Apresenta o Instrumental Sesc Brasil há mais de 20 anos. Faz curadoria e consultoria musical para a TV Cultura, a Casa Brasileira e o Itaú Cultural.

Fabiane Pereira

Dia do Radialista

Fabiane Pereira. Foto: Reprodução

Fabiane Pereira é jornalista, radialista e apresentadora. Está à frente do programa Vozes da Vez, no ar na rede de rádios NOVABRASIL FM, é debatedora do programa Sem Censura, exibido pela TV Brasil, e também é idealizadora e apresentadora do canal Papo de Música, no Youtube.

Em 2022, ganhou o prêmio APCA na categoria rádio, e em 2021 e 2022, foi premiada no Women’s Music Events Awards na categoria melhor Jornalista de Música. Em todos os espaços que ocupa, Fabi celebra as novidades da cultura brasileira, conduz conversas em um tom intimista e afetuoso e cria um ambiente que permite aos seus convidados se abrirem de um jeito único.

É autora de dois livros, Som & Pausa (editora Guarda Chuva, 2015) e amadorA (editora Galateia, 2017), e também já foi apresentadora e curadora musical do programa de rádio FARO, pioneiro na democratização do espaço radiofônico. Além disso, é mestre em Comunicação, Cultura e Tecnologia da Informação pelo Instituto Universitário de Lisboa, em Portugal.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.