Les Paul com sua guitarra Les Paul. Foto: Reprodução

Por Jota Wagner

17 de junho de 2025

Quando gênios do som também mostraram talento para cunhar instrumentos ou programas de computador

Quando não tem, a gente faz. Para alguns músicos, o inconformismo com a falta de tecnologia disponível para transmitir a uma canção aquilo que tinham dentro de suas mentes criava um desafio: serem os inventores de um equipamento que fosse capaz de fazer essa tradução.

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Em vez de simplesmente desistir daquele som desejado, ou adaptar-se aos que já existem, alguns gênios resolveram botar a mão na massa, na máquina de solda ou no teclado do computador, e desenvolver um instrumento capaz de transformar em sons aquilo que sonharam ou, pelo menos, facilitar sua vida dentro dos palcos e dos estúdios.

Conheça cinco músicos que decidiram virar inventores e, claro, compartilhar com os colegas as tecnologias que desenvolveram.

Kevin Parker (Tame Impala)

Muita gente, como Dua Lipa e Justice, chamou Kevin Parker para produzir seus discos e dar a eles uma cara “Tame Impala”, a banda que o tornou famoso no indie rock, e com a qual o músico realmente conseguiu desenvolver um som único. Aproveitando a onda, criou a  fábrica de instrumentos eletrônicos Telephatic Instruments. Seu primeiro lançamento foi o sintetizador Orchid, desenvolvido pelo próprio Parker.

Robert Henke

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O alemão Robert Hanke já era um talento da produção musical, tendo lançado diversos álbuns de “música computadorizada” quando incomodou-se com a pulga que vivia atrás da sua orelha. Não havia um software confortável o suficiente para um DJ ou produtor musical levar ao palco e fazer seus shows. Os existentes haviam sido criados para gravar em estúdio.

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Henke, então, desenvolveu o programa Ableton Live, com uma interface de uso completamente diferente. Os sons eram carregados em clipes, enfileirados na tela do computador em linhas e colunas, permitindo com que as criações dos DJs fossem tocadas com muita mais facilidade. Deu certo: o software é o mais usado no mundo para apresentações de música eletrônica ao vivo — as chamadas live P.A.

Richie Hawtin

Assim como Henke, o canadense Richie Hawtin, sempre aficionado pelas novas tecnologias musicais, queria um mixer “sob medida” para suas apresentações. Algo que potencializasse as apresentações do rei do minimal techno. A solução foi criar sua própria empresa de equipamentos e desenvolver um novo mixer, do zero, respeitando o jeitinho Hawtin de tocar. O Model 1, resultado dessa pesquisa, foi colocado à venda em 2016.

Les Paul

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Guitarrista e estrela da música country desde adolescente, Les Paul era também um nerd das produções. Com a ajuda da inseparável esposa (e também guitarrista de primeira linha) Mary Ford, o artista ajudou a desenvolver a gravação em pistas (hoje um padrão nos estúdios) e uma das guitarras mais amadas e utilizadas por gênios do instrumento: a Les Paul.

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Brian Eno

Em 2008, antes da avalanche provocada pela Inteligência Artificial, o gênio da música ambient Brian Eno desenvolveu o programa de computador Bloom, que usava equações matemáticas para criar vídeos infinitos a partir dos sons da música. O software-vovô inspirou inúmeros engenheiros a criar programas de produção musical e de efeitos.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.