Sónar Barcelona Foto: Ariel Martini/Divulgação

Sónar Barcelona 2024: Foi dada a largada ao festival catalão

Lalai Persson
Por Lalai Persson

Caldeirão multicultural sintonizado com o que rola de novo no planeta, festival junta passado, presente e futuro da música num lugar só

Na última quinta-feira, foi dada a largada ao Sónar Barcelona, festival que tem refletido de maneira consistente em todas as suas edições o que se propõe: apresentar a expansão e evolução da música eletrônica e da cultura digital. Já há algumas edições tem uma programação dedicada à Inteligência Artificial com masterclasses, showcases e talks.

Frequentando-o desde 2009 eu nunca me decepcionei, pois dentre tantos festivais de música ao redor do mundo, novos e antigos, o Sónar é um dos que mais me inspira por se alinhar tão bem com o espírito do nosso tempo (mesmo que a gente não goste dele). O evento é um caldeirão multicultural com uma antena ligada no que está rolando de norte a sul do planeta, mas pode não agradar aos amantes da música da velha guarda, justamente por ser tão contemporâneo.

O primeiro dia começou devagar. Às 16h, o Fira de Barcelona, espaço onde acontece o evento diurno, estava bem vazio, mas a estrutura de entrada denunciava que as vendas de ingressos foram boas. À noite, o festival estava lotado. O palco Complex, localizado em um teatro fechado com ar-condicionado bombando, sempre foi uma ótima opção para fãs de música experimental, shows audiovisuais e para fugir dos dias calorentos. Agora, a sua programação se divide com o palco +D, onde também acontecem os talks. Nele, seis telões verticais de LED estão posicionados nas duas laterais e um telão horizontal nos fundos, proporcionando um ótimo playground para artistas que exploram os visuais.

Com uma programação musical mais enxuta (ou essa foi a sensação que tive), a estrela do primeiro dia foi o set do Olof Dreijer, metade do The Knife, acompanhado da percussionista colombiana Diva Cruz, que o acompanhou tocando percussão. Foi uma grande festa solar no palco principal do Sónar Dia. Dali, só sai quando o show se encerrou.

 

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Pela segunda vez consecutiva, o meu cérebro explodiu com a apresentação do Team Rolfes, um estúdio de realidade virtual de Nova Iorque que faz performance 3D ao vivo acompanhada de muita música barulhenta. O show foi puro deleite visual. Intenso, barulhento e vertiginoso, com os vocais comandados pela rapper estadunidense Lil Mariko. O tipo de música que não se encaixa em um estilo. Eu costumo chamar de “música de videogame”, que é justamente o que eles propõem ao vivo: nos colocar no meio de um jogo.

Temos agora pela frente uma maratona que começa nesta sexta-feira, 14, com o Sónar Dia e o Sónar Noite, divididos em dois espaços distintos em Barcelona. O line-up apresenta ícones de todas as eras: Laurent Garnier, Kittin B2B David Vunk, Danny Tenaglia (lembra de Music is the Answer?), Adriatique, Paul Kalkbrenner, Octave One (espia esse Boiler Room que ele fez em Berlim), Kerri Chandler e o novo show de Richie Hawtin, que passou recentemente por São Paulo.

O encontro dessas lendas se dá com uma cena bem fresca e criativa: VTSS, maestra das batidas de alta octanagem nas pistas; JASSS; o flamenco de Yerai Cortés e TAYHANA, Kianí del Valle e Kabeaushé. A cereja do bolo da edição 2024 é a dupla Air apresentando Moon Safari, que promete nos embalar em uma viagem sonora para depois nos deleitarmos no bailão com Jessie Ware.

Esta edição do Sónar Barcelona tem parceria inédita com o Printworks London, que viajou para a Espanha pela primeira vez para reimaginar o SónarLab, um dos principais palcos do Sónar by Night, prometendo produção audiovisual de ponta e curadoria apurada. Estou curiosa!

Se você está também na área, coloque na agenda “Lee Gamble presents ‘Models’ with Candela Capitán: Synthetic voices and abstract choreography”, que acontece no sábado, no Sónar Hall. Trabalhei com a Candela em Berlim e tudo que ela faz é muito sofisticado e de tirar o fôlego. Na lista desta sexta-feira estão os shows de Adelaida, artista emergente de Barcelona, que explora os limites da voz, criando canções a partir de inúmeras camadas de cânticos, e de Marie Davidson.

Para dançar até o sol raiar, o DJ Tennis, que nunca desaponta e faz a gente rebolar até doer os quadris. Quero também rebolar com a DJ Blck Mamba, que faz um set que viaja do amapiano e kuduro ao Baltimore club e ao UK funky; e deixar minha cabeça explodir um pouco com o mexicano Hexorcismos presents MUTUALISMX. A cereja do bolo é o set do Kerri Chandler tocando com reel-2-reel para fechar o Sónar no sábado.

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