Brian Eno transforma toca discos em instalação artística
Artista traz para a Turntable II a pesquisa com cores em que trabalha desde 1960, chamada Colorscapes
Muitos colecionadores de vinil e audiófilos enxergam seus toca discos como uma obra de arte. Mas Brian Eno, compositor, artista visual inglês e um dos fundadores do Roxy Music, está elevando o conceito a outro nível.
Em parceria com a galeria de design Paul Stolper, Eno desenvolveu a segunda versão da Turntable, a Turntable II — uma edição limitada de 150 peças, com preço final batendo 124 mil reais (20 mil libras), que começa a ser comercializada nesta terça-feira (13).
O artista se dedicou ao projeto após observar a forma como os apaixonados por música ouvem discos de vinil. Eles apreciam sentados em sua poltrona, olhando para o local de onde o som está sendo emitido. O toca-discos se transforma em um totem. Uma escultura captando a atenção visual.
A carreira de Brian é muito maior do que o Roxy Music, banda de glam rock a que se juntou em 1971 como tecladista. Ele trabalhou com os maiores músicos de sua geração, como David Bowie, Robert Fripp e David Byrne. Ambient 1: Music For Airports, nome de seu terceiro disco solo (1978), deu nome ao gênero musical que ajudou a divulgar. Música ambiente, uma composição sonora que tem por conceito se integrar ao ambiente em que está, e não fazer o ouvinte dançar ou cantar junto.
No projeto Colorscapes, que desenvolve desde o início de sua carreira artística, no final dos anos 60, Eno estuda a integração das cores com os sons, uma experiência genuinamente “audiovisual”. O conceito é o ponto de partida para a Turntable II. O toca discos muda de cor, graças a uma corrente de luzes led distribuídas dentro da caixa de plástico branco, conforme a música que está tocando no vinil.
Mais do que uma caixinha colorida, a peça tem um design bacanérrimo, desenvolvido em parceria com Paul Stolper, transformando o aparelho em uma obra de arte funcional, desenvolvida para captar a atenção do ouvinte durante toda a audição do vinil.
A fabricação de apenas 150 peças numeradas reforça o conceito “obra de arte”, e também chuta seu preço à estratosférica. O valor superior a 120 mil reais já o lança como um dos toca discos mais caros da história.
No entanto, não há dúvidas de que a novidade esgotará rapidamente, mesmo com o preço mais salgado que um arenque em conserva. É comum, na comunidade dos audiófilos, produtos serem lançados a preços exorbitantes. Sem contar que o mercado de produtos superluxuosos cresce todos os anos no mundo graças à quantidade de dinheiro sobrando na conta dos bilionários.
Ao restante dos mortais, sobra dar a sorte do amigo rico ser um dos felizes possuidoras de uma das 150 unidades da Turtable II.