Taylor Swift The Eras Tour Foto: Reprodução

Com o filme “The Eras Tour”, Taylor Swift quer fazer a América grande, again

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Filme concerto, de enorme sucesso nos Estados Unidos, estreia nos cinemas brasileiros

Depois de bater recordes de vendas de ingressos com os shows da turnê The Eras Tour, Taylor Swift invadiu os cinemas com seu filme concerto, para quem não pôde estar presente ao vivo. O espetáculo chega ao Brasil nesta sexta-feira, dia 03 de novembro.

Nos Estados Unidos, a cantora é citada como “a única que pode unir a América”, dividida graças à polarização política que tomou conta de boa parte do planeta.

Unir a América, ou fazê-la “great again” (slogan do ex presidente Donald Trump), nada mais é do que recolocar na cabeça dos nativos o ideal americano de sociedade equilibrada, do sonho possível, cada vez mais difícil de acreditar (justamente pelas falhas do próprio modelo), inventado nos tempos da independência do país.

Taylor Swift tem realmente as credenciais para isso. Por um lado, agrada aos saudosistas com seu corpo padrão, branco de olhos azuis, raízes na country music (onde tudo começou, artisticamente) e letras chapa-branca, ao contrário do empoderamento promovido por suas colegas da black music, ou da sensualidade estereotipada das latinas.

Por outro lado, comprou briga com Trump e com senadores lunáticos, graças a suas posições públicas opostas ao conservadorismo moralista de parte dos americanos. Além disso, suas credenciais profissionais, tanto na parte artística como no autogerenciamento da carreira, a colocam em um patamar inatacável.

The Eras Tour – O Filme

As evoluções tecnológicas têm contribuído para um engrandecimento cada vez maior dos espetáculos, gerando resultados de cair o queixo do espectador. Não é o caso do The Eras Tour. Apesar de bem produzido, o show pode ser considerado, nos padrões de hoje, convencional.

Gravado no SoFi Stadium (Los Angeles) em agosto deste ano, o espetáculo tem uma coisa meio Cirque De Soleil com desfile da Victoria Secret, no quesito estético. Os cenários vão sendo trocados no megapalco, que vai desde um escritório com mesas, máquinas de escrever e dançarinos de terninho (oi, Madonna) até florestas de Halloween.

Tudo perfeito, tudo ensaiado, tudo plástico, como são os shows de estrelas pop atualmente. Em um tempo em que, nos estádios e festivais, assistimos ao show muito mais pelo telão do que no palco, levar um espetáculo como esse para os cinemas faz todo o sentido.

Diversão garantida

Para os fãs de Taylor Swift, dá pra dizer que a diversão é garantida. Tudo o que eles querem e precisam está lá. Nos cinemas americanos, o público canta junto e aplaude, como se estivesse mesmo no estádio. Não será diferente no Brasil, e isso é bacana!

Tudo o que pode trazer um novo frescor para os cinemas, demolindo um pouco do monopólio causado pela onda dos filmes de super-heróis e suas infindáveis ramificações, é louvável. Há muito tempo, as salas de cinema transmitiam, além de produções cinematográficas, séries, shows, jogos de futebol e até noticiários.

E num mundo onde até a Barbie anda empunhando bandeiras em prol de causas como igualdade e feminismo, Taylor Swift pode, sim, equilibrar a América de um forma bastante positiva.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.