Livramento Justin Timberlake e Britney Spears. Foto: Reprodução/Internet

De Britney Spears a Metallica: 5 grandes “livramentos” da história da música

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Não é só no mundo das celebs que o “livramento” traz uma nova perspectiva de vida. Rompimentos definitivos também salvaram a carreira de vários músicos

A risada aliviada de Bruna Marquezini ao responder, durante uma entrevista para o programa De Frente com Blogueirinha, no último dia 31, viralizou. Afinal, apesar de não citar nomes, foi unânime a suposição de que a gargalhada se referia ao ex mais famoso, Neymar.

Terminar a relação tem diferentes fases. A fossa, os “porres tristes”, como canta Tatá Aeroplano na música Na Lucidez, e o rompimento emocional definitivo. Aquele momento em que você olha para o ex e se pergunta: “Deus do céu, o que é que eu via de bom nesse ser?!”.

A incineração do encosto perpetrada no campo emocional acaba abrindo caminhos para novas perspectivas na vida — e, muitas vezes, removendo a âncora que segurava o barco.

No mundo da música, existem vários casos em que o livramento salvou a carreira de artistas. Conheça cinco dos mais expressivos:

Rita Lee e Os Mutantes

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Os Mutantes. Foto: Reprodução/Internet

Depois de romper sua relação com Arnaldo Baptista, Rita Lee deixou a banda de rock brasileira Os Mutantes, sob desconfiança do público, da crítica e dos próprios colegas de banda, que acreditavam que a cantora não tinha capital suficiente para uma carreira solo.

Rita levou o conceito de livramento ao pé da letra. Nunca mais tocou no assunto em entrevistas e tratou o caso com superficialidade em sua autobiografia. Rejeitou, também, propostas de reuniões do grupo e participação em documentários. Deletou. Riscou do mapa.

Ao contrário da expectativa geral, Rita Lee assumiu o comando da música pop a partir de então, se transformando em um dos maiores ícones da música brasileira.

Michael Jackson e o pai

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Michael Jackson e o pai, Joe Jackson. Foto: Reprodução/Internet

O empresário musical Joe Jackson era mais tóxico que uma sopa de Césio 137 servida no chão de um banheiro de rodoviária. Abusava emocionalmente e fisicamente dos filhos, a ponto de “acompanhar os ensaios do Jackson 5 com um cinto na mão, prestes a bater em quem errasse uma nota” — como contou Michael Jackson no documentário This Is It.

Cego pelo sucesso, e com um mandioca brava no lugar do coração, Joe era tão obcecado que só topou ser entrevistado pelo Fantástico, da TV Globo, após a morte do filho, se a emissora aceitasse promover um novo trio feminino que ele estava empresariando.

Então com 21 anos de idade, Michael demitiu o pai formalmente em 1979, durante o lançamento do álbum Off The Wall.  O disco posterior, Thriller, saiu em 1982, e foi o maior sucesso de vendas de sua carreira, além de um divisor de águas para o cantor.

Britney Spears e Justin Timberlake

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Justin Timberlake e Britney Spears. Foto: Reprodução/Internet

In The Zone, o quarto e icônico álbum da carreira de Britney Spears, chegou às lojas um ano após sua separação com o astro Justin Timberlake. A cantora precisou dedicar seis meses de fossa para compor o disco — cujo maior sucesso, vejam só, se chama Toxic.

Britney acusa Justin de a ter usado como “munição” para gravar seu primeiro álbum solo e, depois disso, terminado com ela por mensagens de texto. O jogo virou, fazendo com que Spears se tornasse a primeira mulher a ter quatro músicas do mesmo álbum nas paradas da Billboard.

Metallica e Dave Mustaine

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Metallica. Foto: Reprodução/Internet

Em 1983, conviver com Dave Mustaine era impossível para os demais integrantes do Metallica. Em decisão conjunta, três pés atingiram simultaneamente a bunda do guitarrista, expulso da banda para nunca mais voltar. Dave era um típico “bad drunk”, violento quando abusava do álcool, o que não era raro.

A partir daí, a banda voou, extrapolando o universo do metal e se transformando em um estrondoso sucesso também para pessoas de outros universos musicais.

Em 2021, Mustaine falou sobre o assunto em entrevista à Rolling Stone americana: “Entendo por que eles não queriam se arriscar comigo quando havia tanto rolando no Metallica. Mas, à época, eu queria ter ganhado uma segunda chance. Apenas, tipo, alguém dizendo, ‘Ei, Dave, você está bebendo demais, e por favor, pare de socar o cantor na cara!’. Eu provavelmente teria ficado bem com isso”.

Fofo!

Ney Matogrosso e Secos & Molhados

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Secos & Molhados. Foto: Reprodução/Internet

“Queriam que eu usasse a boina do Che Guevara“, contou Ney Matogrosso ao UOL, sobre sua relação difícil com os demais integrantes da banda Secos & Molhados, responsáveis por dois discos perfeitos na história da música brasileira, entre 1973 e 1974.

As tretas eram constantes. O grupo não se sentia confortável com o pavônico apreço estético de Ney, que levou suas performances de palco a um estado de arte pura. Conrad e João Ricardo achavam que isso iria caracterizá-los como uma “banda de homossexuais”, segundo o cantor.

De saco cheio de tantas tentativas de castração, Matogrosso se livrou da banda e partiu em carreira solo, mantendo, para alegria geral da nação, suas roupas, sua dança e sua voz.

O Secos & Molhados até tentou seguir em frente, mas quem se consagrou com uma longa carreira de sucesso, foi Ney Matogrosso.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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