Oasis Imagem: Reprodução

Em meio ao furor causado pelo retorno, Oasis celebra 30 anos de 1º álbum

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Definitely Maybe veio ao mundo como uma resposta à sofrência do grunge americano e às tendências eletrônicas do indie rock

Quando lançaram seu disco de estreia, Definitely Maybe, no dia 29 de agosto de 1994, os caras do Oasis não podiam imaginar que 30 anos depois seu álbum faria aniversário em meio a uma renovação de uma verdadeira febre envolvendo sua banda. As buscas por músicas explodiram nos últimos dias, graças ao anúncio de que o grupo liderado pelos pirracentos irmãos Liam e Noel Gallagher voltará aos palcos, para uma curta turnê comemorativa no Reino Unido e na Irlanda, em 2025.

Uma coisa, no entanto, eles já sabiam: de que chegaram no cenário musical para reclamar o posto de gênios máximos do rock’n’roll (pelo menos na cabeça deles). Não à toa, a primeira música de seu debut traz a frase “I’m a rock’n’roll star“.

Definitely Maybe apareceu para o mundo como uma resposta à sofrência chorosa do grunge americano. Serviu também para lembrar a todos da importância de Manchester no cenário da música. E tem mais: garageiro, agarrado no rock’n’roll puro, chegou como uma resistência ao crescimento da música eletrônica na Inglaterra, que tomava conta, inclusive, do cenário indie rock, representado pela banda que os Gallagher elegeram como sua maior rival, o Blur.

A razão “ame ou odeie” que envolve o Oasis não é difícil de explicar. Se nos atentarmos à postura mala e pretensiosa dos irmãos, cheias de provocações calculadas para causar na mídia, promovendo a ignorância do tiozão roqueiro, o grupo se torna insuportável. No entanto, se optarmos por ver tudo como uma piada, a música impera de forma divertida, festeira e bem mais otimista do que a dos colegas americanos, afundados na melancolia. Definitely Maybe veio na hora certa, e foi necessário.

Já presenciei, com estes belos olhos castanhos, uma turma de jovens às 04h da madrugada em uma casa no subúrbio de Manchester, no after de uma festa de música eletrônica, com violão em punho cantando os hits de Definitely Maybe. No universo da internet, é fácil encontrar vídeos de galera cantando a plenos pulmões as músicas da banda em vagões de trem, aeroportos e parques. Esta é uma das grandes qualidades das músicas do Oasis: são canções para se cantar ao violão, rodeado de amigos. O rock precisa dessa informalidade, e o quarteto de Manchester soube fazer isso muito bem.

Soube também usar a mídia a seu favor, com suas declarações absurdas e seu comportamento calculadamente arrogante. Declarar à imprensa que Oasis é melhor que Beatles merece o Prêmio Nobel da fanfarronice. E dá resultados. A volta da banda não teria o mesmo peso sem a novela pública de desavenças e ofensas entre os dois irmãos. Assim é o show business, desde que o rock é rock.

Definitely Maybe deu a banda alguns de seus hits eternos, como Shakermaker e Supersonic, certamente esperados na reunião da banda, no próximo ano. E se tornou um divertido capítulo na história da música inglesa.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.