Grammy Foto: Reuters/Reprodução

5 shows absurdamente bons da história do Grammy

Jota Wagner
Por Jota Wagner

O prêmio sabe usar seu prestígio para promover encontros escandalosos no palco de suas cerimônias

O jornalista Bob Sheffield escreveu uma vez, nas páginas da revista norte-americana Rolling Stone, que “ninguém está nem aí para os premiados. O que todos querem mesmo é ver os shows do Grammy“. Eufemismo ou não, a divertida generalização nos mostra o quanto algumas apresentações promovidas pelo prêmio em suas cerimônias são realmente inesquescíveis.

Capazes de juntar superastros da música no mesmo palco, para serem aplaudidos por outros superastros na platéia, o Grammy Awards trabalha bem quando o assunto é derrubar o queixo de quem está bem vestido nas cadeiras do Staple Center e de quem está de pijamas derramado no sofá da sala, assistindo à cerimônia pela TV.

A edição de 2024 está chegando. Será transmitida para o mundo todo dia 4 de fevereiro, às 22h aqui no Brasil. Até agora, estão anunciadas as apresentações de Billie Eilish, Dua Lipa, Olivia Rodrigo e Travis Scott.

Enquanto você aguarda a cerimônia do mês que vem, elencamos cinco das mais impressionantes apresentações que já rolaram no palco do Grammy em toda a sua história.

Daft Punk, Stevie Wonder, Pharrell Willians e Nile Rogers (2014)

A execução de Get Lucky, um dos maiores (e um dos últimos, o que o torna ainda mais especial) hits do Daft Punk, ao lado de Pharrell Williams e Nile Rodgers, ambos artistas convidados na gravação da música, adicionada a presença premium de Stevie Wonder, torna este encontro um dos mais importantes, não só do Grammy, mas da história da música, como um todo.

Com direito a medleys de músicas do Chic (de Nile Rodgers) e Stevie, a apresentação provocou uma catarse na plateia, onde se vê gente como Steven Tyler (Aerosmith), Paul McCartney e Ringo Starr dançando horrores.

Prince e Beyoncé (2004)

Purple Rain, mostruoso sucesso de Prince lançado em 1984, tem algo em sua construção que a faz uma música para arrancar o coração de qualquer plateia, quando executada ao vivo. Talvez seja o crescendo que antecipa o refrão, cantado em desespero, como se o artista fizesse desaparecer da sala de espetáculo todo o oxigênio disponível, devolvendo-o, em uma grande e putente lufada, o ar aos pulmões de todos ao ouvirmos purple rain, puuuurple rain!

É doidimais, como dizem nossos amigo mineiros. Quando o Grammy resolveu unir Prince e Beyoncé para abrir a cerimônia de 2004, acompanhados de banda e orquestra, o Staple Center sentiu o peso. Em performances vocais estupendas, a dupla tira cada gota de suco desta divina laranja que é Purple Rain.

Fica difícil não se emocionar.

Aretha Franklin – Nessun Dorma (1998)

Aretha Franklin tem plena noção da sua grandeza no mundo da música. A história que envolve sua apresentação no Grammy de 1998 é sensacional.

Luciano Pavarotti estava escalado para o show, mas não pôde participar de última hora, graças a uma inflamação na garganta. Quando a diva recebeu o convite para substituí-lo, poderia levar sua banda e emocionar o mundo tocando alguns de seus hits supremos, como Respect ou Chain Of Fools.

Mas estamos falando de Aretha Franklin. Ao aceitar o compromisso de última hora, manteve a programação e cantou a ária que estava ensaiada com Pavarotti, Nessun Dorma, último ato da ópera Turandot, de Giacomo Puccini.

O resultado? Veja só!

Amy Winehouse (2008)

Os curadores do Grammy merecem nosso louvor por terem sido rápidos ao convidar a mulher que mudou o mundo, Amy Winehouse, ainda no auge de sua meteórica carreira. A artista apresentou, com presteza técnica, as música You Know I’m No Good e Rehab para um público que a havia acabado de conhecer e, claro, se embasbacar.

A Amy real estava lá, com sua sedução junkie, sua inteligência vocal única e a mais charmosa banda de acompanhamento de que se tem notícia.

Gorillaz, De La Soul e Madonna (2006)

Menos inspirada do que a doideira feita pela turma do Daft Punk, a seleção formada por Gorillaz, no auge do deslumbre com sua persona gráfica, Madonna e De La Soul ganha todos os pontos pela importância de suas carreiras em diferentes cenas.

Os Gorillaz abrem o trabalho (que, no caso, foi a abertura da cerimônia) timidamente acompanhados pelos ícones do hip-hop, e passam a bola para Madonna e sua banda, que tomam conta do rolê. Apesar de ser muito mais um palco dividido entre duas performances do que a únião de artistas em um número própriamente dito, vale o show!

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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