B2B? Live? Open format? 10 termos para se familiarizar com o universo da música eletrônica
Uma parceria entre a Gop Tun e o Music Non Stop
O Gop Tun Festival está chegando, repleto de B2Bs e performances live. Para quem curte música eletrônica, esses termos estão mais do que incorporados ao seu vocabulário pessoal, mas quem vê de fora pode se assustar com a quantidade de expressões “estranhas” — embora algumas delas tenham sido abraçadas até mesmo pelos dicionários da língua portuguesa.
Segundo o Houaiss, por exemplo, a palavra clubber define o “frequentador de raves e casas noturnas que tocam música eletrônica”. Faz sentido que ela já tenha sido incorporada pelos volumes que registram nosso léxico, afinal é um termo que é de uso pelas pessoas e a mídia brasileiras desde a década de 1990.
O jargão desse universo é coalhado de termos da língua de William e Kate. O motivo é óbvio: as origens de muito do que consumimos e vivemos no rolê, da parte técnica às influências estéticas, vem do eixo Estados Unidos–Reino Unido. Aqui no Brasil, também gostamos de um termo em inglês (se você trabalhar com publicidade ou TI, multiplique isso por dez). Para efeito de comparação, veja como fazem nossos irmãos lusófonos em Portugal. Lá, mixer é “mesa de mistura”, e CDJ é chamado de “multileitor DJ”.
Pensando nisso, o Music Non Stop separou algumas das palavras e dos nomes que fazem parte dos dias e noites da música eletrônica, na esperança de que nosso Houaiss fique mais antenado.
Back to Back (ou B2B) – É quando dois DJs tocam um set juntos. Isso pode acontecer de vários jeitos: pode ser tanto uma formação permanente (caso da dupla Eris Drew e Octo Octa) como algo que acontece de improviso, no calor do after, e seja o que Deus quiser. O B2B às vezes pode ter um ar de batalha, quando os DJs competem para ver quem levanta mais a pista, mas as combinações são aqueles em que um funciona como complemento do outro (que é o que fazem as DJs Roza Terenzi e ISAbella).
Break – É o momento de calmaria antes da tempestade. Aquela parte da música com menos elementos, que te dá a oportunidade de um pequeno descanso antes de voltar com tudo no drop.
Drop – Drop é “deixar cair”, em inglês. Alguns dos momentos mais felizes de clubbers e ravers dançarinos é quando, logo após o esvaziamento dos elementos de uma música, despenca da caixa de som um groove que vem como voadora no peito. São aquelas horas em que a pista parece um estádio de futebol na hora do gol.
Edit – Editar uma música para deixar um trecho mais longo ou remover uma parte que não soa tão bem na pista de dança é uma prática comum entre DJs desde os anos 1970. Só que, naquela época, esse procedimento envolvia usar giletes para cortar as fitas de rolo das gravações. O que demorava horas passou a ser feito em minutos graças aos softwares contemporâneos. E o termo passou a abranger também versões que acrescentam novos elementos na música, aproximando-o do remix.
Front – O disputado gargarejo do DJ é onde loucura e animação atingem níveis de alta intensidade. E quem não for acompanhar que saia da frente — melhor dizendo, do front.
Ghost producer – Muitas celebridades se utilizam de um ghost writer quando resolvem lançar um livro, pois não saberiam juntar dois parágrafos que fizessem sentido. O “produtor fantasma” é o equivalente da música eletrônica desse profissional. É bem mais comum do que se imagina, afinal o mercado exige que DJs lancem músicas, mesmo que eles não tenham a menor afinidade (ou vontade) de ir para um estúdio.
Live (ou live P.A.) – O DJ é aquele que executa uma performance a partir de faixas pré-gravadas. Entretanto, há diversos artistas de música eletrônica que preferem apresentar ao vivo a construção de suas próprias músicas, usando computadores, sintetizadores, vozes e outros instrumentos. Estes não fazem DJ sets ou discotecagens, mas se apresentam no formato live P.A. — carinhosamente apelidado de live. No Gop Tun Festival, teremos Octave One, Kauan Marco e Marie Davidson apostando no formato. Há também os sets híbridos, que misturam as duas coisas.
