Raquel Foto: Flora Negri/Divulgação

Cantora brasileira faz história como primeira trans negra a se apresentar na ONU

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Ex-integrante do grupo As Baías, Raquel se apresentou na cerimônia do Pacto Global da Organização das Nações Unidas

A música brasileira foi responsável por mais uma quebra de barreiras, desta vez na Organização das Nações Unidas. Na última quinta-feira, 14, Raquel se apresentou na sede da instituição, em Nova Iorque, durante a 68ª edição da Conferência Sobre a Situação da Mulher, que debate os direitos femininos a nível global. É a primeira vez que uma mulher trans e negra toca na sede da ONU.

A fundadora do grupo As Baías, indicada duas vezes ao Grammy Latino, apresentou três músicas: Que Bloco É Esse?, de Gilberto Gil, Volta por Cima, de Elza Soares, e Pagu, de Rita Lee. Veja um trecho abaixo:

 

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“Sou coordenadora do comitê de sustentabilidade do Pacto Global da ONU no Brasil, e também já participo como convidada há um ano e meio de tudo o que o Pacto faz. Já fui a Genebra duas vezes com o projeto, e três a Nova Iorque. É uma relação antiga, e achamos que a apresentação fazia muito sentido, agora que minha carreira musical está voltando”, contou Raquel ao Music Non Stop.

A cantora lançou seu primeiro single solo no dia seguinte à apresentação, sexta-feira, 14. Da Me Más une funk e reggaeton em um dance pop para lá de quente.

As Baías, que antes era conhecido como As Bahias e a Cozinha Mineira, lançou três álbuns em seus dez anos de vida. O trio, que ainda contava com Assucena Assucena e Rafael Acerbi, se conheceu na faculdade de história da USP, e comunicou seu fim no final de 2021, alegando a necessidade que cada integrante tinha de tocar seus projetos individuais.

A Raquel, tais projetos eram justamente a coordenação junto à ONU. A música, no entanto, voltou a pedir passagem, e no momento certo. Uma semana após o lançamento do novo single, a cantora já quebra uma importante barreira na sede da Organização.

O Pacto Global da ONU é uma iniciativa de adesão voluntária destinada a empresas e organizações que se comprometem a implementar princípios universais de sustentabilidade e tomar medidas concretas para apoiar o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Esse pacto foi lançado em 2000 pelo então Secretário-Geral, Kofi Annan, com o objetivo de mobilizar o setor privado em torno de valores fundamentais nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e combate à corrupção. Ele representa uma plataforma onde empresas podem se comprometer publicamente a adotar práticas comerciais responsáveis e a contribuir para o desenvolvimento sustentável.

O Pacto Global se baseia em dez princípios derivados de diversas declarações e convenções internacionais, incluindo a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a Declaração da Organização Internacional do Trabalho sobre Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho, a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, e a Convenção das Nações Unidas Contra a Corrupção.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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