As artistas brasileiras estão no rock desde o seu nascimento. Dentre as milhares de compositoras, cantoras e musicistas, selecionamos 50 mulheres históricas que você precisa conhecer ou redescobrir.
Mulheres do rock brasileiro. Resgatar a história do rock nacional escrita por mulheres é deslocar as mulheres do lugar de objeto e transformá-las em sujeito. Assim como nos Estados Unidos, o rock também nasceu de uma mulher por aqui. Esse resgate é importante para que nos lembremos sempre que as mulheres estão presentes em todos os momentos históricos. Só precisam ser lembradas. Conheça 50 mulheres que escreveram e escrevem a história do rock nacional.
Vale lembrar que listas desse tipo são sempre problemáticas; sempre parece uma competição, alguém sempre fica de fora e isso pode fazer parecer que certas mulheres não têm relevância. E não é essa a intenção. Meus critérios para a seleção foram embasados no meu gosto e nas minhas minhas afinidades musicais. O objetivo é celebrar a história das mulheres, e nunca excluí-las ou tratá-las como mero objeto comercial. Afinal, enquanto mulheres musicistas, somos sujeitas e protagonistas da história. Todas nós fazemos parte disso.
Déc. 50 – 60
Nora Ney (1922-2003)
O rock brasileiro também nasce de uma mulher. Embora Nora seja lembrada por sua carreira no samba-canção, foi ela quem lançou o primeiro disco de rock no país. O ano era 1955 e o filme Sementes de Violência fora recentemente lançado. A gravadora Continental não perdeu tempo: convidou Nora, que gravou a canção Rock Around the Clock, que compunha a trilha sonora do filme, lançada sob o título Ronda das Horas.
Heleninha Silveira (1931)
O lançamento meteórico da canção interpretada por Nora enfureceu a Odeon, que não deixou barato. No mesmo ano, Heleninha Silveira foi convidada para gravar a versão da música em português, também intitulada Ronda das Horas. A canção não emplacou pois a juventude já estava encantada com a versão de Nora. Mas o registro é interessantíssimo.
Celly Campello (1942-2003)
Celly estreiou na música ao lado do irmão, Tony, em 1958. Mas seu sucesso veio, de fato, em 1959, quando ela lançou a versão em português da canção Stupid Cupid. A partir daí, Celly se tornou a rainha do rock dançante no país. É graças a ela que o rock brasileiro começa a moldar sua própria identidade, abrindo caminho para a futura Jovem Guarda. Por motivos de força maior (o patriarcado, claro), ela abandonou os palcos no auge da carreira, em 1962, para casar e criar os filhos.
Wanderléa (1946)
A primeira guitarra com fuzz no Brasil foi gravada no álbum de Wanderléa: foi na canção Prova de Fogo, escrita por Erasmo Carlos e lançada em 1967. Wanderléa é o maior nome da Jovem Guarda no Brasil, tendo sido cristalizada e estigmatizada como a Ternurinha. Um apelido pouco apropriado para quem trouxe o fuzz para o Brasil.
Sylvinha Araújo (1951-2008)
Sylvinha ficou muito conhecida por ter integrado a Jovem Guarda, tendo lançado um compacto duplo com canções como Minha primeira desilusão em 1967. Entretanto, é no disco Silvinha, de 1971, que a cantora explora ao máximo sua incrível extensão vocal em canções imersas em grooves e no fuzz de Lanny Gordin.
Regiane (1941-2017)
Aluna de Teotônio Pavão, Regiane aprendeu a tocar violão muito cedo e logo começou a se apresentar em festas promovidas pelo seu professor. No final da década de 50, ela foi lançada na Rádio Jovem Pam como “a cantora misteriosa” e seu nome artístico foi escolhido pelos ouvintes da rádio. Entre 1958 e 1960, ela lançou dois singles (em inglês) e um compacto duplo. Abandonou a carreira, assim como Celly, para se casar.
Martinha (1949)
A cantora e compositora surge no cenário da Jovem Guarda em 1966 com o compacto Eu te Amo Mesmo Assim, que fez enorme sucesso no ano seguinte. Martinha se destacou por ser uma grande compositora, enquanto a maioria das cantoras da Jovem Guarda eram apenas intérpretes. Sua canção Só sonho quando penso que você sente o que eu sinto foi gravada por Erasmo Carlos em 1967, no álbum homônimo do cantor.
