Músicas grudentas Imagem: Reprodução

O que são as malditas músicas que grudam em nossas mentes? Cientista de Harvard traz a resposta

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Colleen Walsh, da Universidade de Harvard, se dedica a estudar os “earworms”, irritantes melodias que não saem da nossa cabeça — e ainda dá dica de como se livrar deles!

Bate aquele soninho, na hora certa, e você se manda para a cama. Luzes apagadas, travesseiro confortável, enfim uma noite de sono para acordar zerado no dia seguinte. Até que… bum! Aquele pedaço irritante de uma música começa a tocar em loop, dentro da sua cabeça. Você vira para um lado da cama, vira para outro, e a expectativa de um sono rápido e tranquilo cai por terra.

Segundo Colleen Walsh, da Universidade de Harvard, isso acontece com mais de 90% das pessoas. Como devem ser felizes esses 10% que restaram, livres dessa provação. Geralmente, quem escapa dessa armadilha do mau gosto musical é quem sofre de déficit de atenção.

Walsh utilizou ferramentas como a ressonância magnética para descobrir como ocorre a invasão do que ela chama de “earworms” (vermes de ouvido, em tradução livre), pequenos trechos de músicas que simplesmente se instalam em sua cabeça como um virus, e atrapalham todo o seu funcionamento.

Com o desenvolvimento da humanidade, pequenas canções, com melodias simples e, principalmente, repetitivas, foram usadas para acalmar as crianças e transmitir pequenas fábulas de forma oral. São, por exemplo, as canções de ninar. O que ninguém imaginava, no entanto, é que estavam ajudando a criar uma das pragas mais irritantes da vida humana, uma espécie de pernilongo musical.

Quando nosso cérebro reconhece, em alguma canção ouvida durante o dia, similaridades com as características do chamego para dormir, que ouvimos há muitas gerações, ele compreende como algo positivo e seguro, e suga tal pedaço para dentro da mente, jogando uma carriola de areia nas engrenagens funcionais. As versões e a melodia da música são executadas em círculos em nossa memória (o loop), e a vontade que temos é a de tirá-la de dentro de nós a machadadas.

Geralmente, para fazer tal reconhecimento, o cérebro busca melodias simples, tocadas com notas rápidas e repetitivas. Walsh cita, em seu artigo, um ótimo exemplo, de uma canção infantil relacionada a pequenos tubarões, que virou uma verdadeira praga na mente dos adultos nos últimos anos.  Em respeito à sanidade mental, omitiremos o nome da obra e oramos para que você não se lembre dela, enquanto se informa aqui no Music Non Stop.

Como combater as “pragas”

Sabedora do infortúnio causado a quem se infecta por um “earworm”, a cientista dá algumas dicas sobre como se livrar desse círculo vicioso, que podem ser praticadas quando caímos no vórtice da música ruim, seja na cama ou durante o dia.

A primeira delas é tentar ativar outras áreas do cérebro e tirar a energia neuronial do lugar onde lidamos com as memórias infantis. Cálculos, literatura, vale tudo. Também é possível, segundo Walsh, obter bons resultados através da prática da medição mindfullness, utilizada para se alcançar um estado de hiperfoco em alguma atividade.

E, se você é um artista em busca de seu grande sucesso, sugerimos atenção à ética profissional, evitando buscar no estudo dicas para criar mais uma obra capaz de infernizar a humanidade por séculos!

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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