DGTL São Paulo 2023 DGTL São Paulo 2023. Foto: Pedro Fatore/Divulgação

Review: Sustentabilidade, cuidado e curadoria marcaram DGTL São Paulo 2023

Vitória Zane
Por Vitória Zane

Festival amenizou os efeitos do caos climático e, em três palcos, promoveu uma grande experiência

A chuva não deu trégua em mais um festival de São Paulo, conforme a previsão do tempo já dizia. Mas calma: tudo ocorreu bem. No último sábado (18), o festival holandês DGTL desembarcou pela quarta vez no Brasil, com 29 artistas distribuídos em mais de 12 horas de programação — e trazendo novas iniciativas na questão da sustentabilidade nos festivais.

Com produção da BE ON Entertainment, que assumiu o projeto desde o ano passado, o evento utilizou o Complexo Canindé em sua totalidade, distribuindo três palcos, uma praça de alimentação e uma área de descanso nos arredores do famoso estádio da Portuguesa, acostumado a receber eventos de música eletrônica. Num espaço open air, mas com tendas nos palcos, a chuva não foi um problema.

Sustentabilidade e água fresca

DGTL São Paulo 2023

Palco Generator. Foto: Pedro Fatore/Divulgação

O mesmo podemos dizer sobre o calor. Claro que estava quente (e nós suamos muito ao dançar), mas o DGTL São Paulo tomou algumas providências. Água foi distribuída de graça, tanto logo para quem entrava, bem como nas ilhas de hidratação. Uma equipe também estava atenta aos amantes do front para garantir que não ficassem desidratados.

E como a sustentabilidade é um dos pilares do festival holandês, essa prática foi replicada no Brasil. O evento contou com uma equipe de gerenciamento de resíduos, que auxiliava o público com o descarte adequado e, em parceria com cooperativas, o lixo terá uma triagem eficaz para reciclagem.

Além disso, uma miniusina solar abasteceu a vila dos artistas, o eco copo era utilizado e devolvido ao final, a comida vegana comandou o cardápio e uma equipe de redução de danos e combate ao assédio estava presente para suporte.

Shows e palcos

DGTL São Paulo 2023

Palco Modular. Foto: Pedro Fatore/Divulgação

O palco Generator, sem dúvidas, foi o mais frequentado, gerando uma surpresa (ou nem tanto) e mostrando que a preferência atual é mesmo o techno e suas ramificações mais pesadas, mantendo-se lotado do início ao fim.

Com design estreante na Holanda em 2023 e inédito no Brasil, por lá passaram Vitorino, Silenzo, Tessuto, Perc, Ki/Ki, Acid Asian — uma das grandes revelações brasileiras do ano —, Clara Cuvé, Cera Khin e Shlomo, que se apresentou com uma camisa da seleção brasileira e ousou utilizar um sample de funk no set. 

Já no Modular, o maior espaço da edição, a estrutura se assemelhava a formas geométricas, com um enorme telão de LED. Numa sonoridade voltada para o melódico, com sons de synth e teclados em destaque, N.A.S.S.I & Guss iniciaram os trabalhos, seguidos de Riascode, Enrico & Carmo, Satori — que mandou um live set de primeira —, Badaro, Marino Canal, BLANCAh (também em apresentação live), 8Kays e o esperado Stephan Bodzin, entregando o amanhecer em um live set de arrepiar.

Brina Knauss estava escalada para o palco, mas dias antes anunciou que havia sofrido um acidente e quebrado a clavícula, portanto, não conseguiria se deslocar ao Brasil.

Também inédito por aqui foi o palco Boiler Room, em que rolam as gravações das apresentações. Num espaço mais descentralizado e intimista, o local tinha lotação máxima, tornando tudo mais especial e único. Giu Nunez, Martha Pinel, Milton Chuquer, Moodymann — a lenda americana mais esperada do palco, e que por vezes tampou a câmera para não ser gravada —, Sadar Bahar (dando aulas), Paulete Lindacelva, Renato Cohen (que mandou muito!), Mystery Affair e Special Request focaram na house, enquanto DJ Marky fechou com um set emocionante e cheio de drum’n’bass. 

Em resumo

DGTL São Paulo 2023

Palco Boiler Room. Foto: Davi Santos Fotografias/Divulgação

Com sonoridades muito bem definidas em cada palco, o público pôde focar em sua vertente de preferência e permanecer num mesmo local durante toda a experiência.

Além disso, misturar lendas da música eletrônica nacional e internacional com talentos em ascensão foi uma decisão acertada. Ver as diferentes gerações do cenário num mesmo line-up valoriza o movimento de vanguarda e dá chance ao futuro de diversos DJs e produtores.

Outro ponto de destaque, claro, é a visibilidade dada à sustentabilidade. Esperamos que essa questão possa percorrer outros eventos e, finalmente, ganhar sua devida importância. Afinal, somente por meio dessa causa que será possível mitigar os efeitos colaterais que tem tanto afetado os eventos no país, como o calor extremo ou chuvas torrenciais.

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Vitória Zane

Jornalista curiosa que ama escrever, conhecer histórias, descobrir festivais e ouvir música.

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