Vanusa (1947-2020)
Vanusa fez sua primeira aparição no programa Jovem Guarda, da TV Excelsior, em 1966. Dois anos mais tarde, ela lançou seu primeiro disco pela RCA, fazendo sucesso com a canção Pra Nunca Mais Chorar. Mas o auge do rock de Vanusa foi a canção What to Do, de 1973, supostamente plagiada por Black Sabbath (que lançou Sabbath Bloody Sabbath poucos meses depois). A cantora disse, há alguns anos, que se tratou apenas de uma “coincidência musical”. Uma coincidência maravilhosa, diga-se de passagem!
Déc. 70
Rita Lee (1947)
A rainha do rock brasileiro é uma das artistas mais versáteis da nossa história. Desde a explosão com o Mutantes, em 1968, até seu último álbum solo, Reza (2012), Rita já passeou por todos os estilos e experimentações musicais, além de abrir as portas do rock para as mulheres falarem abertamente sobre suas próprias questões sociais e sexuais em primeira pessoa. Desde a aposentadoria dos palcos, em 2012, ela se dedica à escrita e ao ativismo pela causa animal. Impossível não amar.
Lucinha Turnbull (1953)
Simplesmente a primeira guitarrista do Brasil. Lucinha começou a tocar em 1966, quando tinha 13 anos. Fã do programa do Ronnie Von, ela ia assistir a todas as edições na plateia. Foi lá que conheceu os Mutantes e se encantou. A parceria com Rita Lee começou na década de 70, depois que Lucinha voltou de Londres. Elas formaram a Cilibrinas do Éden para tocar no festival Phono 73, em São Paulo. O projeto foi o embrião do Tutti Frutti. Além de muitas parcerias, Lucinha tem um disco solo, Aroma, lançado em 1980.
As Frenéticas
Grupo vocal que explodiu no auge da era new wave e disco, as Frenéticas lançaram seu primeiro disco em 1977, produzido por Liminha. Mais de 500 mil cópias foram vendidas e elas ganharam disco de ouro da gravadora WEA. Perigosa, uma das canções mais conhecidas do grupo, é uma canção escrita por Nelson Motta, Rita Lee e Roberto de Carvalho — que tocara com o grupo desde sua formação.
Jane Duboc (1950) – Bacamarte
Embora seja conhecida por sua carreira na música romântica dos anos 80, foi no rock progressivo que Jane Duboc estreou. Tendo estudado música nos EUA durante a década de 60, ela esteve à frente da banda Bacamarte, formada em 1974. O único álbum, Depois do Fim (gravado em 1979 e lançado em 1983) é muito aclamado pela crítica no exterior. Jane deixou a banda pouco tempo depois, para seguir carreira solo. Estima-se que ela já tenha feito participação em mais de 100 álbuns de artistas brasileiros.
Baby do Brasil (1952)
Baby nasceu para a música. Aos 14 anos, burlando a rigidez dos valores familiares, ela aprendeu a tocar violão e decidiu que queria ser artista, chegando a vencer um festival de música de Niterói. Sua família se opôs a ideia e Baby, aos 17 anos, fugiu para Salvador, cidade que começava a ter destaque no cenário nacional do rock. Passando por dificuldades, ela cantava em bares em troca de comida. Foi assim que ela conheceu Moraes Moreira e os Novos Baianos nasceram. Baby, ao lado de Pepeu Gomes, tem uma vasta carreira solo, na qual percorreu diversos estilos, sempre encorpando o rock aos ritmos brasileiros.
Umas e Outras
Umas e Outras foi um trio vocal formado por Regininha, Dorinha Tapajós e Málu Ballona em 1970. Elas já cantavam juntas com o conjunto A Turma da Pilantragem e, após a dissolução do grupo, decidiram formar o Umas e Outras. Lançaram um único disco, homônimo, produzido por Nelson Motta, que conta com sonoridades de um nascente rock psicodélico em meio às vozes únicas das cantoras.
Luiza Maria (19??)
