Dua Lipa Dua Lipa. Foto: Reprodução

Saiba mais sobre “Currents”, o disco do Tame Impala que “mudou a vida” de Dua Lipa

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Produção com Kevin Parker indica que novo álbum da cantora pop pode seguir caminho surpreendente

Dua Lipa se apaixonou por Tame Impala após ouvir o terceiro disco dos australianos, Currents, lançado em 2015.

Currents é a trilha sonora da minha vida. É um dos meus álbuns favoritos de todos os tempos. Ele mudou completamente a minha vida”, declarou a cantora inglesa com origens na Albânia em entrevista à rádio australiana Triple J.

Depois da seda devidamente rasgada, a diva convidou o frontman e responsável pela gravação de todos os instrumentos e mixagem da banda, Kevin Parker, para produzir seu próximo disco, ainda sem data para lançamento. No entanto, um belo aperitivo já pode ser degustado: o single Houdini, lançado no último dia 10.

Parker é parte do time de artistas “faz tudo”. Canta, compõe, toca todos os instrumentos e cuida da produção musical, garantindo um som único, e muito pessoal, ao seu projeto. Assim como fez Jack White, do White Stripes, ou Björn Ittling, do Peter Bjorn and John.

A capacidade de imprimir um rosto único ao som já lhe rendeu colaborações com Kanye West, Travis Scott, A$AP Rocky e Lady Gaga.

Houdini tem a cara do produtor. Um sabor do último álbum do Tame Impala, Slow Rush (2020) — momento em que o grupo australiano flerta mais com o R&B e o indie dance. Mas o disco virador de chave para Dua Lipa foi o anterior, Currents, mais lento, sujo e psicodélico.

A cantora está no dilema: sigo na fórmula que vem dando certo ou tento algo diferente? Seu segundo álbum, Future Nostalgia, de 2020, foi bastante elogiado pela crítica ao trazer ao mundo um pop maduro, calcado em sonoridades oitentistas. Mas tudo indica que a cantora optou pelo caminho mais desafiador em sua terceira obra de estúdio. E viu em Kevin Parker o farol para se guiar.

Currents

O terceiro LP do Tame Impala casa direitinho com os planos de Dua Lipa. Depois de conquistar o mundo alternativo com uma sonoridade saturada e experimental, Kevin conseguiu, em Currents, beliscar o pop, furar a bolha e enfiar o seu grupo no circuito dos grandes festivais mundiais.

Para os australianos, o álbum significou expressividade mundial. Para a diva pop, “sujar” seu som tem o objetivo de trazer reconhecimento artístico. Espere, portanto, um disco dançante, mas com sintetizadores fortes e detonados, sem soar indigesto ao fã teenager, mas agradando a quem está acostumado com alguma sofisticação. Mas não se engane: tudo voltado para os grandes palcos de festivais.

O encontro entre os dois artistas é de uma intersecção fascinante. É como se cada um viesse de um lado oposto, e se encontrassem em um café de beira de estrada.

Quando Currents foi lançado, Kevin Parker disse à NME:

“A pista de dança apareceu para mim. Tive um baita despertar. Era horrível. Eu pensava, ‘porque ninguem quer dançar o som do Tame Impala?’. A ideia de que minha música esvaziava a pista de dança me fez sentir que algo estava faltando em meu trabalho. Foi o momento em que eu disse ‘foda-se, eu quero fazer música para as pessoas dançarem'”.

Eis que, oito anos depois, o músico está trabalhando com Dua Lipa, sensação da música pop dançante.

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Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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