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Em show de 20 anos, Cansei de Ser Sexy celebra o passado e deixa dúvida sobre futuro

Show CSS

Foto: Tati Silvestroni/Music Non Stop

No Primavera Sound São Paulo, grupo abriu túnel do tempo com inúmeras referências aos anos 2000 e à cena noturna paulistana

Nostalgia. Se tem uma única palavra que possa resumir o que foi o primeiro show do Cansei de Ser Sexy depois de quatro anos, é esta. Humor poderia vir logo atrás.

O grupo, agora formado por Luísa Lovefoxxx, Ana Rezende, Luiza Sá e Carolina Parra — e com Chuck Hipolitho tocando bateria como músico de apoio —, fez uma apresentação divertida neste fim de tarde de sábado (02), dia um do Primavera Sound São Paulo 2023. Ao menos, para quem já conhecia e gostava da banda.

Foto: Tati Silvestroni/Music Non Stop

Hits dos anos 2000 que conquistaram a cena indie nacional e internacional, todo o carisma da frontwoman e o toque especial: visuais propositalmente toscos, que lembravam aqueles Power Points motivacionais de tias, mesclados a memes das últimas décadas — quem não se lembra do keyboard cat? —, desenhos animados antigos, como He-Man e Os Ursinhos Carinhosos, cenas de animes [incluindo Cavaleiros do Zodíaco] e games retrô. Somente uma galera muito específica se identificaria com todos esses elementos, e parte dela estava presente, se emocionando no front.

Além das piadas visuais, Lovefoxxx brilhou nos seus momentos de “stand up comedy”. Disse que estávamos com sorte porque todas elas estavam em período de ovulação, usou roupas espalhafatosas e se jogou algumas vezes no chão. E se proclamou mãe do seu público, com direito a camiseta e tudo.

Foto: Tati Silvestroni/Music Non Stop

Piadas internas também deram o tom. Principalmente, na escolha pela música Bezzi, single de 2005 que não faz parte de nenhum álbum do CSS, e que homenageia o DJ e jornalista Alexandre Bezzi, amigo da banda e personagem da cena noturna paulistana da época.

Jota Wagner foi certeiro quando disse que o Cansei é, acima de tudo, uma banda forjada naquela cena de São Paulo. Um grupo dance/disco-punk que não se leva a sério e que veio de uma combinação de referências tão particulares, que criou uma verdade artística que só poderia ter sido cunhada naquela época e naquele lugar — e que deu muito certo naquele contexto.

Foto: Tati Silvestroni/Music Non Stop

O show foi, portanto, uma janela para o passado, sem se preocupar em estabelecer pontes com o futuro. Agradecendo ao carinho da plateia, Lovefoxxx chegou a deixar no ar, muito sutilmente, uma possibilidade de volta: “Eu ainda não falei com elas, mas…”.

Leu uma carta tocante antes de City Grrrl, dizendo não saber que era possível ser uma “city girl” por mais de uma vez, deu a entender ter passado por um momento difícil e agora ter retornado. Um recomeço.

Para além disso, entretanto, nada mais concreto sobre um retorno de fato da banda foi comentado, nenhuma música nova foi apresentada e o feeling ao final do show — que terminou incendiário, com os principais hits, Let’s Make Love and Listen to Death From AboveAlala era de que, assim como há quatro anos, este foi apenas mais um reencontro esporádico e especial.

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