Dona de um rock psicodélico que contou com canções escritas por Paulo Coelho, Rick Ferreira e Raul Seixas, Luiza Maria lançou o álbum Eu Queria Ser um Anjo em 1975. Na mesma década, ela foi vocalista das bandas de Tim Maia e Ivan Lins. Nos anos 80 e 90, Luiza participou como cantora e compositora de trilhas sonoras para a Globo e, em 1993, lançou o álbum Tarântula.
Ana Guedes (19??) – Perfume Azul do Sol
Ana esteve à frente de uma das bandas mais subestimadas do rock psicodélico regionalista brasileiro, a Perfume Azul do Sol. A banda lançou um único (e maravilhoso) disco em 1974, intitulado Nascimento. Em 2017, o selo Pedra Tempo Animal relançou o disco em uma edição limitada de 500 cópias. Infelizmente, pouco se sabe sobre a vida de Ana e dos outros integrantes.
Angela Ro Ro (1949)
É possível que Angela seja o maior nome do blues brasileiro. Dona de um timbre vocal rouco (foi daí que veio seu nome artístico) e inconfundível, ela começou a estudar piano clássico aos 5 anos. Durante a década de 70, seu pai a enviou para a Inglaterra, onde Angela começou a compor e cantar em pubs, tendo contato com o modo de vida da cena musical underground, como hippies e anarquistas. Voltando ao Brasil, lançou seu primeiro álbum em 1979, com destaque para a canção Amor, Meu Grande Amor.
Déc. 80
Taciana Barros – Gang 90
Taciana, ao lado da Gang 90, foi uma das precursoras da new wave por aqui. Aos 15 anos ela já tocava em uma banda de baile que fazia apresentações fixas em um bar de Santos. Foi lá que ela conheceu a Gang 90, que estava procurando uma tecladista para substituir Alice Pink Pank. Com a banda, Taciana compôs e lançou dois discos clássicos: Rosas e Tigres (1985) e Pedra 90 (1987). Além de parcerias com Edgar Scandurra (como o projeto Pequeno Cidadão), Taciana tem um álbum solo, lançado em 1995, e trabalha como diretora de arte.
Virginie Boutaud (1963) – Metrô
Antes de ser Metrô, a banda liderada por Virginie se chamava A Gota Suspensa e fazia um som experimental com influências progressivas. Em 1984, lançaram um álbum homônimo, que mais tarde se tornou um clássico cult. Após se apresentarem no festival de música de Águas Claras, eles chamaram a atenção das gravadoras e assinaram com a CBS e se tornaram a Metrô, banda icônica de new wave com influências de Blondie, B-52’s e Kraftwerk.
Marcia Bulcão (1963) e Fernanda Abreu (1961) – Blitz
Marcia e Fernanda foram as mulheres que fizeram os backing vocals serem uma arte à parte. A Blitz foi formada em 1981 e já no ano seguinte gravaram o álbum de estreia, As Aventuras da Blitz 1, que vendeu mais de 100 mil cópias. A banda fez um sucesso estrondoso e imediato, participando de trilhas de sonoras de novela e até do Rock in Rio de 85. Após a saída da banda, Fernanda Abreu seguiu uma sólida carreira solo e Marcia se formou em licenciatura em música, além de integrar o grupo Djambo Trio.
Marina Lima (1955)
Marina estreou na música como compositora. Em 1975, ela musicou o poema Alma Caiada, de seu irmão, Antônio Cícero. Maria Bethânia gravou a canção no ano seguinte, mas foi barrada pela censura. Em 1977, Marina escreveu Meu Doce Amor, gravada por Gal Costa. O primeiro disco de Marina foi Simples como Fogo, de 1979, que contava com canções compostas em parceria com o irmão. Ela foi a primeira mulher a assinar com a Warner. Sua versão de Garota de Ipanema foi o primeiro clipe a ser exibido na MTV Brasil, em 1990.
Volkana
Volkana é uma banda lendária do heavy metal brasileiro. Surgida em 1987, foi uma das primeiras bandas do estilo a contarem só com mulheres na formação, o que incentivou e representou uma geração de mulheres. Após lançarem a demo Thrash Flowers, no fim da década de 80, elas lançaram o primeiro álbum, First, em 1990. Depois de três álbuns e um longo hiato, a banda retornou às atividades em 2017.