Open format – Existem aqueles DJs que adoram subdivisões na hora de descrever seu som: “eu toco um deep com toques de minimal em 128 BPM, podendo chegar a um prog tech a 130 BPM”. O DJ de “formato aberto” tende a ser uma pessoa mais feliz, porque ele foca muito mais na inclusão do que na separação. “Isso é legal, mas foge muito do que eu toco”, diz o DJ nichado. “Que legal isso, já vou por no set”, pensa o open format.
Turntablism – Apesar de usarmos picape (que vem de pick-up) como sinônimo de toca-discos, nos países de língua inglesa só se fala em turntable. É daí que vem o turntablism, um tipo de performance em que discos de vinil são manipulados com precisão de joalheiro, e músicas são desconstruídas em nanopartículas de som por scratches (os populares arranha discos) milimétricos.
Warm-up – Como você vai ler muito por aí, “é uma arte”. Pegar um ambiente onde só tem praticamente o staff do rolê, ligar a aparelhagem e construir uma pista de dança é uma habilidade que requer repertório e bom senso. Um warm-up que faz jus ao nome prevê uma seleção que seduz sem entregar muito, que anima na medida certa. Ou seja, nada de muito peso, rapidez ou hits do meio da noite. A regra é clara: esquentar sim, queimar a largada nunca.
Gop Tun Festival
Marcado para este sábado, 20, no Live Stage Canindé, o terceiro Gop Tun Festival traz expoentes da house e do techno mundial, como Octave One, Helena Hauff, Octo Octa & Eris Drew, CEM, MCMLXXV, Gigola e Marie Davidson, além de brasileiros que têm feito bonito no país, como Crazed (BR), Kontronatura, FELIX, Capetini, Ananda e Peroni. Ainda há ingressos disponíveis pela Ingresse.
Idealizado por Bruno Protti, Caio Taborda, Fernando Nascii e Gui Scott, o Gop Tun é um coletivo e selo musical fundado em 2012 com o objetivo de criar e difundir espaços para a música eletrônica, sempre de olho nas novas tendências musicais e diversificando os espaços a fim de encontrar “a melhor pista”.
Conhecido pela curadoria musical em suas festas, produziu alguns dos maiores eventos da cena eletrônica nacional, como o Dekmantel Festival São Paulo, e showcases do selo, que já passaram por Lisboa e Berlim. Saiba mais sobre a trajetória do grupo aqui!
Serviço
Gop Tun Festival 2024
Data: 20 de abril de 2024 (sábado)
Horário: das 15h às 08h
Local: Live Stage Canindé – Rua Comendador Nestor Pereira, 33, São Paulo/SP
Ingressos: via Ingresse
Mais informações no site oficial
Atrações
Main Stage – 15h até as 08h
15h – Mary Roman
17h – Paulete Lindacelva
19h – Bárbara Boeing
21h – Gop Tun DJs
23h – Octave One (live)
00h30 – Octo Octa & Eris Drew
03h – Roza Terenzi B2B ISAbella
05h30 – Palms Trax
08h – Fim
Palco Supernova – 17h até as 08h
17h – Peroni
19h – Capetini
21h – Ananda
23h – Cashu
01h – Helena Hauff
03h – Surgeon
05h – Herrensauna (CEM & MCMLXXXV)
08h – Fim
Danceteria – 16h até as 08h
16h – Gustavo Keno B2B Lucian Fernandes
18h30 – Kauan Marco (live)
20h – Carlim
22h – Kornél Kovács
00h30 – Larissa Jennings B2B Bea Ferretti
02h30 – Tornado Wallace
05h – Craig Ouar B2B Simon
08h – Fim
Palco Não Existe – 17h até as 06h
17h – Benjamim Sallum
19h – FELIX
20h30 – L’Homme Statue
21h30 – DJ Marcelle
23h30 – Marie Davidson (live)
00h30 – CRAZED (BR)
02h – Kontronatura
03h30 – DJ Gigola
06h – Fim