The Chemical Brothers The Chemical Brothers. Foto: Reprodução

Review: The Chemical Brothers trazem catarse para diferentes gerações

Bia Pattoli
Por Bia Pattoli

Lendas vivas da música eletrônica, Tom Rowlands e Ed Simons tocaram para 20 mil pessoas nesse sábado (04), na Arena O2, em Londres

34 anos de formação, 10 álbuns nas costas e inúmeras turnês depois, Tom Rowlands e Ed Simons ainda têm cartas na manga. Pelo menos é o que esta que vos escreve presenciou na apresentação do The Chemical Brothers em Londres, no último sábado (dia 04).

Sou um pouco suspeita para escrever sobre a dupla; já vi cinco apresentações deles, sendo duas em Londres, na Arena O2 — uma “casa de shows” em formato de ginásio com capacidade para 20 mil pessoas. Tanto na primeira vez, em 2019, quanto agora, o espaço ficou lotado, algo que não é regra para toda performance que acontece lá. 

The Chemical Brothers em Londres. Foto: Bia Patolli/Music Non Stop

Isso dá uma ideia do tamanho deles no seu país de origem: grandes. E ouso dizer, ícones de mais de uma geração. São uma das poucas bandas de música eletrônica que atrai uma grande quantidade de público já de cabelo branco, mas também uma parcela considerável da geração Z — provavelmente, ainda na sua primeira experiência live com o duo.

No sábado, os Chemical Brothers apresentaram um show de duas horas e tentaram ao máximo cobrir as mais de três décadas de carreira. Com a típica pontualidade britânica, começaram a apresentação às 21h, com Go.

De cara, já deu pra ter uma ideia de que, em termos de visuais, Tom e Ed não vieram para brincadeira: três telões gigantes se estendiam atrás deles com luzes — muitas luzes! Os dois, no meio do palco, tinham à disposição um rider de sintetizadores, bateria eletrônica e mais um tanto de equipamentos não identificáveis à distância.

The Chemical Brothers em Londres. Foto: Bia Patolli/Music Non Stop

Mal chegaram e já começaram com a tradicional surra de hits. Depois de Go, Do It Again combinada com Get Yourself High — no telão, uma projeção com pegada teatral, um ator vestido de demônio fazia o lipsync enquanto dava o comando: “get yourself high” (“fique chapado” em tradução livre).

A novíssima No Reason fez a arena gritar junto com os vocais — seria este o mais novo hino da dupla? A plateia já estava na mão com menos de 15 minutos de show; foi quando eles emendaram com Hey Boy Hey Girl.

The Chemical Brothers surpreendem a pista com bolas coloridas durante Saturate. Foto: Bia Patolli/Music Non Stop

Nenhuma década ficou de fora. Todos os álbuns foram representados com alguma faixa — muitas vezes, mais de uma. Quanto mais o show avançava para o final, mais os hits dos álbuns antigos vinham à tona. E pra quem é fã há tempos, é normal achar que Block Rockin’ Beats, Setting Sun ou a própria Hey Boy seriam as faixas mais ovacionadas, certo? Ledo engano, ou talvez, choque cultural. Quem fez a arena vir abaixo (bem como em 2019) foi Galvanize. Catártico define.

Assim como nos últimos shows que eu vi, eles ainda apostam nos medleys para algumas faixas, quase que como uma forma de comunicar para a plateia: “Sim, nós sabemos que essa foi foda e precisa ser mencionada!”.

Mas só as icônicas chegam perto da versão completa: Go, Hey Boy Hey Girl, Star Guitar, Saturate (que, inclusive, contou com chuva de bolas coloridas gigantes para a galera da pista brisar) e, por fim, a clássica The Private Psychedelic Reel, ainda com os mesmos visuais de 2004.

A dupla manda recado: “Aguente firme, Londres!”. Foto: Bia Patolli/Music Non Stop

Se tivesse que dar uma nota para esse show, eu daria nove. Acho que pouca coisa mudou entre 2019 e 2023, e seria legal se outras músicas tão incríveis quanto as de sempre também ganhassem mais tempo — Elektrobank e Believe são alguns exemplos. Sem contar as que nem apareceram e mereciam estar ali: Music: Response, Denmark, It Doesn’t Matter, Out Of Control, Surface to AirThe Test.

Talvez seja pedir muito, e talvez eles tenham um catálogo que um show de duas horas jamais cobrirá. De qualquer maneira, ver os dois curtindo junto com o público e levando a pista com uma destreza invejável é sempre incrível — mas, de novo, sou suspeita. 🙂 

Confira o setlist: 

Go
Do It Again / Get Yourself High
MAH
No Reason
Hey Boy Hey Girl
Eve of Destruction
Feels Like I Am Dreaming
Swoon
Temptation / Star Guitar
Live Again
Got to Keep
Wide Open
Escape Velocity / The Golden Path
Dig Your Own Hole / Under the Influence / Free Yourself / Get Up on It Like This
Saturate / Believe
Goodbye Play Video Elektrobank / Three Little Birdies Down Beats / Setting Sun
Chemical Beats
Galvanize / Song to the Siren / C-H-E-M-I-C-A-L
Block Rockin’ Beats

Bis:
No Geography
The Darkness That You Fear
The Private Psychedelic Reel

Tomorrowland Bélgica
Você também vai gostar de ler Por que e como o Tomorrowland surgiu na Bélgica
× Curta Music Non Stop no Facebook