Andre 3000. Artistas que assustaram os fãs Andre 3000. Imagem: Reprodução

5 artistas que assustaram os fãs com discos completamente diferentes

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Veja abaixo cinco casos de músicos que tacaram o foda-se para as expectativas do público

Quando a fama e uma grande base de fãs chegam à vida de um artista, é comum se sentir preso à formula que resultou no sucesso. E o público, quando seu ídolo lança algo novo, já corre para as lojas (ou os streamings) à procura de algo que ele já conhece e gosta.

Recentemente, fãs brasileiros protestaram na internet depois do show do Red Hot Chili Peppers porque o grupo não teria tocado muitos de seus maiores hits radiofônicos. Seguir sua essência e inovar, correndo o risco de decepcionar geral, ou continuar na zona de conforto, pode ser um dilema.

Abaixo, mostramos cinco artistas que tacaram o foda-se para o que os fãs achavam, e lançaram discos completamente diferentes do que haviam feito até então.

Andre 3000 – New Blue Sun

Andre 3000, do Outkast, um dos maios importantes duos de rap da história (sim, aquele mesmo de Hey Ya!), surpreendeu a todos na última semana com um álbum solo em que substitui as rimas pela flauta. Aos 48 anos, o rapper americano afirmou à GQ se sentir velho demais para rimar.

“Não queria dizer que a idade determina sobre o que você vai fazer um rap, mas de certa forma, determina. […] ‘Preciso fazer uma colonoscopia.’ Sobre o que você está cantando? ‘Minha visão está piorando’. Você pode achar maneiras legais de dizer isso, mas…”

New Blue Sun, o álbum do “flautista” Andre 3000, chegou na última sexta-feira (17).

Ramones – End Of The Century (1980)

Depois ajudar a inventar o punk, em Nova Iorque, com três discos simples, crus e seminais para a história da música, os Ramones estavam meio preocupados em fazer a mesma coisa o tempo todo. De olho no que acontecia na Inglaterra, com a chegada do pós-punk e a própria new wave, o grupo liderado por Joey e Johnny Ramone resolveu dar uma “limpada” no som.

Fãs da soul music dos anos 50 e 60, convidaram o super produtor Phil Spector para gravar o disco End Of The Century. Acostumado a “inventar” artistas do zero, Spektor achou que teria a mesma moral com os Ramones. O resultado é que o processo de gravação foi um inferno para todos, e o disco assustou todo mundo.

O som visceral de antes havia virado uma coleção de faixas com sonoridade completamente diferente do que se esperava. Até mesmo um cover das Roxettes, Baby I Love You, entrou no álbum, com a banda acompanhada por instrumentos de orquestra!

Metallica – Lulu (2011)

Imagine lidar com fãs que enviavam cartas enfurecidas para revistas de música para reclamar quando algum integrante do Metallica resolvia cortar o cabelo? Era isso o que James Heltfield e sua turma enfrentavam, assolados pela perseguição da nação headbanger, que ajudou a levantar o Metallica ao nível de uma das maiores bandas do mundo.

Mesmo sabendo do nível de chatice do seu público — ou talvez exatamente por isso —, o grupo resolveu chutar bonito o pau da barraca. Gravou secretamente, com o ídolo Lou Reed, o álbum Lulu, lançado em 2011, com músicas que Reed havia composto para uma peça de teatro.

A ideia havia surgido dois anos antes, durante um encontro casual entre os artistas, na cerimônia do Rock’n’Roll Hall Of Fame. Quando saiu, os fãs de Metallica (e parte da crítica) ficaram enfurecidos!

Com o tempo, Lulu passou a ser mais compreendido no meio musical. E a coragem do Metallica, exaltada.

David Bowie – Let’s Dance (1983)

Ok, ok, ok! Quando se falava do mestre David Bowie, todos esperavam que um novo álbum trouxesse algo completamente diferente do anterior, inclusive com a criação de alter egos, personagens que ele usava para trocar de personalidade artística.

Ainda assim, em 1983, o ícone inglês ousou e mostrou quem mandava. Após rompimento com a antiga gravadora, Bowie levou três anos para lançar Let’s Dance, o sucessor de Scary Monsters (1980).

A fim de dar mais uma chacoalhada na percepção de seus fãs, convidou ninguém menos do que Nile Rodgers, guitarrista do Chic, para dar uma talento em suas composições. O resultado foi o álbum rotulado como “pós-disco” pela mídia.

Ao contrário de outros artistas corajosos, que acabaram tendo de aguentar uma tremenda dor de cabeça, Bowie reinou bonito com a iniciativa. Seu disco foi um sucesso massivo de vendas no mundo todo, alçando o artista ao nível de superestrela mundial.

Arctic Monkeys – The Car (2022)

Arctic Monkeys, banda presente nos maiores festivais do mundo, com o nome destacado, grandão, no cartaz. Grandes vendedores de ingressos, os burros do supergrupo já estavam na sombra há tempos. Por que, então, mexer em time que está ganhando?

Pergunte a Alex Turner, lider dos macacos árticos. The Car é um LP de um artista insatisfeito. Turner mergulhou sua arma nas composições e entregou uma obra que surpreendeu todo mundo positivamente.

O segredo do sucesso? O álbum parece ser uma homenagem a David Bowie. As referências se mostram até mesmo nas técnicas vocais usadas na gravação.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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