Eliane Dias - Empreendendorismo feminino Foto: Mario Bock/Reprodução

10 mulheres que vêm transformando o mercado cultural brasileiro

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Neste Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino, uma reflexão sobre como a indústria da cultura tem sido vanguarda quando o assunto é igualdade de gênero

Nos últimos tempos, a indústria cultural tem se mostrado uns dos mercados mais abertos para que mulheres assumam postos de liderança em empreendimentos de sucesso. Por iniciativa das profissionais do meio, discussões sobre o tema vêm reverberando em resultados que podemos sentir.

Caso, por exemplo do WME (Women’s Music Event), plataforma que objetiva a união entre profissionais do sexo feminino no mundo da música, de artistas à técnicas, de todo o Brasil, e que se desdobra em conferência e prêmio anuais.

Segundo Monique Dardenne, cocriadora do WME, “em 20 ou 30 anos, brincamos que vamos mudar nosso nome para People’s Music Event. Mas por enquanto, ainda há muito o que fazer”.

A plataforma surgiu em 2015.

“Na primeira edição do prêmio, tivemos 200 inscritas para concorrer. O evento do ano passado teve 3.800!”, continuou. O aumento exponencial revela o poder de amplificação possível em ações duradouras.

Uma das inovações mais bacanas do WME é o Selo Igual, usado por empresas que contratam o mínimo de 50% da equipe de mulheres. Para se ter uma ideia, o Brasil viu acontecer, em 2023, o primeiro festival com line-up 100% feminino (com todos os ingressos vendidos, diga-se), o Rock The Mountain.

“Instituições como ECAD e UBC abraçaram primeiro. Depois, tivemos as grandes gravadoras, e agora eventos. A luta agora é para aumentar o contingente feminino nas equipes técnicas”, segue Monique.

Obviamente, reparações históricas não são feitas em poucos anos, mas o que não tem faltado, no cenário musical, são foguetes na muralha do castelinho do patriarcado. Uma a uma, todas cairão.

Segundo pesquisa publicada pela União Brasileira dos Compositores, as autoras e interpretes mulheres recebem menos de 10% dos direitos autorais pagos pela indústria da música anualmente. Ainda assim, o próprio estudo revela que a participação vem aumentando, de forma constante, todos os anos.

Para provar que a luta tem gerado resultado no país, listamos, neste Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino, dez empreendedoras de sucesso na cultura brasileira.

Aíla (11:11 ARTE)

Empreendendorismo feminino

Aíla. Foto: Divulgação

A belenense Aíla de Nazaré Campos Magalhães, mais conhecida como Aíla, é uma cantora, compositora, curadora e empresária brasileira. Destaque do cenário nortista há 15 anos, ela é cofundadora da 11:11 ARTE, empresa que faz toda a sua gestão de carreira e criou, em 2017, o pioneiro Festival MANA, que debate o protagonismo feminino no mercado musical.

Alana Leguth (KondZilla/HERvolution)

Empreendendorismo feminino

Alana Leguth. Foto: Divulgação

Sócia-diretora e cocriadora da maior plataforma de funk brasileiro — a KondZilla —, Alana Leguth sempre preferiu por um discreto trabalho de bastidores, deixando o marido, Konrad Dantas, como o rosto do canal. Quando lançou a HERvolution, braço do selo destinado a dar espaço e protagonismo às artistas de estilos como funk, rap e trap, passou a aparecer mais.

Ana Garcia (Coquetel Molotov)

Ana Garcia - Coquetel Molotov

Ana Garcia. Foto: Hannah Carvalho/Divulgação

A radialista Ana Garcia é uma das pioneiras dos festivais brasileiros. Baseado em Recife, o Coquetel Molotov está há 20 anos no mercado e se tornou, além de rolê, uma feira de negócios destinada a impulsionar artistas e profissionais do cenário independente brasileiro.

Bia Nogueira (Festival IMuNe)

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Foto: Reprodução/Internet

Multiartista, produtora e empresária, Bia Nogueira é uma das sócias do Festival IMuNe, que neste ano chegou à sua quinta edição, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Por sua atuação no mercado musical, foi eleita Profissional do Ano pelo Prêmio SIM, em 2020.

Claudia Assef e Monique Dardenne (WME)

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Claudia Assef e Monique Dardenne, criadoras do WME. Foto: Divulgação

A dupla dinâmica do WME conseguiu espalhar os tentáculos de seu projeto através de diversas ações, sempre dedicadas à igualdade de oportunidades para as profissionais. Dão consultoria para line-ups de festivais, criaram o Selo Igual, fazem prêmio, conferência e ainda administram a plataforma online, que une mulheres de todo o país.

Eliana Iwasa (Grupo CAOS)

DJ Eli Iwasa - Empreendendorismo feminino

Eli Iwasa. Foto: Divulgação

Eli Iwasa começou a carreira como promoter de uma das noites mais legais do Lov.e Club, a Technova, em 1999. Alguns anos depois, mudou-se para Campinas e assumiu a missão de fomentar o cenário de música eletrônica da cidade. Hoje, a DJ é um dos destaques empresariais na cena nacional como uma das sócias do Grupo CAOS e seus cinco empreendimentos: CAOS, Club 88, Galerìa 1212, Písta 2002 e Gate 22.

Eliane Dias (Racionais MC’s/Boogie Naipe)

Eliane Dias - Empreendendorismo feminino

Foto: Mario Bock/Reprodução

Mais conhecida por ser a empresária dos Racionais MC’s, Eliane Dias é a mulher à frente da Boogie Naipe, empresa que gerencia a carreira de artistas, em especial da música negra, e com muita mina em seu casting. Produz, também, eventos de alto potencial transformador, como a Boogie Week, que discute a cultura afro durante uma semana, na cidade de São Paulo.

Fabiana Batistela (SIM São Paulo)

Empreendendorismo feminino

Foto: Divulgação

A SIM São Paulo é o maior encontro brasileiro de artistas, produtores e gravadoras. Além de discutir soluções para o cenário musical brasileiro, também apresenta showcases espalhados pela cidade, com o objetivo de promover novos talentos. Uma das cabeças idealizadoras do projeto é Fabiana Batistela.

Jaqueline Fernandes (Festival Latinidades)

Empreendendorismo feminino

Foto: Divulgação

Artista, jornalista, ativista e especialista em gestão de políticas públicas em gênero e raça do Distrito Federal, Jaqueline Fernandes atua há mais de duas décadas na gestão cultural. Reitora da Universidade Aberta Afrolatinas e presidente do Instituto Afrolatinas, é fundadora e diretora geral do Festival Latinidades.

Míria Alves (Todas Podem Mixar/Groovetown)

Empreendendorismo feminino

Míria Alves. Foto: Reprodução/Facebook

Com dez anos de carreira, a DJ e empresária Míria Alves é uma das referências femininas da cena hip-hop brasileira. À frente do projeto TPM – Todas Podem Mixar, realiza diversas oficinas e ações para ensinar a arte da discotecagem a mais mulheres. Antes disso, já havia criado a produtora Groovetown, destinada a projetos musicais para artistas do sexo feminino.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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