Antonio Peticov Antoniop Peticov. Foto: Divulgação

Guru do rock e da Tropicália, Antonio Peticov abre exposição inédita em São Paulo

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Celebrando 77 anos e retratando montanhas pelo mundo, artista presente nas mais importantes revoluções culturais brasileiras apresenta Montanhas Sagradas e Transcendências

A história de vida de Antonio Peticov é sensacional. Cofundador da banda Os Mutantes, o pintor circulava meio que como um guru psicodélico da classe artística da virada dos anos 70. Uma espécie de Thimoty Leary brasileiro.

Dizem que foi a primeira pessoa a trazer o alucinógeno para o Brasil, ao voltar de Londres, a ponto de ser um dos primeiros capturados pela polícia, ficando 70 dias preso no extinto Carandiru.

Causos do rock’n’roll à parte, Peticov sempre brilhou no mundo das artes plásticas. Integrou a vanguarda da arte paulistana a partir de meados dos anos 60, com a turma do Teatro Arena. Após suas experimentações psicodélicas, se dedicou a temas como a Seção Áurea e a Geometria Sagrada.

Estava entre os Tropicalistas quando tudo começou. Depois da treta com a detenção, se mandou para Londres, depois Milão e, quando a arte nova-iorquina fervia, em 1986, partiu para lá, retornando ao Brasil somente em 1999.

Antonio Peticov

Antonio Peticov. Foto: Divulgação

São Paulo terá o prazer de deleitar-se com a nova viagem matemática de Antonio Peticov, em uma exposição chamada Montanhas Sagradas e Transcendências.

Para celebrar seus 77 anos, o artista preparou 17 telas, retratando montanhas ao redor do mundo. Aliás, “Antonio” e “Peticov” têm sete letras, cada.

A exposição começa no sábado, dia 11 de novembro, e vai até 15 de dezembro, na galeria Estufa, na Vila Madalena.

“A exuberância de algumas das mais icônicas montanhas da Terra tem sido, frequentemente, uma enorme fonte de inspiração para mim”, explica Peticov, através da sua assessoria de imprensa.

“Tenho usado paisagens diurnas como uma analogia ao Plano Humano (a Consciência) e paisagens noturnas, com o céu estrelado, como o Plano Divino (Inconsciente), sendo que, em geral, as montanhas comparecem como um traço de união transcendendo essas duas realidades. Coincidentemente — ou quem sabe, sincronicamente — venho a exibir essa série de pinturas em uma exposição muito apropriadamente intitulada MONTANHAS SAGRADAS E TRANSCENDÊNCIAS, em um momento quando percebemos o quanto a espécie humana precisa, urgentemente, transcender velhos e ultrapassados conceitos que estão nos conduzindo a uma rápida e inexorável destruição.”

As faces de Peticov

Pintor, escultor, desenhista, gravurista, hológrafo e programador visual, Antonio Peticov vem expondo desde 1965, com destaque para suas participações nas IX, X e XX Bienais de São Paulo, assim como individuais no MASP, em 2003, e no MAM, do Rio de Janeiro, em 1978.

Isso sem mencionar uma centena de exposições em algumas das melhores galerias de arte da Itália, Holanda, Japão, EUA, Chile, França, Suíça, Alemanha, México, Bulgária, Inglaterra, Bélgica, Uruguai, Coreia e Brasil. Fez instalações ambientais e murais na Itália, Suíça, Estados Unidos e no país natal. Foi presidente da Cooperativa dos Artistas Visuais do Brasil entre 2003 e 2007.

É membro da North American Lewis Carroll Society e é um dos “Friends of Martin Gardner”. Fundou e dirigiu o NAC – Núcleo de Arte Contemporânea entre 1999 e 2006. Autor de três documentários em curta metragem sobre sua obra, tem 12 livros sobre o seu trabalho já publicados. Especializou-se em Geometria Sagrada e na Seção Áurea, imprimindo ao seu trabalho um forte caráter matemático. Depois de viver 29 anos entre Londres, Milão e Nova Iorque, em 1999, Peticov retomou residência em São Paulo, cidade que abriga diversas de suas obras públicas.

Seu trabalho foi difundido mundialmente através de capas de discos e de livros, assim como calendários, cartões postais e pôsteres, geralmente associados às suas mostras. No Instituto de Arte e Cultura Antonio Peticov, ele tem recebido grupos interessados em sua obra, desenvolvendo dinâmicas de criatividade espontânea, dando particular atenção àqueles que envolvem o processo criativo com crianças.

Em 2022, participou do projeto Arte no Metrô, inaugurando as obras Mitocôndria, A Conexão e A Passagem, na Estação Vila Madalena, da Linha 2-Verde, em São Paulo.

Serviço

Montanhas Sagradas e Transcendências, de Antonio Peticov

Onde: Espaço Expositivo A Estufa – Rua Wisard, 53 – Vila Madalena/SP
Abertura: 11 de novembro de 2023, sábado, às 11h
Visitação: até 15 de dezembro, de segunda à sexta, das 11h às 17h; sábados, das 11h às 13h

Mais informações no site oficial do artista.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.