Nile Rodgers diz que indústria musical mudou para pior: “um gênio como Bowie teria dificuldades”
Lendário guitarrista do Chic falou com a Comissão de Cultura, Mídia e Esporte do parlamento britânico
Não é só a Fernanda Abreu que está desgostosa com a indústria da música. Segundo a NME, Nile Rodgers, o lendário guitarrista do Chic, também deu sua opinião sobre como esse mercado está funcionando. E foi taxativo: hoje em dia, as gravadoras não apostariam em gênios disruptivos como David Bowie.
O tema veio à tona nesta terça-feira, 12, na Câmara dos Comuns, a Câmara dos Deputados dos britânicos, onde o músico foi convidado a prestar depoimento para a Comissão de Cultura, Mídia e Esporte, que, como explica a revista, “está investigando a experiência de compositores e compositoras com remuneração financeira, e perguntou a Rodgers sobre como o streaming mudou sua experiência na indústria musical”.
O astro nova-iorquino afirmou não ter problemas com o streaming — muito pelo contrário —, mas com “o negócio ao qual o streaming pertence”, que, em sua visão, teria piorado consideravelmente a situação dos músicos.
Como exemplo, lembrou-se do famoso álbum Let’s Dance, de David Bowie, lançado em 1983 e coproduzido por ele próprio. Na época, o ídolo britânico tinha saído da RCA e fechado contrato com outra gravadora, a EMI America Records.
“[A gravadora] deu a ele todo o tempo para tentar criar um hit, ele me ligou e nós o fizemos. [As gravadoras] assumiam riscos financeiros e apostavam nos artistas em que acreditavam, até dar certo”, disse.
Segundo Nile, essa paciência e disposição para o risco já não existe mais: “Esses dias realmente acabaram”.
“Eu tenho 71 anos, e faço isso [música] há 50. Em 50 anos, você imaginaria que, com o advento de todas as novas tecnologias, pessoas como eu teriam uma vida muito melhor, as coisas seriam mais fáceis, todos lucraríamos juntos, mas não é o caso. Há algo terrivelmente errado com isso”, argumentou.
Ainda de acordo com a matéria da NME, Rodgers fez a revelação de que chamava Bowie de “Picasso do Rock and Roll”, porque ele “era um gênio absoluto” — e que pegava no pé do cantor com o apelido, porque ele o detestava.