Letícia Fialho Aureum A cantora, compositora e multi-instrumentista Letícia Fialho. Foto: Divulgação

Conheça a Aureum, gravadora de house que aposta na potência das mulheres brasileiras

Music Non Stop
Por Music Non Stop

Fundada pelo duo carioca Bruce Leroys há seis meses, label vem se destacando pela grande quantidade de artistas do sexo feminino em seus lançamentos

Texto: Nicolle Prado

Foto: A cantora, compositora e multi-instrumentista Letícia Fialho. Divulgação

A realidade da indústria fonográfica ainda é bem desigual no que diz respeito a gênero. O mercado, afinal de contas, não se descola de uma sociedade que segue carregada de vícios machistas.

Dos quatro milhões de artistas cadastrados na base do Ecad, apenas 10% são mulheres. Entretanto, iniciativas importantes — como a própria WME —, aos poucos, vêm mudando esse cenário. Em 2022, por exemplo, foi obtido um aumento de 8% de cadastros comparados ao ano anterior.

Outro empreendimento para combater essa disparidade e dar luz a tantos talentos femininos que merecem ser celebrados, principalmente no cenário nacional, é a label Aureum.

Fundada pelos DJs e produtores Marcelo Abreu e Diogo Valle, nomes por trás do duo carioca Bruce Leroys, o selo surgiu com o objetivo de agregar no cenário eletrônico, com músicas elegantes pautadas na house, feitas para dançar e embaladas por um tempero brasileiro. Mas também vai além nesta proposta, ao mostrar que existem caminhos diferentes do que tem sido feito hoje dentro do mercado fonográfico nacional. Neste sentido, sua missão se alinha a estratégias de trazer o holofote a excelentes artistas nacionais, principalmente mulheres.

— Achamos que é muito natural a presença feminina na música, apesar de, infelizmente, os dados não confirmarem esse nosso pensamento. Talvez não consigamos mudar todo o mundo na velocidade que gostaríamos, mas a mudança começa dentro de nós, e procuramos fazer a nossa parte. Neste ano, tivemos uma linda trajetória com artistas femininas que muito nos honram. Temos muito orgulho de termos a [cantora, compositora e multi-instrumentista] Letícia Fialho conosco — diz Marcelo Abreu.

— Estamos sempre sendo abençoados com muitos talentos femininos, que correspondem a mais do que 65% dos lançamentos da Aureum até o momento. E a tendência é seguir em busca de mais — complementa Diogo Valle.

A história do selo ainda é bem recente, mas já é possível perceber em seu catálogo a fidelidade a este propósito. Em janeiro, antes mesmo da sua inauguração oficial, a dupla trazia o excepcional trabalho de Gal Costa, um dos ícones da música brasileira, a ser celebrado em uma de suas produções, apresentando um remix para a canção Flor de Maracujá, de 1984. A faixa acabou ganhando a assinatura da Universal Music, mas já indicava os caminhos a serem seguidos ao trazer o carimbo “Aureum Remix”.

Para a estreia da gravadora, realizada em 12 de maio, o protagonismo ficou por conta de dois remixes especiais — um do próprio selo, outro do francês Art of Tones — da faixa Tempo, de Bruce Leroys e Helora, original de 2020.

No quarto lançamento, a união de forças se tornou destaque com a parceria entre Bruce Leroys e Vivi Seixas, para juntos desenvolverem a produção da faixa Caixa Craniana, de ninguém menos que Fausto Fawcett — artista plural, mais conhecido como expoente do rap-rock e da literatura cyberpunk no Brasil.

Recentemente, a Aureum trouxe o frescor da nova música popular brasileira ao apresentar releituras envolventes da faixa Acaju, da jovem artista Augusta Barna. Através da poesia, voz e sentimentos, a atriz e cantora vem construindo uma trajetória brilhante.

Nas mãos do Bruce Leroys, a canção ganhou uma versão pautada na house, com um potencial dançante e de impacto nas pistas.

Neste mesmo propósito, se apresenta o último lançamento da label, o remix de Maravilha Marginal, de Letícia Fialho, que chegou às plataformas em 27 de outubro. A artista desenvolve um som que vem das ruas, misturando o afro-blues com MPB dos anos 70, com toques festivos de carnaval e a tranquilidade e paz do blues.

O encontro com a cantora vem da busca pela musicalidade do futuro com raízes do passado. Assim, viram o potencial que Fialho carrega, agregando e sendo um dos nomes que moldará a música brasileira — e, quem sabe, ao lado da Aureum.

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