Vange (1963-2014) – Nau
Vange começou sua carreira com a banda de pós-punk Nau, em 1985, lançando um disco homônimo em 1987. Na carreira solo, Vange despontou com seu primeiro álbum solo lançado pela Sony em 1991. A canção Noite Preta foi tema de abertura da novela Vamp. A companheira de Vange, Cilmara Bedaque, co-escreveu várias canções com ela. Juntas, fundaram a Medusa Records em 1996. Vange também foi escritora e ativista lésbica.
Paula Toller (1962) – Kid Abelha
Paula soube que queria ser artista ao ver a Gang 90 na TV. Ela entrou para o Kid Abelha e Os Abóboras Selvagens no começo dos anos 80 e eles gravaram uma demo em 1982. A canção Distração tocou na rádio Fluminense FM e foi sucesso imediato. O primeiro álbum, de 1984, Seu Espião, já conta com os hits que marcaram a trajetória da banda. Paula também trabalha em carreira solo desde 1998, com 4 discos lançados.
Sônia Abreu (1952-2019)
Sônia foi a primeira DJ do Brasil. Ela começou na época em que o termo DJ nem existia: era “sonoplasta”. Daí o apelido Soniaplasta. Foi produtora da rádio Excelsior entre 1968 e 1978, além de ter trabalhado na Rádio USP e Rádio Globo. Na década de 80, Sonia — grandiosa demais para ficar em um só lugar — teve uma rádio ambulante chamada Ondas Tropicais, que circulava por São Paulo tocando música. Em sua última apresentação, no ano passado, ela comandou a pista de uma cadeira de rodas na Galeria Olido.
Mercenárias
Um dos maiores nomes do punk nacional, as Mercenárias surgiram em 1982, 5 anos depois de as membras se conhecerem durante uma ocupação na faculdade. Lançaram o primeiro álbum, Cadê As Armas?, pelo Baratos Afins em 1986. A boa recepção do disco fez a banda se destacare na cena punk masculina de São Paulo, resultando em shows e em uma apresentação na TV Cultura. Em 1987 elas lançaram Trashland e a banda acaba pouco tempo depois. A banda retornou aos palcos nos anos 2000 e hoje estão na ativa com uma nova formação que conta com Michelle Abu e Marianne Crstani.
3D
A 3D foi a primeira banda punk gaúcha formada exclusivamente por mulheres. Pouco se tem registro sobre aquela época, além de uma fita ao vivo de 1988. Em 2016, a banda retornou com uma nova formação e Polaca é a única integrante original. No mesmo ano, elas gravaram um disco com 11 músicas pelo selo Nada Nada.
Wania Forghieri, Anna Ruth, Marinella Setti (Cabine C, As Garotas Que Erraram)
A banda de pós-punk/gótico fundada em 1984 inicialmente contava com Wania nos teclados e Sandra Coutinho (das Mercenárias) no baixo. Dois anos mais tarde, a banda contou com uma nova formação para gravar e lançar seu único álbum, Fósforos de Oxford; Anna assumiu o baixo e Marinella, a bateria. A banda chegou a trabalhar em um segundo álbum, que nunca foi concluído, pois o grupo se dissolveu em 1987.
Déc. 90
Alexandra Briganti e Eliane Testone – Pin Ups
A Pin Ups é uma das bandas pioneiras do rock alternativo brasileiro. Alexandra (baixo e vocal) e Eliane (guitarra) ingressaram quando a banda já estava formada, e pode-se dizer que isso foi fundamental para a consolidação da identidade da Pin Ups. O quinto álbum, Lee Marvin, de 1997, é um disco indispensável que já nasceu um clássico. Após um hiato, a banda lançou, no ano passado, o disco Long Time No See, aguardadíssimo pelos fãs. A espera valeu muito a pena.
Lê – Gritando HC
Gritando HC é uma das maiores bandas da cena punk dos anos 90. Lê já integrava a banda desde o começo, em 1996, mas após a morte do vocalista Donald ela assumiu definitivamente a liderança da banda. O trabalho mais recente é um enérgico álbum ao vivo, lançado neste ano.
Érika Martins
Érika é uma artista que desde a banda Penélope mostra uma habilidade em transitar por diversos estilos musicais. O álbum de estreia do grupo, Mi Casa, Su Casa (1999) vendeu 50 mil cópias e levou a banda ao Rock in Rio no ano seguinte. Após o fim da Penélope, Érika passou a se dedicar à carreira solo, além do trabalho com o Autoramas. No ano passado, ela lançou dois ótimos singles que despertaram a expectativa para um full muito em breve.
