Led Zeppelin Imagem: Reprodução

“Led Zeppelin I”: os 55 anos do LP que “inventou” o metal

Claudio Dirani
Por Claudio Dirani

Álbum de estreia do Led Zeppelin comemora aniversário — e sua influência em bandas como Foo Fighters e Greta Van Fleet

Para calcular a relevância de um artista, basta olhar para o retrovisor da história e contemplar os efeitos de seu legado. Além do DNA presente em herdeiros diretos de seu som Guns N’ Roses, Iron Maiden, etc. —, o Led Zeppelin tem prolongado sua existência nos mais diversos espectros do pop.

Nos anos 90, o baixista e maestro John Paul Jones emprestou seu talento como arranjador do R.E.M. em Automatic For The People. Já neste século, o quarteto britânico embalou a carreira de gigantes como Foo Fighters (além de seu spin-off, Them Crooked Vultures), e ainda semeou uma novíssima geração que desponta nos riffs jimmy-pageanos do Greta Van Fleet, a ponto de gerar (injustas) acusações de plágio.

A virada de ano, por sua vez, acaba sendo uma boa desculpa para revisitar o embrião de uma discografia de influência implacável.

Led Zeppelin: da formação relâmpago à estreia em vinil

Em 12 de janeiro de 1969 — há exatos 55 anos —, enquanto gigantes como os Beatles preparavam sua despedida, Robert Plant, Jimmy Page, John Paul Jones e John Bonham davam os primeiros passos com o seminal Led Zeppelin I: um mix de blues, hard rock, metal e power pop que permanece firme como um dos marcos do rock’n’roll.

Antes de examinar melhor o processo que deu luz ao álbum de estreia do Led, é imperativo entender um pouco a formação do grupo. Pode se dizer que a origem do Led Zeppelin teve um caráter acidental. Em 1968, Jimmy Page testemunhou seus companheiros de Yardbirds desertarem ao mesmo tempo, e o guitarrista-compositor agiu rápido para formar o The New Yardbirds, ao lado de Jones (baixo) e Bonham (bateria) na escalação.

A formação — que se tornaria a definitiva até o fim do grupo, no início dos anos 1980 — não teria originalmente Robert Plant e John Bonham. A ideia inicial era contar com B.J Wilson, do Procol Harum, na batera, enquanto Terry Reid ficaria nos vocais. Problemas contratuais entraram no caminho, e a convocação de Robert Plant colocou um ponto final nas dúvidas de Page, que encontrou no amigo um parceiro criativo dos mais eficientes. Já Bonham entrou em cena, deixando a Band Of Joy para assumir as baquetas.

Led no estúdio: 36 horas e 10 milhões de cópias vendidas

Quando o Led Zeppelin entrou no Olympic Studios em setembro de 1968, o combo já tinha feito uma breve turnê pela Escandinávia, mas sequer tinha um contrato com uma gravadora. A saída encontrada por Page foi entrar em contato com o empresário Peter Grant e gravar o material composto nos dois meses anteriores — incluindo Communication Breakdown, I Can’t Quit You Baby, You Shook Me e Babe I’m Gonna Leave You.

Entre ensaios e as sessões, o Led Zeppelin demorou apenas 36 horas, contando com o apoio definitivo do engenheiro de som Glyn Johns, que dividia seu tempo com os Beatles no estúdios cavernosos de Twickenham, Londres, onde o material que entraria no álbum Let It Be (1970) era produzido.

Municiado por doses de blues e folk, combinados a uma pegada que hoje é ligada às raízes do heavy metal, o LP de estreia não foi abraçado pela crítica como talvez devesse. Há de se colocar na balança o poderio elétrico da banda em 1969, quando o country rock de nomes como Creedence Clearwater Revival, Bob Dylan e C.S.N.Y ameaçavam dominar a cena.

Se a revista Rolling Stone classificou o grupo em seu review como um alguém “que tinha pouco a oferecer”, comparando o disco com material do Jeff Beck Group, o semanário pop inglês Melody Maker, por sua vez, foi mais positivo, destacando “o gás” da guitarra de Jimmy Page.

Com a banda liderada por Jimmy Page em contínuo progresso nos anos seguintes, Led Zeppelin I se transformaria em um triunfo tardio — principalmente comercial. Nos EUA, até 2021, o LP já havia registrado vendas na casa de oito milhões de dólares. Mundialmente, as cifras já chegam aos dez milhões. 

Não dá para esquecer de agradecer ao Foo Fighters e ao Greta Van Fleet.

Claudio Dirani

Claudio D.Dirani é jornalista com mais de 25 anos de palcos e autor de MASTERS: Paul McCartney em discos e canções e Na Rota da BR-U2.

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