Bing Crosby é a voz de um dos primeiros grandes hits natalinos da história. Foto: ReproduçãoComo surgiu a tradição dos discos e singles de Natal
Febre desde os anos 40 nos EUA, as canções natalinas reúnem desde astros do pop a bandas heavy metal; no Brasil, porém, a moda não colou
Para quem não mora nos Estados Unidos, é meio difícil entender o tamanho da tradição dos caras pelas canções de Natal. Todo dezembro, uma porção de grandes artistas do pop, mesmo cheio de compromissos com turnês e álbuns, encontram tempo para lançar um single ou álbum natalinos. O negócio é tão movimentado (inclusive financeiramente) que até bandas de punk e heavy metal resolvem entrar nessa onda.

Aqui no Brasil, houve uma aposta para que importássemos esse comportamento. Em 25 de dezembro de 1995, Simone lançou uma versão em português de Happy Xmas (War is Over), de John Lennon, chamada Então é Natal. Seja pela superexposição do sucesso, que tocava em qualquer lugar, seja pela falta de concorrência, já que era a única opção de cantão natalina na época, a música provocou no brasileiro um misto de amor, ódio e entojo. É bem possível que a cantora tenha ajudado a enterrar a tentativa de sucesso comercial dos hits temáticos.
Nos EUA, tudo começou com as rádios. Ávidas por programações sazonais, elas encampavam o espírito natalino e geraram demanda por músicas que serviam como trilha sonora para o feriado. Apesar de outras canções terem sido lançadas em discos de 78 rotações anteriormente, uma canção da década de 30 é conhecida como um ponto de virada na criação desse hábito. Santa Claus is Coming to Town, de 1934, virou um sucesso gigantesco nas rádios estadunidenses.
Todo mundo queria sua fatia do bolo. A partir dos anos seguintes, uma corrida para entrar nas lojas com sua canção de natal rolava entre os artistas no final do ano, em um comportamento muito próximo do que aconteceu, no Brasil, com as marchinhas de Carnaval. Ser dono da mais tocada canção do feriado era um tremendo troféu.
Com a profusão do mercado de discos de vinil, a coisa virou febre. A estratégia era ganhar as rádios e então chegar às lojas e encher a burra de dinheiro. Para as famílias, era legal ter o disco mais bacana da temporada para alegrar o jantar de Natal. Não bastasse essa fórmula mágica, a Segunda Guerra Mundial também contribui com esse mercado.
Longe de casa, os soldados precisavam de algum tipo de ritual natalino para sobreviver mentalmente a dezembro, e as rádios funcionavam como um azeite de esperança. Por muito tempo, o single mais vendido da história dos Estados Unidos foi White Christmas, de Bing Crosby, lançado justamente em 1942, em plena guerra.
A partir dali, virou tradição, e pintar com um álbum de Natal virou uma espécie de obrigatoriedade, principalmente quando o produtor Phil Spector veio com aquele que é considerado o melhor disco de Natal de todos os tempos, A Christmas Gift for You, de 1963, compilando artistas de seu casting como The Ronettes, The Crystals e Darlene Love, entre tantos outros.
Em 2025, estão nas prateleiras das lojas (ou dos streamings) álbuns novinhos de natal de Roberta Flack, Gwen Stefani, Kylie Minogue e Jonas Brothers, entre centenas de outros. Uma tradição que não dá pinta de esfriar!



