Pluralidade e simplicidade marcaram o primeiro final de semana da edição comemorativa de dez anos
Juntando cerca de cem mulheres da música brasileira de diferentes gêneros musicais, representando do techno ao carimbó, o festival Rock The Mountain, que aconteceu no último sábado (04) e domingo (05), em Itaipava, região serrana do estado do Rio de Janeiro, atraiu 25 mil pessoas por dia, avolumando um giro de 50 mil pessoas em seu décimo aniversário.
Os ingressos haviam se esgotado havia vários meses para esta que foi uma edição marcada pela presença das mulheres em todos os palcos do festival. Estavam lá desde artistas que habitam o mais alto escalão da MPB até musas da discotecagem, como KENYA20Hz, Cashu, Tata Ogan e Valentina Luz.
No sábado, nomões como Marisa Monte, Maria Rita, Iza, Negra Li, Dona Odete, Sandra de Sá, Jup do Bairro e Alcione lotaram os dois palcos principais (Floresta e Estrela), erguidos em harmonia como a cenografia natural do parque, lotada de vegetação atlântica.
Nos palcos menores, como o Magic Disco, uma boatezinha erguida dentro de uma tenda, a música de pista dos anos 70 aliada à participação especial de drags deu ares de locação do filme Priscilla, a Rainha do Deserto, enquanto o estreante Casa do Rock dava a impressão de estar num boteco de beira de estrada no Texas.
No domingo (6), foi a vez de ver ícones como Maria Bethânia, Pitty, Margareth Menezes, Majur, Marina Sena, Karol Conká, MC Carol e Daniela Mercury se revezando nos dois palcos maiores, enquanto DJs de música eletrônica como Lys Ventura, Evehive e Jacquelone, e artistas da nova cena de música brasileira, como Katu Mirim, Bixarte, Luísa e os Alquimistas e Tuyo, animavam a parcela mais indie do público.
No total, oito palcos absorveram a programação de música, e a tal da experiência de festival foi complementada com área de alimentação, tirolesa, balão, roda gigante e instalações de arte, atraindo um público composto por todas as idades, com muitas crianças e bebês, inclusive.
Realizado dentro do Parque Municipal Prefeito Paulo Rattes, em Itaipava, o Rock The Mountain tem se posicionado como um dos mais sustentáveis do país, com práticas como água potável gratuita em bebedouros, praça de alimentação 100% vegana, plantio de mudas e compensação de emissão de crédito de carbono através de compra de crédito.
A verdade é que, a olhos nus, para o público, talvez a coisa mais sustentável seja a integração das marcas apoiadoras com o ambiente em que estão inseridas. No lugar de grandes estandes com ativações caríssimas, cenografias rústicas e até ingênuas não destoavam do agradável espaço, por vezes até simplório, do parque.
Outro ponto positivo em prol da sustentabilidade foi a escolha do line-up 100% feminino, coisa que outros festivais parecem temer. Construída em parceria com o Women’s Music Event, a programação acabou funcionando para atrair um público massivamente dominado por mulheres, o que acabou entregando um clima pacífico. Quase que um retrato da indústria fonográfica, as bandas de boa parte das headliners eram formadas majoritariamente por homens, assim como as áreas técnicas do evento.
“Num ano marcado por perrengues e experiências ruins em festivais, o que mais me agradou no Rock The Mountain foi o básico bem feito. Tinha pessoas mais velhas, famílias… Até o cansaço foi diferente. Não era o de quem teve que se degladiar para pegar comida ou ir ao banheiro, mas uma fadiga normal de quem bateu perna por dois dias seguidos”, disse a jornalista Laura Damasceno, frequentadora assídua de festivais pelo Brasil.
A ausência de chuva também ajudou a evitar situações caóticas no festival.
Momento fofura
No domingo, a cantora Preta Gil, que teve seu show cancelado no festival por motivos de saúde, foi convidada a subir ao palco pela ministra da Cultura, Margareth Menezes, que se apresentava no palco Floresta, o maior do festival.
“Estou muito feliz de estar aqui ao lado de Margareth, e na próxima edição estarei aqui com certeza e farei um show inteiro”, disse, emocionada. Juntas, elas cantaram as músicas Sinais de Fogo e Passa em Casa.
A presença da cantora Rita Lee, através de uma obra de arte inflável, gerou um dos pontos mais concorridos para abastecer o público com fotos instagramáveis. A obra, de mais de sete metros de altura, foi criada pelo coletivo de arte multidisciplinar Cool Shit.
O Rock The Mountain volta a acontecer, com line-up espelhado, no próximo final de semana, no mesmo endereço. Os ingressos estão esgotados.
Serviço
Rock The Mountain (fim de semana 2)
Datas: 11 e 12 de novembro
Horário: das 11h às 04h
Local: Parque Municipal Prefeito Paulo Rattes – Itaipava, Petrópolis, Rio de Janeiro
Ingressos esgotados