Aretha Franklin Foto: Reprodução

Respect! Há 37 anos, Aretha Franklin se tornava a 1ª mulher do Rock & Roll Hall of Fame

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Sempre transformadora, a rainha do soul foi admitida em 03 de janeiro de 1987

Aretha Franklin sempre esteve acostumada com o protagonismo no mundo da música. Apesar de não ter sida a primeira a se lançar no mundo da soul music — foi precedida por outras divas, como Big Mama Thornton, Sister Rosetta Tharpe e Dinah Washington —, a artista nascida em Memphis (1942) foi catapultada ao estrelato graças ao seu talento e ativismo, tornando-se a grande voz da música negra mundial.

Não à toa, um dos seus maiores sucessos é a música Respect, lançada em 1967 e grande hino da luta pelos direitos civis nos Estados Unidos. Franklin sempre se posicionou fortemente em devesa das mulheres e das minorias, ao longo de sua carreira.

A curadoria do Rock & Roll Hall of Fame está séculos atrasada quando o assunto é igualdade de gêneros. Em seis dos seus 38 anos, a cerimônia não recebeu absolutamente nenhuma artista mulher (a última vez em que o esquecimento rolou foi em 2016). Além disso, inexplicavelmente, algumas artistas nunca foram convidadas. Nina Simone só foi lembrada em 2017. Amy Winehouse, Kim Gordon e Kim Deal, por exemplo, jamais foram indicadas. Apenas 8% dos nominados são mulheres!

No entanto, marcaram golaço quando escolheram Aretha como a primeira mulher a ser agraciada com o título da instituição, já em sua segunda cerimônia, em 03 de janeiro de 1987. Apesar da importância simbólica da nomeação, a artista não pôde comparecer ao evento, e foi representada por ninguém menos que Keith Richards, guitarrista dos Rolling Stones.

Além do posto no Hall of Fame, Aretha possui alguns outros títulos que nos ajudam a entender seu tamanho no mundo da música. Em 2008, foi considerada a maior cantora de todos os tempos pela revista Rolling Stone (que anos depois a listou como a nona maior artista da história da música).

O estado de Michigan (EUA) elevou sua voz a “Patrimônio Natural do Estado”. Recebeu do governo dos Estados Unidos a “Medalha Nacional das Artes” e a “Medalha Presidencial da Liberdade”, a maior condecoração existente no país para civis. Ganhou também, em 2019, o prêmio Pulitzer, na categoria Citação Especial.

Em suas próprias palavras, respect!

As outras mulheres do Hall of Fame

Após Aretha Franklin abrir caminho para a presença feminina na galeria da fama, outras mulheres também foram inseridas à seleta turma dos imortais da música. Veja a lista de quem faz parte da Rock & Roll Hall of Fame:

1986 – Ninguém

1987 – Aretha Franklin

1988 – The Supremes (Florence Ballard, Diana Ross, Mary Wilson)

1989 – Bessie Smith

1990 – Zora Taylor (The Platters), Carole King, Ma Rainey

1991 – Tina Turner

1992 – Ninguém (que mancada, hein Hall of Fame?)

1993 – Ruth Brown, Etta James, Cynthia Robinson e Rosie Stone (da Sly & Family Stone), Dinah Washington

1994 – Donna Jean Godchaux (do Grateful Dead)

1995 – Janis Joplin, Martha & The Vandellas (Rosalind Ashford, Annette Beard, Betty Kelly, Lois Reeves, Martha Reeves)

1996 – Gladys Knight, Grace Slick (Jefferson Airplane), The Shirelles (Shirley Alston Reeves, Addie Harris, Doris Kenner-Jackson, Beverly Lee), Maureen Tucker (Velvet Underground)

1997 – Joni Mitchell, Mahalia Jackson

1998 – Christine McVie e Stevie Nicks (do Fleetwood Mac), Cass Elliot e Michelle Williams (do Mamas & The Papas)

1999 – Dusty Springfield, Cleotha Staples, Mavis Staples e Yvonne Staples

2000 – Bonnie Raitt

2001 – Ninguém, pela terceira vez na história da cerimônia

2002 – Brenda Lee, Tina Weymouth (do Talking Heads)

2003 – Ninguém

2004 – Ninguém

2005 – Chrissie Hynde (Pretenders)

2006 – Debbie Harry (do Blondie)

2007 – The Ronettes (Estelle Bennett, Nedra Talley), e Patty Smith

2008 – Madonna

2009 – Wanda Jackson

2010 – Agnetha Fältskog, Anni-Frid Lyngstad (do ABBA), Ellie Greenwich, Cynthia Weil

2011 – Darlene Love

2012 – Claudette Rogers (The Miracles), Laura Nyro

2013 – Ann Wilson e Nancy Wilson (do Heart), Donna Summer

2014 – Linda Ronstadt

2015 – Joan Jett

2016 – Ninguém (o último ano em que nenhuma mulher foi indicada)

2017 – Joan Baez

2018 – Nina Simone, Sister Rosettha Tharpe

2019 – Janet Jackson

2020 – Whitney Houston

2021 – Go-Go’s (Charlotte Caffey, Belinda Carlisle, Gina Schock, Kathy Valentine e Jane Wiedlin), Carole King, Tina Turner (que antes havia sido agraciada como parte do projeto com Ike Turner)

2022 – Pat Benatar, Annie Lennox (do Eurythmics), Dolly Parton, Carly Simon, Elizabeth Cotton, Sylvia Robinson

2023 – Kate Bush, Sheryl Crow, Missy Elliott, Chaka Khan

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.