Primavera Sound

Aos quarentões! Um guia de atrações do Primavera Sound para a Geração X

Jota Wagner
Por Jota Wagner

O line up gigante do Primavera Sound 2023 tem atrações para (quase) todos os gostos. A partir desta semana, o Music Non Stop traz um guia para cada tribo

Analisar o line up da edição 2023 do Primavera Sound, que passa por São Paulo no início de dezembro, é um exercício prazeroso.

A curadoria reserva uma parte significativa do seu espaço para apresentar ao público artistas que experimentam bastante em seus estilos. É de se chamar atenção, por exemplo, nomes como Black Midi e Lucrecia Dalt, por exemplo. Gente que passa longe do que podemos chamar de “música fácil” de digerir.

Obviamente pensado para atrair diversos gostos (e gerações), o que é normal em um evento que só se viabiliza se a venda de ingressos entrar na casa das centenas de milhares, o Primavera trata com carinho a massa encefálica da chamada Geração X, cujo ano de nascimento compreende a faixa entre 1965 e 1980 — caso de uma parte aqui da redação do seu querido Music Non Stop.

Enquanto outros festivais nos vêem como fãs de Guns N’ Roses e Tenacious D, ele resolve agradar quem circulava por vielas mais alternativas.

Se você pertence a este grupo, saiba que pode se dar muito bem na edição deste ano do Primavera Sound. E para facilitar sua vida, mapeamos as atrações principais.

Segue o fio!

Os horários de cada apresentação ainda não foram divulgados pela produção.

02 de dezembro

Cansei de Ser Sexy

Formado em 2003, na cidade de São Paulo, o grupo liderado por Lovefoxxx e Adriano Cintra (que saiu em 2011) fez barulho no cenário internacional, participando de longas turnês e grandes festivais. A volta do CSS é recente, e a banda promete um show dançante e festivo, tanto para os curiosos, quanto para quem estava subindo e descendo a Rua Augusta, epicentro do fervo cultural paulistano, no tempo em que a banda surgiu.

OFF!

A OFF! é uma superbanda de hardcore estadunidense que tem como estrela principal Keith Morris, o vocalista por trás do lendário Circle Jerks, além de ter integrado, também, o Black Flag.

O grupo se reuniu em 2010 e, a partir de então, tem feito a alegria para saudosos skatistas e demais fãs da vibrante cena punk californiana.

Pet Shop Boys

Dupla britânica de maior sucesso até hoje os dias de hoje — ao menos, segundo o livro dos recordes —, o Pet Shop Boys navega pelo pop sintetizado que tomou o mundo no início da década de 80 e influência fortemente a música de pista.

Isso fez com o seu público também fosse se renovando, pelo menos até a década de 2000, e também com que o Pet Shop Boys desfile saltitante sobre a mureta que separa o pop do cool.

Seun Kuti & Egypt 80

Caso a ficha ainda não tenha caído, o nigeriano Oluseun Anikulapo Kuti é filho dele mesmo, o pai do afrobeat, Fela Kuti.

Em seu show, não esconde a ancestralidade e transforma a pista em uma festa feliz. Fela Kuti, falecido em 1986, foi um divisor de águas, ao levar para o coração da Geração X o apreço por um bom baile africano. Influenciou fortemente a música brasileira, desde o manguebeat, de Chico Science, até as festas de rua paulistanas, passando ainda por artistas como Bixiga 70 e Buena Onda Reggae Club. Vale a visita!

The Hives

Os suecos do The Hives surgiram em 1994 (o que fazem com que tenham pego a pontinha da cauda da Geração X), e participaram do movimento que trouxe a energia do rock sessentista aos grandes palcos dos festivais: guitarras do garage, vocais saturados e o baticum fervoroso de bandas como The Who e Kinks.

03 de dezembro

Bad Religion

Outro gigantesco representante da cena punk californiana, o Bad Religion foi responsável, junto com alguns de seus pares, pelo desenvolvimento de todo um cenário brasileiros de banda que trilhavam o mesmo caminho. A banda foi formada em 1979, mas foi no final da década de 80 que causou tanto buchicho mundo afora.

Beck

Beck Hansen chegou ao Brasil através de seu hit alternativo Loser. O álbum Mellow Gold, de 1994, circulava de casa em casa entre a garotada da época, através de empréstimos jamais devolvidos, ou cópias em fita cassete.

A partir dali, Beck se mostrou um prodígio. Freak de estúdio, experimentou até achar uma via pop e experimental, ao mesmo tempo. Segue por ela até hoje.

The Blessed Madonna

Alô, nação houseira! Conhecida por excepcionais sets, principalmente quando o assunto é house music, a DJ de Chicago The Blessed Madonna está de volta ao Brasil, desta vez para um grande festival. São Paulo in da house!

Róisín Murphy

Róisín Murphy surgiu como vocalista do grupo de pop eletrônico Moloko, em 1993. Por isso, em carreira solo, segue admirada por geral da X, principalmente os mais afeitos à música eletrônica. Entrevistamos a diva em 2020 — ano em que seu álbum Murphy’s Law causou furor.

The Cure

Para alegria dos quarentinhas, o The Cure chega como headliner e promete seus longos shows (de cerca de três horas de duração) para matar a saudade dos brasileiros. A banda de Robert Smith, precursora do pós-punk em sua estética gótico suave, já esteve no Brasil em 1987, 1996 e 2013.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.