Neste Dia do Radialista, homenageamos dez brasileiros monstros do jornalismo musical radiofônico que você precisa conhecer
Muita coisa não teria acontecido no mundo da música sem a figura do radialista. Desde movimentos culturais inteiros, como o rock’n’roll, nos Estados Unidos, ao acid house, na Inglaterra, até novos artistas, que apareceram graças ao bom gosto de DJs espetaculares, profundos conhecedores de música. A figura do disc-jóquei, que tanto amamos, surgiu justamente nas estações radiofônicas, até que, graças ao seu notório conhecimento sobre os discos, começaram a ser convidados para se apresentar em bares e casas noturnas.
Antes da internet, a rádio era a principal fonte de conhecimento de novos artistas no mundo, mesmo quando a televisão entrou na festa com programas de auditório e, mais tarde, a MTV. Um tempo em que DJs passaram a se tornar referência de conhecimento, muitos com uma base de fãs comparável aos artistas que lançavam.
No Dia do Radialista, 07 de novembro, homenageamos dez brasileiros monstros do jornalismo musical radiofônico que você precisa conhecer!
Sonia Abreu
A matrona da rádio cultural brasileira se enfiou, na maior cara de pau, nos escritórios da rádio Excelsior, gigante nos anos 70, para pedir emprego, e de lá nunca mais saiu. Sonia Abreu foi gigante, propulsora de gêneros musicais como o reggae, a world music, e até mesmo o jungle, apresentando ao país em seus programas na rádio ou em seu soundsystem (pioneiro) chamado Ondas Tropicais.
Jaques Kaleidoscópio
Jaques Gersgorin virou Jaques Kaleidoscópio graças ao nome de seu programa madrugadeiro que apresentava na mesma Excelsior, apresentando novidades do rock mundial que ninguém ainda tinha ouvido no Brasil, em um tempo em que os álbuns lançados nos Estados Unidos e Europa levavam anos para chegar aqui, quando chegavam.
Big Boy
“Hello, crazy people!” Assim, o radialista Big Boy (Newton Alvarenga Duarte) apresentava seu programa nas rádios cariocas e revolucionava a forma de se comunicar com o público, cheio de irreverência. Pioneiro ao transmitir rock’n’roll, pop, soul e funk, o DJ foi um dos responsáveis pela conexão entre o funk e o rock (com a turma das “cocotas”) nos bailes de periferia do Rio de Janeiro. O gigante do radialismo faleceu prematuramente, em 1977, com apenas 34 anos.
José Roberto Mahr
José Roberto Mahr era comissário da extinta companhia aérea Varig. Aproveitava as viagens internacionais para comprar discos nos anos 80, e assim montou a base para o programa de rádio que atravessou gerações cariocas, apresentando música alternativa de todo o mundo, o Novas Tendências. Virou referência de música boa, formou um monte de DJs na cidade e carrega o rótulo de John Peel (icônico radialista da BBC inglesa) brasileiro.
DJ Hum
DJ Hum foi das ruas e dos pátios da São Bento, onde fazia parceria com Thaíde, para a rádio 105 FM e seu programa Festa do DJ Hum, ao sábados à tarde e transmitido até hoje, com décadas de vida. Virou referência na divulgação de pérolas raras do funk, da soul e também do rap nacional.
A turma da maldita
Do nada, uma rádio de Niterói/RJ apareceu para o mundo tocando somente música alternativa. Foi uma revolução. Lançaram bandas como Legião Urbana, Paralamas do Sucesso e Blitz. A ideia veio de três malucos que colaram em uma rádio falida, a Fluminense FM, com uma ideia para revitalizá-la: Sérgio Vasconcellos, Amaury Santos e Luiz Antônio Mello.
O trio já chegou com uma ideia sensacional. A nova Fluminense, que ficou conhecida como “a rádio maldita”, abriria espaço somente para radialistas mulheres, quebrando o patriarcado no meio. Virou um tremendo sucesso, só com música renegada por outras estações, apresentadas na voz de DJs como Renata Ceribelli, Mônica Venerabile e Selma Boiron.
Roberta Martinelli
Com sua voz cool e jeitão intelectual, Roberta Martinelli conquistou um séquito de ouvintes apresentando deliciosas pérolas musicais na rádio Eldorado, onde entrou em 2016 e nunca mais saiu. Roberta começou na rádio em 1981, criada no meio dos malditos da rádio Fluminense. Mas foi em São Paulo que surfou bonito nas ondas do jazz, acid jazz e MPB.
Fabio Massari
Apesar de ter conquistado um enorme sucesso como VJ referência da MTV, onde ganhou o status de “Reverendo da música”, Fabio Massari começou na rádio 89 FM, importantíssima na difusão da música alternativa nos anos 90 em São Paulo. Antes de se aventurar na TV, ficou oito anos na rádio, como coordenador artístico da 89 FM e apresentador do programa Rock Report.
Katia Suman
A histórica DJ gaúcha entrou para rádio Ipanema FM em 1983 e fez história no Rio Grande do Sul, apresentando sua leitura da música brasileira. Icônica, pelas palavras do colega Luiz Antonio Ferrareto, seu sucesso vem “graças à sua performance ao microfone nas noites dos 94,9 MHz, quando abre espaço para os, na sua expressão frequente, ‘radiouvintes’, em conversas que variam do hilário a uma profundidade ‘papo-cabeça’, não usual na programação jovem de consumo rápido de outras estações. Na gerência de programação da rádio, Katia aprofunda o posicionamento de mercado da emissora, que passa a se autodefinir como uma estação voltada ao ‘segmento AB Rock Forever Young’, em outras palavras: rock, a música, e atitude rock, a rebeldia, para todas as idades”.
Otávio Rodrigues
Otávio Rodrigues se apaixonou tanto por um estilo musical que, além de ter sido um dos maiores responsáveis pela sua divulgação no Brasil, emprestou seu nome: o Doctor Reggae. O cara fez o primeiro programa do gênero no rádio brasileiro, Roots Rock Reggae (Excelsior FM, 1982), plataforma para a criação do Projeto Jamaica-Brasil, que em 1983, com apoio do governo jamaicano e do African-Caribbean Institute, iniciou uma série de jornadas à ilha caribenha. Olha o tamanho que o reggae chegou no Brasil hoje em dia. Culpa do doutor.