Quentin Tarantino Foto: Reprodução

Último filme de Tarantino pode ser uma retrospectiva de sua própria vida

Jota Wagner
Por Jota Wagner

The Movie Critic já tem data para o início das produções na Califórnia

Em 2025, iremos ao cinema com certas pontadinhas no coração para assistir ao último filme da carreira de Quentin Tarantino. Há tempos, o diretor vem avisando que vai pendurar as chuteiras com uma coleção de dez filmes, criptografados na história do cinema. Antes que você revise as contas, Kill Bill 1 e 2 são considerados uma obra só.

O homem por trás dos clássicos Pulp Fiction, Bastardos Inglórios e Era Uma Vez em Hollywood escolheu como roteiro de sua última obra, contar a vida de uma pessoa que existiu na vida real, embora não revele o nome.

The Movie Critic

Tarantino revelou que Brad Pitt fará parte do time de atores, mas que não gostaria que ele fosse o protagonista. O tal crítico de cinema, amigo oculto do diretor, era um cara que Tarantino “achava um bom crítico, cínico pra caramba. Escrevia sobre grandes filmes, mas era um cara do segundo escalão no meio. Morreu logo depois dos 30 anos, provavelmente de alcoolismo”.

Assim como Era Uma Vez Em Hollywood, The Movie Critic também será filmado em Los Angeles, terra natal de Quentin. Queria que a saideira fosse rodada na “capital mundial do cinema”, e o detalhe entrega nas entrelinhas, como de costume, um pouco mais sobre as suas intenções.

Um dos grandes diferenciais de Quentin Tarantino é a fusão de diretor e fã de cinema. As muitas referências que usa, explícitas ou escondidinhas nas cenas, vão desde cineastas e obras mais cultuadas quanto àquelas que entraram para o coração dos aficionados por cinema pelas vias do absurdo e da tosqueira, como os filmes de artes marciais, o faroeste espaguete ou o terror B. Tarantino já afirmou que, ao contrário de muitos outros colegas, assiste às próprias obras, várias vezes!

Fãs sempre procuram uma mensagem secreta em seus roteiros, chegando a teorias meio doidas como a de que todos os seus filmes são, na verdade, um só. Com o que sabemos sobre The Movie Critic, talvez seja isso mesmo. Talvez os dez filmes de Quentin Tarantino sejam a história de um crítico apaixonado por cinema, chapando na sala de casa durante a madrugada com obras que vão do blaxploitation de Jackie Brown ao faroeste de Django Livre. Um crítico (de si mesmo?) que vive em Los Angeles, revisitando seus nove filmes prediletos no final da vida.

A jornada do herói, baseada na Odisseia de Homero, escrita lá pelo século X antes de Cristo, é usada e abusada em séries e filmes, e segue uma estrutura de roteiro que compreende a partida do personagem de sua cidade natal, desconhecido e desacreditado, para conquistar grandes feitos pelo mundo, e então retornar ao lar, consagrado por todos.

Heroicamente deixando à humanidade uma bela série de dez filmes, talvez Tarantino queira nos dizer que o crítico finalmente vai descansar.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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