Diversas faculdades vêm promovendo cursos analisando as letras, a postura e a gestão de carreira da cantora americana
“Taylor Swift precisa ser estudada.” Talvez você nunca tenha ouvido essa frase antes, mas nos Estados Unidos, aparentemente, ela está se tornando lugar-comum. Conforme revelado pelo New York Times, a cantora, que acaba de passar por uma celebrada e controversa turnê no Brasil, tem sido objeto de estudo em faculdades das mais relevantes.
Diversas trouxeram ou estão trazendo algum tipo de curso sobre a artista. No começo de 2022, o Instituto Clive Davis, da Universidade de Nova Iorque, promoveu aulas sobre “a evolução de Swift enquanto uma empreendedora musical criativa, o legado de compositores do pop e do country, discursos sobre juventude feminina e política racial na música popular contemporânea”, como escreveu a Variety à época.
A mesma universidade concedeu um doutorado honorário a Swift.
No mesmo ano, a Universidade do Texas lançou o curso The Taylor Swift Songbook (O livro de canções de Taylor Swift), no qual a professora de literatura Elizabeth Scala propôs, aos alunos da faculdade de Artes Liberais, análises de músicas da loirinha comparadas a ícones da literatura, como Shakespeare, Keats e Frost.
Segundo o LA Times, 2022 ainda viu a canadense Queen’s University ministrar aulas sobre as composições e o legado da americana.
Já em 2023, a Universidade Stanford, na Califórnia, promoveu não somente um, mas dois cursos sobre Taylor: All Two Well (Ten Week Version) — um trocadilho com a música All Too Well (Ten Minute Version) — e The Last Great American Songwriter: Storytelling With Taylor Swift Through the Eras (algo como A Última Grande Compositora Americana: Storytelling com Taylor Swift Através dos Tempos).
Mais recentemente, uma professora de literatura da conceituadíssima Harvard, chamada Stephanie Burt, anunciou, para o primeiro semestre de 2024, o curso Taylor Swift and Her World (Taylor Swift e seu Mundo), que, assim como o da Universidade do Texas, comparará a obra da diva pop com cânones literários, como William Wordsworth, Willa Cather e Samuel Taylor Coleridge. Quase 300 alunos já estão inscritos.
“A cada semana, reunimos um pedaço do trabalho dela com um pedaço do trabalho de outras pessoas. Nós vamos ler dois romances de Willa Cather, um de James Weldon Johnson, sobre um artista que tem uma relação muito diferente com a própria carreira, e outro de Zan Romanoff, sobre os fãs de One Direction“, explicou Burt ao New York Times.
“Nós também vamos ler algo de Wordsworth, que é um poeta do Lake District, e [Taylor Swift] canta sobre os poetas do Lake District, na Inglaterra. Wordsworth também escreve sobre alguns dos mesmos sentimentos que a Taylor traz em suas músicas: decepção em retrospecto, e olhar para trás e perceber que você não é mais a criança que já foi, mesmo que ainda queira ser”, complementou.
Perguntada sobre possíveis críticas que viriam por misturar autores célebres com uma cantora pop, a professora argumentou não ligar, mas lembrou que “tudo que é estudado com profundidade em uma faculdade de literatura foi considerado, em algum momento, arte popular de baixo nível”, como os sonetos de Shakespeare e os romances.
A matéria do NYT ainda cita planos para cursos sobre Taylor Swift na Universidade da Califórnia (Berkeley) e na Universidade da Flórida.