SP acaba de ganhar um Museu do Sintetizador com quase 100 itens raros. Saiba como visitar!
Concepção do projeto veio do encontro entre o baterista André Heidi Horita e o produtor musical Arthur Joly
São Paulo é uma dessas cidades que te surpreendem com novidades, às vezes do nada. Uma delas é o Museu do Sintetizador, iniciativa de uma dupla de apaixonados por synths analógicos que resolveu abrir o acervo de quase cem itens com verdadeiro peso de museu para visitas guiadas.
A ideia e concepção nasceu do encontro entre o baterista André Heidi Horita e Arthur Joly, um dos heróis nacionais da cena analógica, produtor musical, técnico de masterização, músico de grande renome e colecionador maluco de sintetizadores analógicos, que acabou criando uma marca própria de sintetizador modular, a Reco-Synths. Também apaixonado pelo instrumento, o então aluno de economia Heidi procurou Joly durante a pandemia para ter aulas sobre síntese. Mais do que aluno e professor, os dois se tornaram amigos.
Depois de ter sido introduzido ao som da banda japonesa Yellow Magic Orchestra por Arthur, André teve um clique: havia achado um propósito na vida. “Fiquei realmente muito obstinado e convenci meu pai a me ajudar a comprar os synths”, conta.
Depois de garimpos em sites como eBay e Mercado Livre, Heide conheceu um vendedor especializado em sintetizadores antigos e se tornou um nome reconhecido por buscar peças raras. Com uma coleção que crescia a cada dia, surgiu a ideia de juntarem acervos de brinquedinhos vintage [que custam pequenas fortunas, diga-se] para fundar o museu, um espaço dos sonhos para quem quer explorar essas obras de arte musicais que circulam por mais de seis décadas no mercado fonográfico. Isso tudo aconteceu há pouco mais de um ano.
A primeira visita guiada oficial está marcada para este sábado (15), e envolve, além da dupla fundadora do Museu, mais um elemento chave para essa cena no Brasil, o produtor musical e synth nerd Dudu Marote.
“Tenho mais de 40 anos de sintetizadores na minha cabeça”, resume Dudu, produtor de discos de artistas que vão desde o histórico Que Fim Levou Robin? e Skank, até Emicida, Pato Fu, BaianaSystem, Adriana Calcanhotto… A lista é enorme.
O Museu do Sintetizador faz parte do estúdio e selo fonográfico Sound Department e está localizado na Rua Treze de Maio, no Bixiga, em meio a outros estúdios musicais.
“No começo, a gente não sabia muito o que iria fazer, mas a gente queria que as pessoas tivessem contato com esse acervo. Então vamos testar esse modelo de visita guiada, porque a acessibilidade dele não é completamente como seria em um museu — não tem uma rampa, por exemplo. Abrir como um museu tradicional também não ia ser lucrativo, ia ser meio que uma bagunça. Foi quando o Dudu me procurou e falou: ‘cara, a gente precisa fazer visitações aqui'”, conta Joly.
“A ideia é a gente ir contando a histórida dos synths já linkando com as músicas e os artistas que usaram esses instrumentos”, diz Marote.
“Por exemplo, quando a gente for contar sobre um EMS, vamos remontar a história por trás, falar do Pink Floyd, falar do Jorge Antunes aqui no Brasil, da Jocy [de Oliveira], então cada peça abre um leque para dezenas de histórias maravilhosas”, complementa Joly.
Na visita exclusiva que o trio fez com a reportagem do Music Non Stop, pudemos ouvir um trecho de Blue Monday, do New Order, Strawberry Fields, dos Beatles, e Kelly Watch the Stars, do Air, tocadas em seus instrumentos originais. É de arrepiar.
Além de ouvir músicas tocadas em seus instrumentos originais, a visita é uma verdadeira aula sobre música eletrônica e pop dos últimos 60 anos. Empolgado, Dudu Marote nos contou sobre a importância da Linn Drum na música de Prince e Michael Jackson, ou como a TR-808, da Roland, foi um fracasso de vendas inicialmente, mas acabou virando uma potência na produção batidas eletrônicas, inicialmente pelas mãos de Afrika Bambaataa.
É muita história, e uma visita imperdível para quem gosta de música, seja pop, rock, eletrônica ou hip-hop.
O que poderá ser visto e ouvido no Museu do Sintetizador
Roland
• System 100
• System 100M
• Juno 60
• Jupiter 4
• Jupiter 6
• Jupiter 8
• RS-202
• Promars
• SH-9
• tr 606
• tr 626
• tr 707
• tr 727
• tr 808
• tr 909
• CR 78
• CR 8000
• RE 201
• TB 303
• MC 4
• VP 330
Moog
• Model D
• System 55
• The Source
• Polymoog
• Liberation
• Opus 3
• Micromoog
• Voyager
ARP
• 2600
• Odyssey mk1
• Odyssey mk3
• Arp Solina
• Arp Quartet
Korg
• MS-20
• MS-10
• VC-10
• Mini Korg
• Micropreset
• Volca Modular
• Monotribe
• Mono-Poly
• ESQ-1
Yamaha
• CS-60
• CP-70
• DX7
Oberheim
• DX
• DMX
• Matrix 12
• OB-8
• OB-XA
• Two Voice
Sequential Circuits
• Prophet 5
• Pro One
• TOM
• Six Trax
• Prophet 600
Wen
• Copicat
Knas
• Moisturizer
Roger Linn
• Linn Drum
• MPC 60
• MPC 3000
Dave Smith
• Mopho
Fender
• Rhodes 73
• Contemp
Reco-Synth
• Jolymod
• Teiú
• Mutuca
• VCS3 Clone
• Serge / Elby
• Mutuca
• Synare/Recodrum
• Synare
• Syntom
• DS-4
EMS
• Synthi-A
• Polysynthi
• VCS3 — clone by Arthur Joly
Baldwin
• Electric Hapsichord
Mellotron
• M4000
• M4000 D