Voos Imagem: Reprodução

Seguir voos privados de celebridades está gerando polêmica e processos

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Seja por amor ou por terror, ação está começando a incomodar nomes como Taylor Swift, Elon Musk e Mark Zuckerberg

Em dezembro do ano passado, fãs brasileiros estragaram a visita surpresa de Beyoncé a Salvador. Antes mesmo de desembarcar, usuários de redes sociais já antecipavam sua chegada, graças ao acompanhamento de voos online, disponível gratuitamente em diversos sites. Os fãs mais espertos ligaram os pontos: havia um evento do filme da cantora na cidade, a “placa” de seu avião foi identificada voando para a capital baiana. Bingo!

A brincadeira se estende a todas as celebridades que possuem jatos privados. Beyoncé não tem um avião para chamar de seu, mas costuma alugar sempre da mesma empresa, o que possibilitou seu rastreamento. No entanto, a modinha, aparentemente inocente, está começando a incomodar.

A perseguição de voos dos famosos ganhou corpo graças a um estudante universitário americano chamado Jack Sweeney. O rapaz rastreia diariamente os itinerários de voos de artistas, celebridades e políticos. O objetivo de Sweeney não é o de causar frisson em fãs, mas mapear o quanto essas figuras emitem de poluentes praticando o luxo de viajarem sozinhas. Elon Musk, Mark Zuckerberg e Taylor Swift são alugmas das pessoas que têm os voos mapeados por Sweeney.

No entanto, suas contas são usadas também para antecipar para onde cada um está viajando, mesmo quando essas viagens tratam apenas de compromissos pessoais.

Recentemente, advogados de Swift ameaçaram processar o estudante, alegando invasão de privacidade. A equipe da cantora usa, na intimação, os mesmos argumentos de Musk: o mapeamento representa, a eles, risco de vida, já que um possível assassino ou terrorista teria ferramentas para um ataque.

Elon e Zuckerberg, por conta própria, baniram Jack de suas redes sociais. Um processo judicial movido pelo universitário para recuperá-las segue em andamento. O proprietário do X chegou a oferecer cinco mil dólares “por fora” para convencê-lo a parar de seguir seus voos. O objetivo do rapaz, que recusou a oferta, é que ricaços parem de usar voos privados.

Os dados relativos a todos os voos que partem de aeroportos comerciais são públicos, sendo acessadas desde companhias aéreas a agências de viagens, por parentes ansiosos pela chegado de alguém querido.

Fãs podem ser chatos. A nação que financia um artista gastando dinheiro com shows e produtos relacionados ao objeto de sua obsessão pode, algumas vezes, ultrapassar a linha do bom senso em relação à privacidade dos artistas. Os chamados paparazzis, que acampam em árvores próximas às mansões das celebridades em busca de um clique exclusivo para vender a jornais e revistas de fofoca, foram os responsáveis pela morte da Princesa Diana em 1997, vítima de um grave acidente automibilístico fugindo de fotógrafos ao lado do amigo Dodi Fayed, seu motorista Henri Paul e um guarda-costas, Trevor Rees-Jones. Com exceção de Rees-Joes, todos faleceram.

Muitos defendem, porém, que celebridades são vítimas de monstros criados por elas mesmas, já que precisam de exposição na mídia para capitalizar com suas imagens. Não à toa, são chamadas de “pessoas públicas”.

Os limites entre os dois extremos estão sendo novamente discutidos pelas autoridades estadunidenses.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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