Embalos de Sábado à Noite Imagem: Reprodução

5 fatos sobre “Os Embalos de Sábado à Noite” que você não sabia

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Musical do clássico filme estrelado por John Travolta volta a ser exibido em São Paulo

O Brasil, aos poucos, vai absorvendo de vez a cultura dos musicais, tão potentes e rentáveis nos Estados Unidos. Neste sábado (27), começa a nova temporada de Embalos de Sábado à Noite – O Musical, dirigido por Bruno Rizzo, Ewerton Novaes e Daniela Schiarreta, em São Paulo.

O espetáculo, que fica em cartaz por mais três sábados (03, 17 e 24 de fevereiro) no Teatro Opus Frei Caneca, adapta a transgressora obra cinematográfica de John Badhan, que mostrou para o mundo o cotidiano de jovens ferrados que encontram nas casas noturnas a alegria de poder expressar quem realmente são, através da dança (reconhece-se?).

O filme ajudou a divulgar, também, a disco music, reverberando até o Brasil, fazendo com que seus baixos sincopados e batidas quadradas fizesem a cabeça de DJs, donos de clubes, produtores musicais e artistas.

Te contamos cinco fatos curiosos sobre Os Embalos de Sábado à Noite. Sente só:

A versão que você conhece é censurada

A versão de Os Embalos de Sábado à Noite lançada em 1977 é meio barra pesada, com cenas de violência e sexo capazes de assustar a nobre família estadunidense. Por isso, foi classificada para maiores de 16 anos, e assim circulou pelos cinemas até 1979, quando os executivos da Paramount tiveram um estalo. O público com mais apelo para este tipo de filme eram os adolescentes!

O estúdio relançou a película com classificação livre, cortando todas as cenas indigestas, o que gerou uma tempestade de dinheiro nos cofres da companhia — 30 milhões de dólares extras em bilheteria, só com a versão fofinha.

Baseado em fatos irreais

Em 1976, o jornalista britânico Nik Cohn publicou, na revista New York, uma extensa matéria chamada Tribal Rites Of The New Saturday Night (algo como Ritos Tribais da Nova Noite de Sábado). Nela, Nik conta que convivia com Vincent, um dos melhores dançarinos da quebrada de NY, com quem saiu durante vários finais de semana para conhecer as gírias, os anseios e costumes do pessoal de dentro do cenário disco da cidade.

Tony Manero, personagem de John Travolta, foi todo baseado na matéria de Nik Cohn. O problema é que o jornalista contou, anos mais tarde, que Vincent nunca existiu. Ele inventou o dançarino, um “Frankenstein” com características de diversas pessoas diferentes que observou durante sua pesquisa, juntando tudo em uma persona para poder dar certa dramatização ao texto.

Os Bee Gees foram colocados na roubada…

Foi somente quando o filme já estava na segunda fase das filmagens que os produtores decidiram encomendar uma trilha sonora exclusiva para ele. Encontram, então, um grupo de irmãos australianos, pouco conhecidos, e encomendaram músicas para Os Embalos de Sábado à Noite.

Os Bee Gees, então, seguiram catando as demos que tinham de músicas ainda não lançadas (incluindo o superhit Stayin’ Alive) e compuzeram as que faltavam para completar a encomenda. A trilha sonora chegou tão em cima da hora que a icônica cena de abertura, com Tony Manero andando cheio de ginga pelas ruas de Nova Iorque, foi gravada ao som de outra música, de Stevie Wonder.

Stayin’ Alive foi colocada depois, na edição de som, o que explica por que John Travolta parece meio fora de ritmo.

…e a roubada virou sucesso absoluto

A correria na composição e gravação das músicas foi recompensadora para os irmãos Gibbs, dos Bee Gees. A coletânea estourou todos os recordes possíveis para uma trilha sonora. Foi o primeiro disco do tipo a ganhar um Grammy!

Foi, também, a trilha mais vendida da história, até ser ultrapassada por O Guarda Costas, com Whitney Houston, 15 anos depois.

O mais impressionante: ficou em número um nas paradas da Billboard um semestre inteiro (o primeiro de 1978).

Um gás extra para a disco music

Em 1977, a disco music já dava sinais de cansaço, rumando para um caminho formulaico, principalmente para quem não compreendia a revolução comportamental que envolvia aquele movimento, e conhecia somente a música.

Para muitos biógrafos e jornalistas, Os Embalos de Sábado à Noite não só botaram um gás extra no balão do gênero como, também, o apresentaram para um outro público, que ainda não o conhecia. Incomodou tanto que chegou a outros jovens e outros lares americanos como, por exemplo, o dos caipiras que viriam a promover o bestial espetáculo chamado Disco Demolition Night, em 1979.

Serviço

Embalos de Sábado à Noite – O Musical

Datas: 27 de janeiro e 03, 17 e 24 de fevereiro (sábados)
Horário: 
20h (abertura da casa às 19h)
Local:
Teatro Opus Frei Caneca (R. Frei Caneca, 569 – Consolação, São Paulo/SP)
Ingressos: A partir de R$ 60,00 via Uhuu
Classificação: Livre
Grammy
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Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.