Dez meninas pra ficar de olho em 2010

Claudia Assef
Por Claudia Assef

Oiem. Estou oficialmente começando 2010 por aqui, agora que minha filha completou dois meses e eu consegui me refazer do susto maravilhoso que foi o parto em casa. Assim como a Luna, que chegou se impondo neste mundo no final do ano passado, várias minas da música, veteranas e novatas, já começaram 2010 brilhando muito.
Entre uma mamada e uma troca de fraldas, o Todo DJ Já Sambou compilou aqui um top 10 de vozes femininas que deverão te pegar de jeito este ano. A elas, então.

M.I.A.

A quebra-tudo inglesa do Sri Lanka M.I.A. lança novo disco no meio do ano, aproveitando o verão europeu. Ainda sem título, o disco terá produção do americano Blaqstarr, o que deve conferir um sotaque bem “Baltimore” ao trabalho (leia-se graves bombásticos). Se a gente levar em conta que seu segundo disco Kala, de 2007, conseguiu superar o incrível álbum de estreia (Anular, de 2005), dá pra imaginar que vem coisa muito boa por aí. Resumindo em poucas palavras, a M.I.A. pegou o funk carioca, o kuduro, o grime, misturou com hip hop e música eletrônica e deixou tudo melhor que a encomenda. Fez a gente ouvir world music e achar muito bom!

RÓISíN MURPHY

A irlandesa mais classuda do pop fechou 2009 virando mãe, como eu. A pequena Clodagh serviu de inspiração para seus novos singles, Momma’s Place e Orally Fixated. Não há notícia de um terceiro álbum por enquanto, já que a ex-vocalista do Moloko disse que vai ficar um tempo cuidando da baby, mas Momma’s Place tá aí pra gente matar a saudade desta cantora, que combina pop e música eletrônica com um incrível apuro fashion.

FLORENCE & THE MACHINE

Se você se conectou à internet em 2009 atrás de música, é impossível não ter esbarrado com a cantora Florence Welsh. Lungs, o primeiro disco deste projeto liderado por ela, saiu ano passado e não foi só na internet que causou. Desde seu lançamento, Lungs ficou durante 30 semanas entre os 40 discos mais vendidos na Inglaterra e, no começo de janeiro, chegou a ser o álbum mais vendido daquele país. Não é pra ficar deprimido quando comparamos com os mais vendidos daqui? Se você não conhece nada da Florence, pode começar pela cover de Addicted to Love, do Robert Palmer. Não tem como não se derreter por ela.

CHEW LIPS

Delícia de som faz este recém-nascido trio de Londres que define sua música como “Casiotone disco de 8 bits”. Traduzindo, technopop tosco com influências de disco music. O instrumental só lucra com a voz à la Siouxsie Sioux da vocalista Tigs. O primeiro álbum, Unicorn, saiu no final de janeiro já com cara de hit de 2010. Unicorn não é a Pitty, mas eu acho foda. Ouve aqui e vê se eu tô louca

ELLIE GOULDING

Essa inglesa de 23 anos ficou buxixada depois que ganhou o prêmio da crítica no Brit Awards, em 2009. Seu primeiro disco, Lights, sai em março e já deve entrar pro rol dos grandes lançamentos deste ano. Ellie tem na voz uma pitada de Björk. Treinada em violão de folk, ela toca desde os 15 anos e se engraçou com a música eletrônica na universidade. O resultado é meio “Tori Amos-tocando-violão-acompanhada-por-uma-bateria-eletrônica”. Pode parecer estranho, mas na prática funciona. E é bem pop. Além da música, Ellie tem um carão exótico, o que só deve ajudar a turbinar a carreira. Ouve aqui a original de Under The Sheets, que já ganhou vários remixes.

COEUR DE PIRATE

A música da canadense Béatrice Martin pode parecer fofinha demais pra você, assim como a carinha angelical desta cantora prodígio, que começou a carreira aos 15 anos (ela tem 20 agora). Mas, além dos braços cobertos de tatuagens, no fim do ano passado, a “coração de pirata” caiu na boca do povo graças a algumas centenas de fotos em que aparece peladuca. As imagens caíram num site pornô, e aí já viu. Ela foi a público dizer que as fotos eram dela mesma, tiradas quando ainda era menor de idade. Bapho! Agora, no início do ano, começou a circular um remix muito bom pro seu maior hit, Comme des Enfants, dá uma ouvida

CHARLOTTE GAINSBOURG


O mais legal da Charlotte é que ela nunca deixou se abalar pelo peso de sua filiação (pai: Serge Gainsbourg; mãe, Jane Birkin). Imagina a pressão de ser a filha do maior ícone da música francesa? No melhor clima nem te ligo, ela estreou – na verdade, reestreou, porque já havia gravado um LP aos 13 anos – com um disco simples e bonito (5:55), em 2006, com parceiros como a dupla Air e Jarvis Cocker (Pulp). No fim do ano passado, ela lançou IRM, com produção do Beck. Se a voz da herdeira do porra-louca francês não é das mais marcantes do mundo, já seu radar pra escalar bons parceiros é espetacular. Com Beck, ela fez um belíssimo disco e, claro, como boa atriz que é, faz sempre questões de belos clipes, como este, de Heaven Can Wait.

NNEKA

Filha de pai nigeriano e mãe alemã, Nneka nasceu na Nigéria e se mudou na adolescência com os pais para Hamburgo, onde se juntou a um DJ para criar as primeiras músicas, no início da década de 00. Desde então, ela vem lançando trabalhos que já a levaram a ser comparada a Lauryn Hill. Seu terceiro disco, Concrete Jungle, ganha primeiro lançamento nos EUA neste ano, não que isso importe muito neste mundo abastecido pela internet. Pra mim, lembrou uma versão moderna de Erykah Badu com pitadas de Neneh Cherry, ou seja, pra ficar de olho! Tá certo que no Brasil, esse nome Nneka ia fazer muito sucesso com as bees, né. Ouça Heartbeat Chase

TETINE

Tá certo que o Tetine é formado por um casal. Mas, em 2010, a dupla ganhou mais motivos pra ficar ainda mais feminina, com a chegada da bebê Yoko, filha de Eli Mejorado e Bruno Verner. Além da baby, eles abriram o ano com um novo disco, From A Forest Near You, cheio de influências de pós-punk e krautrock. Eli aparece toda abravanista e poderosa no clipe desta música em homenagem a Shiva:

GOLDFRAPP

A maluquete Alison Goldfrapp volta a atacar com seu parceiro Will Gregory com o álbum Head First, prometido para março. Este será o quinto disco da dupla e, segundo a gravadora, terá altas doses de “otimismo, fantasia e romance”. Seja lá o que isso signifique, porque pra mim tudo que cai nas garras de Alison Goldfrapp fica melancólico e extremamente bonito.

PS – Agora o Todo DJ Já Sambou ataca de Twitter. Me segue: /clau_assef

Claudia Assef

https://www.musicnonstop.com.br

Autora do único livro escrito no Brasil sobre a história do DJ e da cena eletrônica nacional, a jornalista e DJ Claudia Assef tomou contato com a música de pista ainda criança, por influência dos pais, um casal festeiro que não perdia noitadas nas discotecas que fervilhavam na São Paulo dos anos 70.

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