Lollapalooza 2024 Foto: Divulgação

Lollapalooza 2024 será o maior de todos? Conversamos com os diretores da operação

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Leca Guimarães e Marcelo Beraldo falam sobre os números e expectativas do Lollapalooza 2024

Amanhã, os portões do Autódromo de Interlagos se abrem para a 12ª edição do Lollapalooza no Brasil já com uma expectativa: ser a maior de todos os tempos. Durante os três dias de evento, a organização espera receber mais de 300 mil pessoas, marca que vem batendo desde a primeira edição pós-pandêmica, em 2022.

O Lollapalooza emprega diretamente 15 mil pessoas e movimenta mais de um bilhão de reais na economia da cidade de São Paulo. Do headliner mais hypado ao montador de palco, todo mundo precisa ser cuidado, transportado, alimentado. A logística é gigantesca. Como lidar com tanto detalhe? Quais são os cuidados com segurança?

Além disso, a produção mudou de mãos: saiu da Time For Fun, que estava à frente do Lollapalooza Brasil desde 2014, para a Rock World, que produz Rock in Rio e The Town. Tanto a Rock World quanto a C3 Presents (empresa organizadora do Lolla em todo o mundo) pertencem à Live Nation.

Assim, conversamos com Marcelo Beraldo, diretor de festivais da C3 na América do Sul, e Leca Guimarães, diretora internacional de festivais na mesma empresa, para saber mais sobre os desafios para colocar de pé um festão deste tamanho.

Jota Wagner: O Lollapalooza brasileiro mudou de mãos para a edição 2024. O que isso significa em termos de infraestrutura e curadoria?

Marcelo Beraldo: Uma das minhas principais funções é cuidar para que o Lolla mantenha sua identidade global. Claro que sempre trazemos novidades, fazemos adaptações locais e gostamos de atualizar o evento, mas em termos de infraestrutura não haverá muitas novidades. Os palcos continuam onde sempre estiveram, por exemplo, e a música continuará sempre sendo o mais importante.

Leca Guimarães: O Lollapalooza é um festival internacional que mantém suas bases e conceitos em todo país que atua. Obviamente, questões legais e a cultura são levados em conta e o evento se regionaliza, mas a chegada de um novo produtor não altera a qualidade de um dos festivais mais tradicionais de São Paulo.

Como fazer algo diferente em uma cenário cheio de festivais, caso do Brasil pós-pandêmico?

Beraldo: Acho que o Lolla é um festival que apresenta muita música boa, estrelas globais em ascensão coexistindo com clássicos consagrados e muita diversidade e quantidade de atrações. É impossível acompanhar tudo que acontece nos quatro palcos e as várias ativações.

Muitas pessoas reclamam que não conseguem acompanhar todos os shows que queriam, mas é exatamente essa sensação de perda que faz os fãs voltarem ano após ano (risos). E nunca perdemos o foco principal, que é a música, os artistas e a interação com os fãs. O resto é acessório.

Leca: O foco é a música, então oferecer um lineup memorável que atenda às expectativas do público é a prioridade. No entanto, não podemos esquecer da importância de uma boa infraestrutura, sustentabilidade, comunidade, tecnologia e todos os elementos que contribuem para proporcionar uma experiência positiva. Além disso, é fundamental acompanhar as tendências e as boas práticas do mercado.

Como é a relação com o poder público nas negociações de um festival deste tamanho? Prefeitura e governo de São Paulo estão abraçando eventos deste porte?

Beraldo: O Lolla está em sua 12ª edição, talvez seja o festival mais longevo da cidade. Então acho que todos já aprenderam a lidar com ele, e principalmente, ele aprendeu a lidar com todos. É uma relação de perfeita simbiose.

 O ano de 2023 trouxe surpresas desagradáveis aos produtores de festival. Temperaturas extremas, tempestades e até mesmo problemas de segurança no interior dos eventos. Como o Lolla está se preparando para isso?

Beraldo: O Lolla conta com uma equipe de segurança altamente treinada em todas as eventualidades que se possa imaginar. É uma equipe que vem de fora e trabalha junto com as equipes locais. Claro que já tivemos problemas, como evacuações, tempestades de raio… Todos estão sujeitos a isso, mas confio plenamente nos meus colegas e na experiência de muitos anos e muitos festivais pelo mundo.

Leca: O Lollapalooza utiliza sua experiência internacional para contribuir com diversas soluções no mercado nacional. Teremos waterstations espalhadas por todo o Autódromo para que o público possa se hidratar e se proteger gratuitamente, além de áreas de sombra e outras comodidades.

O festival também foi pioneiro na criação de processos de evacuação e retorno em caso de tempestades. Para garantir a segurança e o bem-estar do público, o Lolla dispõe de profissionais de saúde e bombeiros prontos para agir caso alguém não se sinta bem.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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