Música na lua Foto: Ganapathy Kumar [via Unsplash]

Cápsula do tempo com músicas de 222 artistas é depositada na lua

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Espaçonave Odissey deixou uma bela discoteca na superfície lunar; ideia é resgatar o espírito de Woodstock e do Verão do Amor

Talvez, em algum próximo Lollapalooza, Primavera Sound ou Rock in Rio, você reconheça, dançando ao seu lado, humanóides com pele verde e grandes olhos negros, usando a camiseta de alguma banda que vai tocar no festival. Se deixarmos nossa imaginação ir mais além, logo veremos line-ups trazendo nomes como Foo Fighters (EUA), XRXZ’s (Vênus) e, quem sabe, Ziggy Stardust & The Spiders From MARS (sacou?).

O que nos permite tais predicções futuristas é saber que já está disponível para qualquer viajante interestelar ou mochileiro das galáxias, uma espécie de cápsula do tempo com músicas digitalizadas de Jimi Hendrix, Elvis Presley, Santana, Chuck Berry, Sly & the Family Stone, Bob Marley, Janis Joplin, The Who e mais 214 artistas — tudo depositado na superfície lunar.

Caso a turma de aliens queira ir mais a fundo em suas pesquisas, registros sobre o festival de Woodstock ou do show Dark Side Of The Moon (Pink Floyd) também estão disponíveis. Portanto, já vai o aviso: é possível que a primeira banda alienígena a se apresentar na Terra apresente algo mais, digamos, orientado ao rock clássico.

Segundo a Billboard, pela primeira vez desde 1972, uma nave americana, a Odissey, tocou a lua. E deixou por lá, no último dia 22, uma caixa com extenso material sobre a nossa história.

“Esse museu de arte lunar abrange milênios, remontando a um fragmento cuneiforme sumério de notação musical até as batidas modernas de Timbaland“, diz a matéria, que ainda explica que a arca conta com outras obras de arte, como pinturas de Rembrandt e Van Gogh.

Idealizado pela empresa Space Blue, de Dallas Santana, em parceria com a Intuitive Machines e a SpaceX, de Elon Musk, o projeto foi pensado não só para extraterrenos, mas também para futuras civilizações que se formarem aqui mesmo na Terra em um mundo pós-apocalíptico. Importante também deixar documentos bem claros das gigantescas cagadas que aprontamos por aqui, desde o desrespeito climático até a bomba nuclear.

Segundo Santana, os artistas selecionados foram os que “passaram no teste do tempo”. A empreitada contou ainda com uma mãozinha da Melody Trust, empresa que detém os direitos autorais de diversos ícones do rock, resultando em um catálogo de mais de 25 mil músicas — incluindo algumas nunca lançadas. Com isso, o idealizador espera reviver o espírito da geração Woodstock.

“Trouxemos à lua o Verão do Amor, as pessoas, os artistas e as mensagens que agora mesmo são necessárias na Terra.”

Dallas também incluiu o documentário Refugiados Climáticos, de 2010, dirigido por Michael P. Nash. Sobre o projeto lunar, o diretor explica que “caso a gente se exploda com armas nucleares, um meteoro nos atinja, ou as mudanças climáticas nos varram do planeta, lá está um testamento da nossa história, repousando na lua”.

Seja com o pior dos cenários ou com a agradável visita de nossos vizinhos estelares a algum rolê no centrão de São Paulo para curtir uma festa, informação para trocar ideia na frente do boteco não vai faltar.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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