Dominatrix
Pioneiras do movimento riot grrrl no Brasil, a Dominatrix surgiu em 1995. Após o lançamento de algumas demos, elas lançaram Girl Gathering em agosto de 1997 — que vendeu todos os exemplares alguns meses depois e foi um disco fundamental para a formação musical e política de muitas mulheres aqui citadas. Em 2007, celebrando 20 anos do lançamento do primeiro álbum, a banda fez shows memoráveis em festivais de São Paulo.
Cássia Eller
Dona de uma das maiores vozes da história da nossa música, Cássia já cantou de tudo: forró, ópera e até um espetáculo com Oswaldo Montenegro em 1981. Oito anos mais tarde, Cássia (com a ajuda do tio) levou uma fita demo com uma versão da canção Por Enquanto, de Renato Russo à PolyGram. Contratada, ela lançou seu disco de estreia em 1990, vendendo mais de 60 mil cópias. Dali para frente foram inúmeros sucessos e parcerias; suas músicas estiveram presente em mais de 15 novelas e seu último álbum lançado em vida, Com Você… Meu Mundo Ficaria Completo (1999), vendeu mais de 100 mil cópias.
Bulimia
A importância da banda de Brasília é inversamente proporcional à sua duração. Em atividade de 1998 a 2001, a Bulimia lançou um único e fulminante álbum, Se Julgar Incapaz Foi o Maior Erro que Cometeu (2001), entrando de voadora na cena punk e masculina da época. O disco, que nasceu clássico, despertou — e ainda desperta — as mulheres para assuntos como relacionamentos abusivos, violência masculina e revolução feminista.
TPM
Outra banda fundamental para o movimento riot grrrl brasileiro, a TPM nasceu no ano de 1997 em São Paulo. Além de demos, elas lançaram um disco homônimo em 1999. Quase duas décadas depois do lançamento, o disco permanece mais atual e necessário do que nunca.
Isabel Monteiro – Drugstore
Isabel criou a Drugstore em Londres no ano de 1993, e logo lançaram o primeiro compacto de maneira independente. O trabalho foi muito bem recebido e a banda começou a ter espaço na cena europeia e nos EUA. Depois de assinarem com a GoDiscs, a banda fez turnê com bandas como Smashing Pumpkins e Jeff Buckley e gravou com Thom Yorke. Em 2015, eles foram muito bem-recebidos no Brasil para alguns shows esgotados.
Déc. 00 – atualmente
Pitty
Pitty é certamente a mulher mais bem-sucedida (em termos comerciais) do rock brasileiro. Começou tocando bateria em uma banda de punk e hardcore de Salvador, depois partiu para a Inkoma, com quem gravou o disco Influir em 2000. Em 2002 ela iniciou sua carreira solo, lançando Admirável Chip Novo no ano seguinte. O álbum vendeu mais de 800 mil cópias, alcançando o topo das paradas de sucesso brasileiras. Pitty subverteu a lógica da música pop de massa e fez questão de se inserir no universo mainstream e masculino cantando sobre desigualdades sociais e alienação. Um feito quase impossível de se imaginar nos dias de hoje.
Meg Stock – Luxúria
Meg criou a banda, que se chamava Boneca Inflável, em 2003. Eles ganharam notoriedade após abrirem um show da Pitty em Jacareí, e a partir disso passaram a rodar o país tocando em vários festivais e gravando um álbum em 2006. A banda acabou por se tornar um projeto de Meg, mudando o nome para Megh Stock.
Bianca Jhordão – Leela
A Leela surgiu no ano 2000, após o fim da banda Pulox. No começo de 2001 eles lançaram uma demo e tocaram em diversos festivais pelo Brasil, além de abrir o show de Avril Lavigne em 2005. Desde o ano passado, Bianca e a Leela têm lançado alguns singles e clipes nas plataformas digitais, gerando a expectativa por um álbum novo. No YouTube da banda, Bianca também comanda o LeelaLive.
