Gal Costa Gal Costa. Foto: Karina Zambrana

Gal Costa nos deixa em um ano em que estava sendo repaginada pela turma da música eletrônica

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Ícone da MPB, a música de Gal Costa está no auge entre o público jovem, através dos remixes e das festas de “brasilidades”

O ano de 2022 estava sendo, para Gal Costa, de encontro com uma nova geração. Além de figurar como atração de grandes festivais como o Coala (onde fez sua última apresentação) e estar no line-up do gigantesco Primavera Sound, cujo show foi cancelado na última hora, a obra de Gal fez dois movimentos essenciais para um artista seguir relevante entre a garotada, recentemente.

Em alta há quase uma década, as festas dedicadas à música brasileira juntaram a nata da juventude antenada em todo o Brasil, e revisitam artistas essenciais (e também desconhecidos) em pistas de dança lotadas. O movimento das festas brasucas transformaram faixas da cantora em hits indispensáveis como, por exemplo, Barato Total, lançado em 2004, que tem uma versão turbinada pela Nação Zumbi.

A repercussão desta cena musical foi tanta que, em 2022, grandes figuras da MPB foram praticamente obrigatórias nas centenas de festivais que aconteceram no Brasil. O próprio Coala Festival, que aconteceu dias 1 e 2 de setembro em São Paulo, serve para iluminar este quadro: o evento reuniu Djavan, Gilberto Gil, Gal Costa, Maria Bethânea e Alceu Valença, além de dezenas de outras atrações de gerações mais recentes.

Além disso, produtores de  música eletrônica, também atenta a este  caso de amor entre a nova geração e a MPB, têm se debruçado sobre a obra da cantora para remixes de suas músicas mais propícias à pista de dança, levando Gal para um outro público, voltado para o novo, e igualmente jovem.

Durante sua apresentação no Rock In Rio 2022, a DJ e produtora musical Mary Olivetti preparou um remix especialmente para o show, da canção Flor de Maracujá, lançada originalmente em 1974 no disco Cantar.

Esta mesma música ganhará um remix oficial, lançado pelos também cariocas Bruce Leroys. A reinterpretação (que chega em três versões: radio, extended e dub) estava programada para ser lançada pela Universal dia 11 de novembro (próxima sexta-feira), mas foi adiada em decisão conjunta entre a gravadora e os produtores. “O lançamento foi adiado em respeito ao falecimento da Gal. Estamos arrasados com a notícia” – nos conta Marcelo, parte do Bruce Leroys.

Em 2020, Diogo Straus já havia lançado nas plataformas de streaming seu remix para Sublime, e diversos edits não oficiais circularam entre os cases dos DJs, trazendo Gal para o centro da pista de dança.

 

 

 

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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