Róisín Murphy Foto: Reprodução/Internet

De Moloko a “Hit Parade”: saiba mais sobre Róisín Murphy, atração do Primavera Sound São Paulo

Roberta Cunha
Por Roberta Cunha

Uma breve retrospectiva da obra da cantora e compositora irlandesa

No mundo vibrante da música de pista, Róisín Murphy se destaca como uma verdadeira camaleoa sonora. Do Moloko, seu primeiro projeto formado com o então namorado, o britânico, Mark Brydon, até os dias de hoje, em que lançou seu mais novo álbum solo, Hit Parade, a cantora e compositora irlandesa tem uma trajetória sólida, em que tanto fez ferver as pistas de dança, quanto tocou corações por todo o planeta.

Abaixo, mostramos um pouco de toda a bagagem que ela traz ao Primavera Sound São Paulo, que rola nos dias 02 e 03 de dezembro, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo.

Sim, a gente falava errado o tempo todo. Róisín Murphy ensina a pronunciar o seu nome

Moloko, o começo de tudo

Formado em 1994, em Sheffield, Inglaterra, o Moloko foi o resultado da união criativa entre Róisín Murphy e Mark Brydon. A dupla, que se conheceu em uma festa, criou um som único, que misturava elementos de trip hop, dance, funk e eletrônica.

O nome “Moloko” foi inspirado na palavra russa para “leite”, uma referência ao filme Laranja Mecânica, clássico de Stanley Kubrick, de 1971. Seu primeiro álbum, Do You Like My Tight Sweater? (batizado em homenagem a uma das primeiras perguntas que Róisín fez a Mark), lançado em 1995, já demonstrava a abordagem experimental e o senso de humor peculiar que se tornariam marcas registradas do duo.

Em destaque, temos a faixa Fun For Me, que foi bem recebida tanto pela crítica quanto pelo público e  ganhou destaque nas paradas musicais. O videoclipe, com estética visual inovadora e cenas memoráveis, também contribuiu para o seu sucesso.

A música foi inclusive destaque na trilha sonora do filme Batman & Robin, de 1997, o que ajudou a aumentar sua popularidade e reconhecimento.

Com o lançamento de I Am Not a Doctor, em 1998, a dupla começou a ganhar reconhecimento mundial, especialmente com Sing It Back. O remix de Boris Dlugosch se tornou um hit global, consolidando o nome Moloko para as massas.

O terceiro álbum, Things to Make and Do (2000), trouxe um som mais orgânico e acústico, destacando sucessos como The Time Is Now e Pure Pleasure Seeker. A obra alcançou o topo das paradas no Reino Unido e recebeu disco de platina.

Em 2003, o Moloko lançou Statues, que explorava temas mais sombrios e apresentava uma sonoridade mais sofisticada. Apesar do sucesso de faixas como Familiar Feeling e Forever More, o trabalho marcaria o fim da jornada do projeto, com Murphy e Brydon seguindo caminhos distintos em suas carreiras solo.

Carreira solo, uma jornada de inovação

Em jornada individual, Róisín Murphy manteve seu espírito inovador, explorando novas facetas sonoras. Sua estreia solo, Ruby Blue, de 2005, foi um mergulho audacioso no experimental, no qual jazz e eletrônica se entrelaçavam em uma dança sonora. A produção de Matthew Herbert deu ao álbum uma textura única, e faixas como Sow Into You e If We’re in Love destacaram a versatilidade vocal da artista.

Sua evolução musical foi evidente com a chegada de Overpowered, em 2007. O LP trouxe uma sonoridade mais pop e acessível, flertando com a disco e o electro-pop. Era um convite às pistas de dança, com letras astutas e uma produção impecável. Faixas como Overpowered e Let Me Know conquistaram as paradas, e o disco recebeu aclamação da crítica, solidificando a posição da cantora no primeiro pelotão.

Após um período de pausa, Róisín retornou em 2015 com Hairless Toys, um trabalho introspectivo e sofisticado que mergulha na pop art e no nu-disco, com faixas variando entre o atmosférico e o dançante. Exploitation e Gone Fishing foram destaques, e o disco recebeu uma nomeação para o Mercury Prize, um dos prêmios mais importantes da música britânica.

A jornada de exploração musical continuou com Take Her Up to Monto, em 2016, que mostrou diferentes facetas da irlandesa, variando do experimental ao pop, e foi recebido calorosamente pela crítica. Mastermind e Ten Miles High exemplificam a sua diversidade.

Em 2020, a cantora presenteou os fãs com Róisín Machine, um disco repleto de energia e coesão que se tornou sucesso instantâneo, com faixas como Murphy’s Law e Something More dominando as pistas de dança.

Última parada, Hit Parade

Hit Parade não é apenas um álbum, é uma experiência. Cada faixa é uma viagem por diferentes paisagens sonoras, mostrando que Murphy ainda tem muitos truques na manga. A colaboração com DJ Koze adiciona uma camada extra de complexidade e inovação, fazendo da obra um prato cheio para os amantes da música eletrônica.

A sinergia entre os dois é palpável, criando um som que é ao mesmo tempo familiar e surpreendente. É como se cada batida e cada nota tivessem sido meticulosamente pensadas para nos fazer dançar e refletir.

As letras do álbum abordam temas como amor, perda, autoconhecimento e o mundo em constante mudança. A voz de Róisín, como sempre, é um dos destaques, com sua potência e versatilidade.

Lançado em 08 de setembro, o sexto álbum de estúdio da cantora foi aclamado pela crítica, com elogios à sua produção, às suas letras e à sua voz.

Para com essa modéstia, dona Róisín!

Fashionista

Para além da música, Róisín Murphy é conhecida por seu estilo audacioso e avant-garde. Seu gosto pela moda é tão eclético quanto sua música, misturando peças vintage com alta-costura, criando looks que são verdadeiras obras de arte.

Ela não tem medo de arriscar e experimentar, tornando-se uma musa para estilistas e fãs de moda ao redor do mundo. A artista já colaborou com designers renomados e marcou presença em semanas de moda, sempre surpreendendo com sua autenticidade e originalidade.

Róisín Murphy fala com Claudia Assef

Um beijo pro Brasil!

Os trechos de vídeo que você viu ao longo desta matéria são do papo que Róisín Murphy bateu com Claudia Assef para o programa Todo Mundo é DJ, publicado em maio de 2021. Veja a entrevista completa aqui.

Roberta Cunha

https://vimeo.com/robertacunha

Diretora de filme, diretora artística e pesquisadora de novas tecnologias. Mãe do Greg, seu grude de quatro patas, e head de audiovisual do Music Non Stop.

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