Claudio Dirani bate um papo com o historiador musical italiano Luca Perasi
Em 2013, Luca Perasi lançou Paul McCartney – Recording Sessions (1969–2013) em italiano. A recepção ao livro foi além das expectativas do próprio autor. Com o sucesso de sua obra original, veio no embalo a sonhada edição em inglês — e a inspiração para desenvolver um projeto ainda mais ousado: Paul McCartney: Music Is Ideas. The Stories Behind the Songs (Vol. 1) 1970–1989, lançado em fevereiro de 2023, pela L.I.L.Y. Publishing.
Nesta conversa exclusiva com o Music Non Stop, Perasi — um filho da bela cidade de Milão — revela, em detalhes, os bastidores da composição do livro, além de seu envolvimento direto com lançamentos oficiais de Paul McCartney; um sonho para um fã de longa data que se transformou em escritor de primeira linha.
Claudio Dirani: Você é um dos maiores pesquisadores da carreira de Paul McCartney. Em 2013, você lançou Recording Seasons, o seu primeiro livro, contendo histórias básicas das gravações de sua discografia em ordem cronológica. O que os leitores vão descobrir em termos de novidades nas páginas do primeiro volume de Music Is Ideas?
Luca Perasi: A grande diferença é que em Music Is Ideas nós abordamos todas as músicas de todos os álbuns, inclusive as não lançadas por ele. O primeiro volume aborda os primeiros 20 anos de sua carreira. O leitor ainda conta com uma introdução que retrata os eventos dos últimos três anos de carreira dos Beatles. Também contém muitas informações para entender melhor as circunstâncias em que os discos foram concebidos e lançados. Os detalhes dos músicos e as datas de gravação também foram bastante melhorados.
Quando o volume 2 de Music Is Ideas for lançado, os fãs terão informações sobre todo o material gravado por Paul McCartney?
Alguns projetos paralelos, como Thrillington e Seaside Woman, entraram em Music Is Ideas porque foram lançados sob pseudônimos usados por Paul solo, ou no Wings. Já outras colaborações mais importantes, como McGear e Holly Days, entram com itens de discografias de outros artistas e merecem ser analisadas em profundidade.
Assim, elas farão parte de um volume separado sobre colaborações e sessões. Esse seria, no caso, o Vol. 3 desta trilogia. Ao final, teremos todo o corpo da obra de Paul McCartney nesses três volumes.
Sendo um pesquisador experiente, alguma coisa realmente o surpreendeu em relação a essa longa jornada musical de Paul?
Na verdade, eu já tinha feito algumas descobertas enquanto pesquisava para Recording Sessions, como o fato de Ray Cooper (percussionista de Elton John) tocando em Live and Let Die, ou I Lie Around sendo uma música que nasceu nas sessões de Ram. Ou, ainda, as fitas de Mull of Kintyre, que quase foram arruinadas por insetos!
Em relação às entrevistas, o que o leitor poderá encontrar de exclusividade nesse volume 1?
Eu diria que a entrevista com o engenheiro de som Tom Anderson é uma das novidades mais legais. Ele comenta o disco London Town (1978) faixa por faixa.
Você teve a sorte — e a competência — de ter sido convocado pela MPL (McCartney Productions Ltd.) para colaborar em alguns projetos. Como foi realizar esse sonho?
É uma pergunta difícil! Sei apenas que meu livro, Recording Sessions, chegou nas mãos da MPL e [o editor da revista Rolling Stone] David Fricke o usou como guia para escrever o livro incluído na versão de luxo do álbum Wild Life, relançado pela Paul McCartney Archive Collection. Só fui descobrir isso quando peguei o box em minhas mãos!
A partir desse ponto, você também se envolveu na tradução para o italiano de Paul McCartney – As Letras (também disponível em português) e no conteúdo da edição limitada dos singles, lançado em comemoração aos 80 anos de Paul McCartney em 2022…
Em fevereiro de 2021, contatei o meu amigo jornalista Franco Zanetti, assim que soube do lançamento de Paul McCartney – As Letras. Foi assim que consegui me envolver na tradução do livro, preparando a primeira versão em italiano. Zanetti completou o trabalho, com retoques finais.
Todo esse período foi muito emocionante para mim. Principalmente quando li a introdução, em que Paul menciona os seus pais — e eu perdi o meu pai recentemente. Ser tradutor também significa ser coautor com Paul McCartney. Isso é uma verdadeira conquista.
Em seguida, veio a chance de trabalhar no projeto do box de singles…
No início de 2022, a MPL solicitou meu contato à editora italiana, porque eles ficaram impressionados com o que eu havia contribuído. No dia 8 de fevereiro de 2022, recebi um e-mail com alguns pedidos sobre versões italianas dos singles, que acabariam no conteúdo da caixa The 7” Singles. Trabalhei nisso por algumas semanas. Ser creditado no encarte foi outro momento incrível. Quando eu tinha 20 anos, eu disse que um dos meus sonhos era ter meu nome em um disco de McCartney. Aconteceu. Ainda estou me beliscando.
Outra memória que tenho sobre a época foi uma conversa que tive com meu pai. Isso foi em setembro de 2022, e ele já estava muito doente. Apesar disso, mostrei a ele o meu nome no encarte do box e ele falou para mim: “Você conseguiu!”.
Qual o estágio do volume 2 de Music Is Ideas?
O livro está 80% pronto, mas continuo adicionando informações todos os dias. Não vou dar spoilers, mas posso dizer que os leitores terão algumas surpresas. Entre elas, detalhes sobre o álbum de 2012, Kisses On The Bottom. Estou esperando ainda o lançamento do próximo álbum de estúdio de Paul, que pode sair neste ano.
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Alguns dos capítulos de Music Is Ideas (assim como Recording Sessions) contêm informações cedidas por este repórter, incluídas originalmente no livro Paul McCartney em Discos e Canções (2017).
Para saber mais sobre Luca Perasi e adquirir Music Is Ideas, acesse o site oficial do autor.