Manto da Noite Foto: @camomilers/Divulgação

Como foi a 1ª edição da ‘Manto da Noite’, de Luedji Luna

Maravilha
Por Maravilha

Uma celebração da música negra contemporânea em São Paulo

No último dia 30, o Audio Club foi o epicentro de uma noite inesquecível em São Paulo. Manto da Noite, o evento idealizado por Luedji Luna, marcou a estreia da cantora no mundo das festas e se mostrou um verdadeiro manifesto artístico, celebrado por uma multidão que lotou o espaço com energia, estilo e brilho nos olhos.

Manto da Noite

Luedji Luna na Manto da Noite. Foto: @camomilers/Divulgação

Cheguei perto das 23 horas, e a fila serpenteava pelas ruas ao redor do clube. A elegância e autenticidade marcavam os figurinos das pessoas ali presentes: um espetáculo à parte que reflete o espírito criativo presente na comunidade que se forma ao redor da cena da música negra da capital paulista. A sensação de que algo especial estava prestes a acontecer já pairava no ar.

Luna, que construiu sua carreira como uma das vozes mais potentes da nova música brasileira e sempre utilizou sua música para enaltecer as raízes afro-brasileiras, escolheu este evento para expandir sua missão artística. No papel de mestre de cerimônias, a cantora estava simplesmente deslumbrante. Sua presença iluminava o palco. Ela havia acabado de retornar dos Estados Unidos, e sua energia e entusiasmo ao apresentar cada atração eram palpáveis.

A noite teve início com o talentoso rapper gaúcho Zudizilla. Sua presença no palco foi marcante, trazendo uma fusão de rap e soul com letras que exaltam o orgulho negro e a resistência. Ele não veio sozinho – trouxe convidados especiais como o lendário Lino Krizz e a rapper Stefanie, ambos oferecendo performances que conectaram o público de imediato, como se cada batida e verso ecoasse a história de todos os presentes.

Manto da Noite

Zudizilla na Manto da Noite. Foto: @camomilers/Divulgação

Em seguida, foi a vez do duo carioca YOÙN, que incendiou o palco com sua mistura única de R&B, rap e jazz, além de surpreender com releituras de clássicos do pagode com roupagens modernizadas. Formado por Shuna e GP, o grupo tem suas raízes na Baixada Fluminense e tem uma trajetória que começou nas estações de trem do Rio de Janeiro. Naquela noite, eles convidaram a multiartista Ajuliacosta, que entregou uma participação vibrante e cheia de personalidade. Suas letras, que falam sobre vivências cotidianas e empoderamento, encontraram ressonância em um público ávido por arte com propósito. A apresentação também contou com uma participação surpresa de Seu Jorge fazendo solos com uma flauta transversal, surpreendendo a todos e os próprios músicos. O clima era de festa em família!

Entre uma apresentação e outra, a DJ Tamy Reis assumiu os decks, mantendo o ritmo da noite sempre no auge. Com uma seleção impecável, ela costurou as transições entre shows com um set que passeava pelos clássicos do R&B e do neo-soul, preparando o terreno para a atração mais esperada da noite: Rapsody.

A rapper norte-americana, natural da Carolina do Norte, foi recebida com aplausos e gritos de euforia. Conhecida por suas colaborações com gigantes como Kendrick Lamar e Erykah Badu, e suas indicações ao Grammy, Rapsody trouxe uma performance visceral, mostrando por que é considerada uma das vozes mais influentes do rap global. A sua presença no palco foi poderosa, e cada rima carregava uma profundidade que fez o público vibrar. Foi o ponto alto de uma noite já repleta de momentos inesquecíveis.

Manto da Noite

Rapsody na Manto da Noite. Foto: @camomilers/Divulgação

Além desses destaques, o line-up também contou com os DJs da festa Punga!, que mantiveram a pista fervendo até altas horas da madrugada. A atmosfera era de pura celebração, com artistas, músicos e figuras da cena cultural paulista presentes e confraternizando. Eu, que estava acompanhada da minha amiga, a DJ Yve Soul, encontrei vários rostos conhecidos do cenário musical, o que só reforçou o clima de união que permeava o evento.

Como Luedji Luna afirmou, Manto da Noite foi mais do que uma festa. Ao reunir talentos de peso, o evento conseguiu criar uma ponte entre as novas vozes do rap, R&B e soul, tanto no Brasil, quanto internacionalmente. Em sua estreia, a festa mostrou que veio para ficar, podendo se estabelecer como uma plataforma fundamental para promover a diversidade e a riqueza da música negra no Brasil.

Maravilha

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Maravilha é uma artista-multimídia, musicóloga, DJ, compositora, produtora musical e arte-educadora carioca radicada em São Paulo. Aqui no portal escreve e reflete sobre arte, música brasileira e toda a sorte de grooves. É também fundadora da Tremor Produtora.