Lollapalooza Brasil Foto: Divulgação

De 2012 a 2023: relembre todas as edições do Lollapalooza no Brasil

Jota Wagner
Por Jota Wagner

País aproveitou a decisão do festival em se expandir para a América do Sul, e se tornou a maior casa da região

20 anos após sua criação (como um pequeno festival de despedida da banda Jane’s Addiction, nos Estados Unidos), a direção do Lollapalooza, já consolidado como grande festival de música pop, decidiu esticar seus tentáculos até a América do Sul.

O primeiro país destas bandas a receber o Lolla foi o Chile, em 2011. E já no ano seguinte, em 2012, foi a vez do Brasil entrar para o calendário anual do rolê. Afinal, sua primeira edição juntou 70 mil pessoas no Jockey Club, em São Paulo, para assistir a um line-up bastante rockeiro, afinado com as raízes do papai americano.

O primeiro Lollapalooza no Brasil

Lollapalooza Brasil

Imagem: Reprodução

O grande destaque foi a vinda de Joan Jett & The Blackhearts, além de um Foo Fighters na crista da onda. Mas o evento também teve nomes como Cage The Elephant e TV on the Radio. Entre os brasileiros, tocaram desde de Marcelo Nova e Wander Wildner (ex-Replicantes), até O Rappa e Plebe Rude. Começava assim, com alguns problemas de organização e excelentes shows de rock, a história do Lollapalooza no Brasil.

A partir do pontapé inicial, o Lolla se estabeleceu de vez no país, batendo recordes de público a cada ano. Hoje, o festival já passa da casa das 300 mil pessoas, distribuídas em três dias.

Saiba como foram todas as outras edições do Lollapalooza Brasil, ano a ano!

2013: Rock alternativo e “Lamapalooza”

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O segundo Lolla em terras brasileiras seguiu conceitualmente a edição de estreia, focada no rock alternativo, alinhada com os line-ups de outros festivais gringos, e ainda no Jockey Club que, vamos combinar, era o único espaço possível em São Paulo para festivais que ainda não tinham público o suficiente para ocupar um autódromo inteiro. Não foi onde corriam os automóveis, mas os cavalos.

Quando a chuva castigou, foi justamente a estrutura “hípica” do local que causou problemas. A mistura de areia das pistas, grama e cocô de cavalo dificultou a vida de quem esteve presente.

Já no line-up, o rolê não fez feio. Trouxe ao país a nata do rock alternativo mundial, que na época bombava nas rádios: Black Keys, Queens Of The Stone Age, Cake, Franz Ferdinand, Two Door Cinema Club… Coisa fina. Perry Farrell, criador do festival, veio discotecar. E arrebentou!

2014: Adeus, Jockey Club!

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A charneca em que se tranformou o espaço do Jockey Club no ano anterior fez com que a produção brasileira optasse pela mudança de lugar em 2014. E, embora Interlagos ainda fosse muito grande para as 80 mil pessoas que o Lollapalooza juntou naquele ano (hoje, são mais de cem mil por dia), serviu como um alívio para quem já tinha frequentado as edições anteriores.

Conceitualmente, o Lolla ainda seguia fortemente voltando ao indie rock, mas já começava a beliscar um pouco do pop que, mundialmente, tomava o lugar das bandas no coração dos mais jovens. Ainda assim, o festival teve Imagine Dragons, Pixies, Portugal. The Man, Julian Casablancas, Arcade Fire e Soundgarden. Potente!

2015: Robert Plant e Jack White

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Já estabelecida no Autódromo de Interlagos, a edição de 2015 mostrou que a curadoria do Lolla queria que os brasileiros soubessem: “somos grandes”. A edição meteu nada menos que Robert Plant, ex-vocalista do Led Zeppelin, como headliner. Chamou também Jack White (que, na edição argentina do mesmo ano, tocou uma música com Plant), a gênia St. Vincent e Alt-J.

Mas o grande salto da edição foi mesmo com o povo da música eletrônica. Pela primeira vez, as atrações se apresentavam em palcos, e não tendas. E o line-up foi pesadão, com direito a Disclosure, deadmau5 e Calvin Harris.

O Lollapalooza 2015 também provou que estava de olho na nova cena de rock independente brasuca midstream. Baleia, Boogarins, Mombojó, Far From Alaska, O Terno e Scalene tiveram a oportunidade de mostrar que servem, também, para palcão.

2016: Oficialmente, um festivalzão

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O ano de 2016 ficou marcado como o do amadurecimento do Lollapalooza no Brasil, em sua quinta edição. Público de 160 mil pessoas e a infraestrutura consolidada, meio que nos moldes do que a gente verá agora em 2024. Em dois dias de festa, uma caractéristica ainda a amarrava aos anos anteriores: a presença rockeira dos headliners.

