Defected Foto: Reprodução

Defected, a gravadora que colocou a house music no topo do mundo, faz 25 anos

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Label anuncia pacote com 25 lançamentos colaborativos de artistas que fizeram sua história

Quando surgiu, há 25 anos, a Defected Records tinha um plano ambicioso. Ser um dos maiores selos de house music do planeta. Simon Dummore, que já trabalhava nas gravadoras AM:PM e Cooltempo, resolveu partir em sua própria empreitada, em que destilaria toda sua paixão pelo mais negro dos gêneros da dance music.

Em 1999, já se contabilizavam 13 anos desde que Eddie Richards, Marshal Jefferson e Colin Faver mostraram aos festeiros londrinos o som que fazia a cabeça da juventude marginal norte-americana. Mas Dummore sabia que, na cidade, muito lenha ainda havia para ser queimada.

Com a agendinha de contatos debaixo do braço (na época, era assim que guardávamos os números de telefone), foi à luta e botou nas lojas de disco seu primeiro o release, a bolacha 001, com a música Can’t Get Enough, dos Soulsearcher, avatar de Marc Pomeroy. Bingo! A faixa de estreia já alcançou o quinto lugar do UK Singles Chart, a contagem oficial da indústria britânica.

Sua segunda aposta, Another Chance, do já consagrado Roger Sanchez, levou a medalha de ouro. Primeiro lugar, no mesmo ranking.

Não se tratava de uma surpresa, ou um bilhete premiado. Dummore já tinha na manga a experiência, o tino comercial e, principalmente, os contatos com artistas e imprensa trazidos da AM:PM. Sabia, também, para que lado estava soprando o vento.

Apesar de o disco do Soulsearcher ser uma honraria à house clássica nova-iorquina, o de Sanchez já apostava para o house mais comercial, com influências da chamada “filtered house” produzida por artistas franceses como Saint German e Dimitri From Paris. Music Sounds Better With You, do também francês Stardust (trio que tinha Thomas Bangalter, do Daft Punk), havia saido um ano antes e ganhado o mundo.

Calçada com os dois pés nos sucessos dos primeiros releases, a Defected deslanchou. Tornou-se uma supergravadora no mainstream da música eletrônica, focada na música comercial, mas sempre apontando ao público onde estavam suas raízes. Que nos digam as faixas To Be In Love (do Masters at Work, projeto de Louie Vega e Kenny Gonzales), e Finally (do Kings Of Tomorrow), dois hits supremos do estilo, incluindo nas pistas do underground — ou as tracks do brasileiro Vintage Culture que saíram por ela nos últimos anos.

O sucesso da gravadora foi tamanho, que precisou se desdobrar em nada menos do que 30 sublabels. E foram nesses quartinhos do seu labirinto que ela ousou, experimentou e fez sucesso. Além disso, licenciou sua marca de festas para alguns eventos pelo mundo, inclusive por aqui.

Pacotão de 25 anos

A Defected prometeu reunir a nata dos produtores que já passaram pela gravadora para um portentoso pacote de 20 releases, chamado Toghether — todos “colaborativos”, como anunciou a label —, engrossando ainda mais o caldo da festa de aniversário. Novas músicas e remixes estão prometidos, e o primeiro teve seu pavil aceso justamente neste 19 de janeiro.

Sam Divine, Hannah Wants e a cantora Jem Cooke dão partida à coleção de lançamentos, com o single Cruel Intentions, bem na linha pop com tempero clássico que é a marca da gravadora.

Na semana que vem, dia 26 de janeiro, é a vez de Masters At Work presentear o selo. Semanalmente, um novo disco, passando o pente (não tão fino) no casting desta corporação da house music.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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