Cansei de Ser Sexy Primavera Sound para indies Foto: Reprodução

Nascido no fervo da noite de SP, Cansei de Ser Sexy ressurge no Primavera Sound

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Criado há duas décadas no meio do underground paulistano, grupo fará seu primeiro show em quatro anos

Neste sábado (02), no Palco Barcelona, o Primavera Sound São Paulo recebe eu seu palco o grupo paulistano de indie rock dançante Cansei de Ser Sexy, um dos brasileiros que mais conquistaram repercussão internacional a partir dos anos 2000 — chegando a figurar no Top 100 da Billboard com o álbum Donkey, de 2008, e sendo um dos raros projetos do país que se apresentaram no Lollapalooza gringo.

O CSS, abreviação pela qual é citado geralmente, retornou em 2013 após um hiato causado pela saída de um de seus fundadores em 2011, o criativo Adriano Cintra, responsável por moldar o som do grupo ao lado da cantora Luísa Lovefoxxx. Atualmente, também participam de sua formação Luiza Sá, Ana Rezende e Carolina Parra.

O grupo foi fundado em 2003 e representa, através da sua história e repercussão, um momento vigoroso no cenário festeiro paulistano. Na virada do milênio, pequenos núcleos de festa e casas noturnas underground trouxeram uma brisa de criatividade e contestação à noite de São Paulo, dominada pelas raves cada vez maiores e por superclubes, que contribuíam trazendo mais gente para o cenário de música eletrônica, mas afastando quem estava lá há mais tempo.

Casas como Vegas, Stereo e Xingú, além de festas como Colors e No Porn, apostavam em eventos pequenos, para pouco mais de 300 pessoas, sempre lotados, gerando uma sensação de “festa da vida” para quem conseguia entrar. Na música, house e techno começavam a dividir espaço com o indie dance de Justice, MGMT e LCD Soundsystem.

Nas paredes dos porões, criou-se o mofo que alimentou o cogumelo. Nascia o Cansei de Ser Sexy, com temas e sonoridades retiradas deste cenário, mas ligada ao que acontecia no resto do mundo.

A banda surgiu meio de brincadeira. Somente Cintra sabia tocar um instrumento, e vinha dele a cobrança para que a banda melhorasse no palco. Iracema Trevisan, quando saiu do grupo no final da década, afirmou que a banda estava ficando “séria demais”.

Há dez anos, quando retornou aos palcos com o álbum Planta, o CSS deixou de lado essas questões. Assumiu sua relevância e a responsabilidade profissional que seu tamanho demandava. Porém, logo entrou em novo hiato, realizando apresentações e lançamentos esporádicos desde então. A última performance foi no Popload Festival 2019.

Neste final de semana, portanto, São Paulo pode matar a saudade e conferir como anda o CSS.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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