Nesse ano, comandaram os palcos nomes como Florence and the Machine, Noel Gallagher, Alabama Shakes, Twenty One Pilots e Tame Impala. Eminem veio, Snoop Dogg cancelou. E Marina and the Diamonds, que havia cancelado no ano anterior, apareceu com louros, fechando um dos palcos principais no sábado.

2017: Metaaaaal

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Pela primeira vez no Lolla brasileiro, uma banda de metal foi a grande atração. E a responsa coube, claro, ao Metallica. Outro destaque de público foi o palco eletrônico, abarrotado durante os dois dias de evento, que bateu o recorde de 190 mil pessoas, comprovando que o Lollapalooza só crescia no Brasil.

Assim como nos anos passados, as pessoas reclamaram da distância entre os palcos, problema que até hoje parece impossível de resolver, já que a quantidade de gente só aumenta. Além do Metallica, The Strokes e The Weeknd foram os outros grandes nomes do rolê. Entre os brasileiros, Céu, Criolo e BaianaSystem mostraram ao público a potência da música nacional.

2018: A estreia do terceiro dia

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Para absorver mais gente, pela primeira vez o festival teve três dias de evento, começando na sexta-feira e indo até o domingo. A ação rendeu cem mil pessoas por dia em Interlagos e, para justificar a expansão, o Lollapalooza entregou um dos mais estrelados festivais de sua história por aqui.

David Byrne, The National, Red Hot Chili Peppers, Royal Blood, Lana Del Rey, Pearl Jam… Foi uma loucura! Também pela primeira vez, o festival começou a agregar o conceito de “experiência”, transformando Interlagos em uma mistura de festival de música, parque de diversões e shopping center.

Mostrando também que não queria treta com a mamãe Gallagher, o Lolla trouxe Liam, um ano depois do irmão Noel.

2019: Rock cansado

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O line-up de 2019 começou a dar mostras de que o indie rock estava perdendo suas forças. Dentre as principais atrações, quase todas eram repetições de edições anteriores, como Kings of Leon, Arctic Monkeys, Twenty One Pilots e Portugal. The Man. De novidade, vieram Lenny Kravitz e The 1975. Pela primeira vez, o festival teve um público menor do que o do ano anterior: 246 mil pessoas.

Se faltaram novidades rockeiras, no entanto, sobrou para a diversidade e para a mulherada. Liniker e Silva estrearam no Lolla Br, que ainda teve as brasileiras Duda Beat e Letrux mandando bem!

2022: Retorno, ativismo e brasileiros

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Depois de dois anos parados graças à zica da pandemia, o Lollapalooza voltou a Interlagos com recorde de público (mais de 300 mil pessoas) e artistas (brasileiros e internacionais) na força do ódio. A revolta pelas 700 mil mortes causadas pela Covid-19, impulsionadas pela inanição de um governo negacionista, não ficou barato, e fez parte do discurso de muitos artistas.

A edição também teve a triste notícia do cancelamento de última hora do Foo Fighters, devido ao falecimento de Taylor Hawkins em um quarto de hotel de Bogotá, logo após a edição colombiana.

Djonga, Emicida, Jup do Bairro, Jão, Pabllo Vittar e Rashid foram os brasileiros que desceram a lenha na situação, além de fazerem ótimos shows. Atração de última hora, Planet Hemp + convidados veio para ocupar o lugar de honra do Foo Fighters, fechando o domingo.

O line-up gringo também consolidou o pop, a música eletrônica, o rap e o R&B no time de frente. Martin Garrix, Miley Cyrus, A$AP Rocky, Doja Cat e Machine Gun Kelly deram o tom, junto com o sensacional (e lotadíssimo) show do Black Pumas.

2023: O ano de Rosalía e Billie Eilish

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Enquanto muitos sofriam com mais repetições no line-up, principalmente para a já saudosa turma do rock, as novas divas pop tomaram a frente do festival com ótimos shows. Rosalía (que recebeu Gloria Groove no palco) mandou ver, assim como Billie Eilish. Lil Nas X, que tocou antes, também foi muito elogiado.

Um montão de brasileiros, no entanto, mostrou que a música da casa anda bem e vende ingresso. Ludmilla, Black Alien, Baco Exu do Blues e — olha só — Os Paralamas do Sucesso se destacaram.

A entrada do Paralamas, aliás, já anunciou uma tendência de reverência aos nomes clássicos da música brasileira. Programado para este final de semana, o Lolla 2024 tem Gilberto Gil e Titãs como headliners.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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