Beck Primavera Sound Buenos Aires 2023 Beck no Primavera Sound Buenos Aires. Foto: Franco Puente/Divulgação

Primavera Sound São Paulo para os indies: o guia definitivo

Jota Wagner
Por Jota Wagner

A nação indie-rocker vai precisar de planejamento e mente aberta para curtir os dois dias do Primavera Sound dançando miudinho

O Brasil, e especialmente São Paulo, andaram jantando bem em 2023. A cidade recebeu grandes nomes do indie rock mundial durante o ano e já pode bater no peito para dizer que tem feito história neste universo musical, com bandas que, além de alegrarem os palcos do país, também têm conquistado reconhecimento lá fora.

O Primavera Sound poderia ter sido um pouco mais justo com a população da camisa stripe e o cabelo semicomprido. Afinal, das atrações que agradam a este público, a maioria já está na estrada há muito tempo, e o restante faz um som calcado em referências mais retrô, com algumas exceções. E brasileiras.

Preparamos o itinerário para você não perder, dentro do possível, nenhum minuto de indie no Primavera Sound São Paulo 2023.

Sábado

Primavera Sound para indies

Uma das bandas mais importantes do indie brasileiro, Cansei de Ser Sexy está de volta. Foto: Reprodução

No sábado (02), primeiro dia de evento, chegue cedo, faça o reconhecimento do local e, às 14:40h, vá até o Palco Corona estufar seus ouvidos com a barulheira dos garotos ingleses do Black Midi.

Ok, ok, está longe da estética do indie rock — e é por isso que avisamos sobre ter a mente aberta. Os londrinos chamaram a atenção de ninguém menos do que David Byrne com seu som visceral e pulsante, embrulhando o cérebro, principalmente, nas apresentações ao vivo. Vale conhecer.

O show é curto, termina 15h30. Se você estiver no pique, pode seguir para o Palco Barcelona para curtir o Metric (15h40 às 16h30) — grupo canadense que está aí na ativa desde 2003, misturando pós-punk, disco e synth-pop com maestria — e voltar pro Corona a tempo de pegar o rock frenético do grupo sueco The Hives (16h40 às 17h30).

Dez minutos antes do fim do Hives, o Palco São Paulo dá início à apresentação dos ingleses da Slowdive, sensação do meio alternativo dos anos 90, influentes para o dream pop tão cultuado pela garotada de hoje em dia.

O dilema do sábado começa aqui. Depois de 20 minutos de Slowdive, você decide. Se estiver bom, fica mais um pouquinho. Senão, já corre de volta para o Barcelona para, das 17h40 às 18h30, curtir o retorno da seminal banda de indie dance brasileira Cansei de Ser Sexy, que há cerca de 20 anos rodava o mundo em grandes festivais e turnês celebradas. Das 17h40 às 18h30.

Fechando o dia, o Corona recebe The Killers, que, apesar de ter perdido o direito a usar a carteirinha do clube por muita gente — inclusive, o debate rendeu troca de tapas na redação do Music Non Stop —, foi um dos grupos mais importantes da onda indie que surgiu nos anos 2000.

Domingo

Beck Primavera Sound Buenos Aires 2023

Beck no Primavera Sound Buenos Aires. Foto: Franco Puente/Divulgação

No domingo, a primeira opção do dia vem logo às insanas 12h30 (e com apenas 30 minutos), no Palco Corona. Estou falando da brasileira Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo. Modernos, sacanas e criativos, mereciam mais consideração na escalação do horário. No mesmo espaço, vem logo na sequência (das 13h40 às 14h25) o Just Mustard, grupo experimental da Irlanda com vocais de Katia Bal que flerta com o trip-hop e o shoegaze.

Quando acabar o show, você tem apenas dez minutos para correr até o Barcelona para ver outra Sophia, esta, mais conhecida como Soccer Mommy, dos Estados Unidos. Novamente, outra atração agarrada no rock alternativo dos anos 90, de Pixies e Smashing Pumpkins. Das 14h35h até as 15h20.

Tempo para um descanso? Não tem. Apenas 20 minutos depois, já entra em campo o representante do indie argentino, o grupo El Mató a un Policía Motorizado, gigantes na terra natal. Em fevereiro, esgotaram o Cine Joia para um show único em São Paulo.

Agora, sim, tem um tempinho para sentar na grama (ou na lama). Recuperar a energia da pernas e se hidratar para uma dobradinha espetacular, que já vimos em Buenos Aires e recomendamos. Beck, às 17h40, seguido pelo The Cure, 20h25, encerrando o festival. Parte da história do indie rock sendo contada, em 180 minutos de música. Palco Corona.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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