Vanessa Krongold – Ludov
Vanessa esteve à frente da banda de indie rock Ludov desde 2002. A banda ficou conhecida após ganharem espaço (e prêmios) na MTV. O último álbum, Miragens, foi lançado em 2014, e depois disso a banda deu uma pausa. Vanessa lançou seu primeiro disco solo há um mês, intitulado Singular.
Nervosa
Responsável pelo show mais arrebatador da última edição do Rock in Rio, a Nervosa surgiu em 2010. O primeiro álbum da banda, Victim of Yourself (2014) levou a banda para uma turnê mundial. Em 2020, a banda mudou de formação e Prika Amaral é a única integrante original. Elas agora são um quarteto.
Bertha Lutz
Banda mineira de hardcore feminista/dykecore formada por mulheres em 2008. Em 2018, elas celebraram os dez anos de banda com um EP comemorativo, Minha Resistência é Minha Revolução, realizado através de um financiamento coletivo. A Bertha Lutz resgata o que há de mais necessário no cenário punk: a resistência é preta e lésbica; e a luta continua.
Flávia Biggs (The Biggs)
A importância de Flávia vai muito além da atuação no campo musical: ela é alguém que usa a música como ferramenta de mudança social. Através do projeto Girls Rock Camp, centenas de meninas e mulheres (na versão adulta) descobrem que o rock é lugar para mulheres e que só nos fortalecemos unidas. Flávia é vocalista, guitarrista e compositora da The Biggs, power trio de punk enérgico e feminista que há duas décadas inspira meninas e mulheres a tocar.
Flavia Couri (The Courettes)
Conhecida por sua atuação como antiga baixista do Autoramas, Flavia Couri começou na música no final da década de 90, em uma banda chamada ELEPe. Em 2004 fez parte da banda do cantor China, além de tocar com Baby do Brasil. Ela entrou para o Autoramas em 2008, banda com a qual rodou o mundo e, em 2015 mudou-se para a Dinamarca. Desde então ela é a vocalista e guitarrista de do duo de garage punk The Courettes, que vem ganhando destaque na cena underground europeia.
The Monic
A The Monic surge após o fim da BBGG, no final de 2017. Elas lançaram o primeiro álbum, Deus Picio no ano passado, após alguns singles e clipes que já anunciavam o grunge à la anos 90 que a banda traria. Durante essa quarentena, a The Monic tem lançado versões acústicas deliciosas das músicas de seu álbum.
Letícia Lopes (Trash No Star)
Letícia é uma das maiores agitadoras culturais do Rio de Janeiro. À frente da banda de garage punk Trash No Star desde 2010, ela também é produtora da Motim (uma casa de shows e cultura na cidade) e do selo Efusiva, que visa fomentar e lançar bandas de rock de mulheres do Brasil todo. Recentemente, a Trash lançou uma versão-quarentena da canção Ficar Bem.
Charlotte Matou um Cara
A banda de punk feminista surge em São Paulo em 2015, com canções ácidas de letras extremamente doloridas mas necessárias. Tanto os singles como o álbum homônimo da banda, lançado em 2017, são um respiro em meio à despolitização e masculinização da cena punk atual, unindo e convocando cada vez mais mulheres para se unirem a elas.
Karen Dió (Violet Soda)
Líder de uma das bandas que mais vem tendo destaque no cenário atual, Karen passou por algumas bandas antes de chegar à Violet Soda. Em 2017, ela lançou o single Do It e acabou compondo outras canções que resultaram na sua atual banda. O último lançamento foi o maravilhoso EP Hang In There, que veio ao mundo durante a quarentena.
Ratas Rabiosas
Banda de anarcopunk feminista surgida em 2013, as Ratas Rabiosas são mulheres fundamentais na cena (ainda masculina) hardcore de São Paulo e do Brasil, trazendo à tona debates sobre violência masculina, assédio e desigualdades sociais. Elas gravaram a primeira demo em 2014 e, em agosto desse ano, estrearam o álbum Guerra Urbana; um disco necessário para se enfrentar tempos como estes.
Blastfemme
Punk, noise, disco… É difícil definir o som da Blastfemme, banda formada em 2016 no Rio de Janeiro. Em 2018, elas fizeram uma turnê pela China e participaram do Festival Bananada. No ano passado, após a participação no Festival Aldeia Rock, o grupo lançou o primeiro e surpreendente disco homônimo. Difícil escutar uma só vez.