Lil Nas X Imagem: Reprodução

Lil Nas X sai na frente de Jesus Cristo e ressuscita antes da Páscoa

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Rapper americano acaba de lançar videoclipe de J Christ, em que aparece como o novo salvador

Debaixo de uma chuva de críticias sobre fazer piada com o cristianismo, Lil Nas X lancou nesta sexta-feira o videoclipe de J Christ, no qual “encarna” a figura religiosa que, segundo o próprio, “fez a maior reaparição da história”.

É sabido entre o pessoal da indústria musical que uma boa polêmica religiosa dá uma audiência danada. Mesmo quem não acompanha, ou mesmo gosta do artista, dá uma olhada no videoclipe para se interar da situação e se municiar de argumentos para a próxima conversa de boteco. Madonna que o diga, mestra em chocar os religiosos mais carolas.

No clipe, roteirizado e dirigido pelo próprio rapper, Lil Nas X apronta de tudo: sobe aos céus, disputa uma partida de basquete com o diabo, é crucificado, manda dilúvio e pastoreia ovelhinhas. Tudo com efeitos e orçamento de superprodução.

Mais do que encarnar Jesus Cristo, ele parece buscar mesmo o posto de outra rainha — a do pop. Nas anda, dança e se expressa como Beyoncé no vídeo. O músico já foi acusado de mentir sobre sua sexualidade, quando teria se declarado gay só para conquistar uma nova parcela de público. Recentemente, deu depoimentos defendendo sua bissexualidade, o que só aumentou a discussão nas redes sociais. Não se trata, neste caso, de preocupação com a vida íntima do artista, mas do uso indevido da comunidade, através da encenação.

Voltando a J Christ, produção musical (e visual) digna do que se espera de uma estrela do rap americano. O gênero segue à frente, como há muito tempo, quando o assunto é fazer um som bater bem nas caixas. Lil Nas X também segue a cartilha moldada pelos artistas anteriores para se manter relevante: marra e polêmica.

Jesus Cristo deve ester cabreiro da vida, lá no céu. Afinal, o feriado que celebra sua ressureição é o domingo de Páscoa, dois meses e meio depois de Lil Nas X.

 

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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