Anitta Funk Generation Foto: Reprodução

Review: Anitta põe na mesa o que para muitos ainda é tabu

Maravilha
Por Maravilha

Lançado na última sexta-feira, 26, “Funk Generation” celebra o funk brasileiro e sua história

Funk Generation é o sexto álbum da multiartista e cantora carioca mundialmente conhecida: Anitta, nossa garota do Rio. O projeto foi lançado na última sexta-feira, 26, pela Floresta Records, Republic Records e Universal Music Latino, e também é seu terceiro disco trilíngue.

A obra, que contou com mais de dez milhões de plays no Brasil em seu primeiro dia, apresenta 15 faixas e 35 minutos que incluem parcerias com Brray, Diplo, Bad Gyal, Dennis, Pedro Sampaio, Tropkillaz e Sam Smith, além de um time pesado de produtores brasileiros e internacionais. Trata-se da primeira empreitada internacional da cantora voltada exclusivamente ao funk; um álbum recheado de camadas estéticas e simbólicas, com muita euforia e sensualidade para embalar noites agitadas em boates do Brasil e ao redor do mundo. O recheio compreende também um conjunto de quebras de paradigmas para mulheres na indústria da música.

Funk Generation celebra a história, diversidade e criatividade presentes no estilo musical brasileiro, passeando por diferentes linguagens sonoras que existem dentro do gênero, desde tendências que marcaram o início do movimento como também sonoridades ligadas à produção atual. Além disso, ela comemora também a sua própria trajetória — que está diretamente conectada com o funk desde o início da sua carreira. Anitta e sua equipe de produtores se inspiraram em diferentes subvertentes, como baile de corredor, proibidão, tamborzão, funk melody e o Miami bass. Entre participações especiais e refrões-chiclete, ela entrega do início ao fim atmosferas dançantes, quentes e animadas, característica já marcante de seu trabalho.

No Instagram, a funkstar celebrou o lançamento com uma publicação em inglês:

O funk é parte da cultura de quem vive nas favelas brasileiras, de onde eu venho. O ritmo já foi muito desvalorizado, e até associado ao crime organizado — isso é uma reflexão do preconceito de classe e do racismo que ainda assombram nossa sociedade. Hoje, eu me sinto realizada e muito feliz de ver que o funk é uma fonte de inspiração para a música brasileira e global. Um gênero com valor, premiado, admirado. Espero que vocês possam dançar, se divertir, cantar e celebrar com o meu novo álbum, um tributo ao poder do funk brasileiro!”.

Seja nas batidas ou no discurso, Anitta põe na mesa o que para muitos ainda é tabu: mulheres têm desejos, empreendem, se divertem, são criativas, sexuais (quando querem) e representam muito mais do que uma sociedade baseada no domínio sobre o corpo feminino consegue imaginar ou lidar.

Essa realidade cercada por dogmas prejudicou a carreira da artista no Brasil por muito tempo, conferindo-a um espaço muitas vezes relacionado a uma ideia de subcelebridade ou até subartista na grande mídia e na indústria do entretenimento. Não é difícil compreender os motivos disso, já que seu trabalho esteve, desde o início, ligado com a cultura da periferia e o universo artístico da população negra. Independentemente de todas essas barreiras, entre equívocos e acertos, a artista virou o jogo e conquistou seu prestígio e espaço, ampliando também as possibilidades no mercado mundial para o funk e tudo que ele carrega.

Ainda é cedo para avaliarmos o tamanho do impacto de Funk Generation, mas até o momento, o álbum é o terceiro mais vendido no chart latino do iTunes dos Estados Unidos.

Maravilha

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Maravilha é uma artista-multimídia, musicóloga, DJ, compositora, produtora musical e arte-educadora carioca radicada em São Paulo. Aqui no portal escreve e reflete sobre arte, música brasileira e toda a sorte de grooves. É também fundadora da Tremor Produtora.

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