Conheça Amir Tataloo, famoso rapper iraniano condenado à morte por “blasfêmia”
Preso pela polícia turca e transferido ao Irã, Tataloo comprou uma briga grande ao criticar o sistema político de seu país natal
Uma triste história anda assolando a cena musical na região do Oriente Médio. O rapper Amir Tataloo, o mais famoso artista do Irã nos últimos anos, com um baita público também na Turquia, recebeu sentença de morte pelo governo iraniano por blasfêmia e “insulto ao profeta Maomé“. O caso ainda permite uma apelação à suprema corte. O músico estava preso na Turquia até o final de 2023 e atualmente se encontra detido em seu país natal.
Desde 2011, Tataloo começou a chamar atenção pela sua música, com influência de R&B e rap. Passou a incomodar as autoridades iranianas conforme ia crescendo no meio artístico. Com cabeça e corpo todo tatuado, jamais deixou de baixar o porrete no governo em suas letras. Daí veio a justificativa para a condenação por blasfêmia, já que o país vive em um regime teocrático.
Chegado em um estúdio, Amir já lançou 19 álbuns em 13 anos desde Tatality, seu disco de estreia. O rapper já chamou a atenção de veículos como a revista Time a Radio Free Europe. A repercussão internacional de um artista surgido nos becos de Terrã e criticando o sistema de seu país, claro, deixou a autoridade islâmica cabreira. Calá-lo virou prioridade.
Após condenações por “apoiar a prostituição” e “disseminar propaganda contra a autoridade islâmica”, fugiu para a Turquia, onde viveu em exílio até 2020, quando foi preso pela polícia local. Sua base de fãs turcos também é imensa.
Tataloo vem se preparando para a última batalha judicial tentando reverter a condenação. Declarou recentemente que “certamente cometeu muitos erros e seu comportamento tem sido bastante errado”, concluindo que pede desculpas. Não é suficiente para os padrões rígidos de comportamento impostos pelas autoridades do país, mas há a chance de usá-lo como propaganda externa para passar uma imagem de condescendência do governo, uma vez que o rapper é bastante conhecido internacionalmente. Não encontramos campanhas públicas por partes dos fãs ou de colegas artistas para fazer uma pressão em seu favor.
Amir Hossein Maghsoudloo tem 37 anos, nasceu em Teerã e trabalhou como carpinteiro e atendente de supermercado antes de se dedicar somente à música. Começou a carreira fazendo parte de um movimento conhecido como Persian Underground. Foi o primeiro artista iraniano a ter um contrato com a gravadora Universal Music.
Até despertar o ódio definitivo do governo de seu país, Tataloo mandava sinais trocados com sua arte. Lançou uma música de apoio à Seleção Iraniana de Futebol e chegou a compor um single apoiando o programa nuclear de seu país, chamado Energy Hastei. O videoclipe da música foi gravado dentro de um navio de guerra iraniano. O cantor também foi homenageado pelos veteranos da guerra contra o Iraque, graças à música Shohada. Chegou a ser nomeado embaixador do Museu da Paz de Teerã.
As autoridades islâmicas não comentam sobre o assunto à imprensa local, mas avisaram que o artista recebeu o direito de se defender mais uma vez e tentar reverter a pena. Uma situação jurídica que não é possibilitada a todos os condenados à morte no país. Ainda há esperança para Tataloo.