Björk e Rosalía Cena do clipe de “Oral”, de Björk e Rosalía. Imagem: Reprodução/Youtube

Com Rosalía, Björk transforma faixa esquecida de 1997 em ativismo; entenda!

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Lançada depois de 26 anos, Oral surge como libelo pela proteção aos pequenos pescadores finlandeses

O refrão de Oral, colaboração entre Björk e Rosalía, que acaba de ser lançado, lembra mesmo uma canção do mar, cantada por pescadores para aplacar a solidão dos turnos de pesca.

O single, cuja receita será totalmente revertida para financiar organizações que lutam contra a pesca predatória de salmão na Finlândia, cada vez mais dominadas por corporações estrangeiras que se estabeleceram no país, foi adiado duas vezes e, finalmente, divulgado ao público nesta terça-feira (21).

Björk já havia dado alguns detalhes sobre a misteriosa collab. A música, composta na época da produção do álbum Homogenic (1997), havia sido perdida porque a cantora não se lembrava mais do nome que havia dado à gravação. Logo, ficaria impossível encontrá-la entre as centenas de fitas que o estúdio armazenara.

Após a solução do mistério graças a um lampejo de memória, a track foi recuperada. Como não se encaixaria nos novos projetos da cantora, sua equipe resolveu transformá-la em ativismo.

No videoclipe, a cantora e compositora islandesa — em rara cena em que aparece com a cara limpa, sem as tradicionais maquiagens e roupas futuristas e psicodélicas — e Rosalía se enfrentam em um tatame, com estripulias ginásticas que nos fazem perguntar se são elas mesmo, ou dublês dançando.

Os movimentos são marciais e belos. E a música mantém o padrão Björk de produção, eletrônica e viajante, agora fermentado pelo talento da colega espanhola.

Oral já está disponível em todas as plataformas digitais, e uma página especial foi adicionada ao website de Björk para explicar um pouco mais sobre o projeto a que se destina.

Daft Punk sentado numa cadeira de praia - Random Access Memories
Você também vai gostar de ler DJ ironiza novo lançamento do Daft Punk

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.