David Bowie foto: reprodução youtube

David Bowie imortal: ouça 10 covers estonteantes feitos para a lenda britânica

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Estrelas do mundo da música seguem cravando: David Bowie é uma de suas figuras mais importantes

Janeiro é o mês mais importante para imensa nação de fanáticos por David Bowie. Dia 8, o camaleão faria 77 anos. Na mesma data, só quem 2016, Bowie lançou o misterioso disco Blackstar, seu último disco de estúdio (o vigésimo sexto da carreira), gravado e lançado em meio a luta que travava, secretamente, contra o câncer que o levou de nós, apenas dois dias depois.

Muitos consideram Blackstar como um “presente de despedida” do músico, plenamente consciente sobre sua iminente passagem.

Celebrando o aniversário, e a importância de Bowie para a música, os americanos da Wilco lançaram uma sensacional versão ao vivo de Space Oddity.

Excepcionalmente bem executada, a interpretação da Wilco mantém todas as nuances líricas da original, bem como sua cinemática narrativa. Ao vivo, para poucos. A faixa é parte do disco com registros ao vivo do festival Mountain Stage, que celebra 40 anos em 2024.

Pauladas como essa imortalizam um artista. David Bowie é um privilegiado. Afinal, gente de dezenas de quilates no talento se prestaram a dar um tapa nas músicas do ídolo, em covers bastante sensacionais.

Segue o fio!

Beck – Sound and Vision

Com carta-branca do mestre, Beck elevou a definição de “reinterpretação” à estratosfera em 2013. O multi-instrumentista e produtor reuniu nada menos do que 157 músicos em um palco circular, em 360 graus. Dois corais (um gospel e um clássico), uma superbanda com uma dezena de guitarristas, uma orquestra, um naipe de batuques, outro de xilofones, coisa de louco. Sobrou até espaço para instrumentos como harpa, teremim e serrote.

O resultado foi uma epopeia espaçonautica, multiversa, do que seriam dezenas de bowies flutuando em uma mesma sala.

Na gravação, Beck disse aos 280 sortudos que assistiram à apresentanção: “tem alguém zonzo ai? Temos sacos de vômito debaixo das cadeiras”.

Uma viagem interestelar.

Warpaint – Ashes To Ashes

Uma das pérolas funky quebradas de David Bowie, Ashes To Ashes é um desafio técnico para qualquer um que resolva tocá-la. E eis que, então, a Warpaint chega junto e faz uma versão absolutamente sublime da faixa, lançada originalmente em 1980.

Bowie sabia do poder disruptivo da canção. Foi o primeiro single que precedeu o álbum Scary Monters (And Super Creeps) e já largou alcançando o primeiro lugar nas paradas inglesas.

O que as meninas do Warpaint fazem com a música é de cair o queixo da cara. Assim como a versão do Wilco, fazem com que persista na música o mood quebradiço e soturno, mas elevando a faixa a um mundo de conto de fadas.

The Cure – Young Americans

A versão do The Cure para a clássica Young Americans saiu na coletânea Join The Dots, só com raridades e b-sides do cultuado grupo inglês liderado por Robert Smith.

Young Americans, versão The Cure, é lo-fi no talo. Saxofone sintetizado e aquele groove perdido dos anos 80, época em que as bandas ainda estavam tentando se entender com as novas tecnologias de produção musical.

Mas a genialidade do The Cure, que é o que interessa, estava toda ali, principalmente nas guitarras e nos vocais!

MonaLisa Twins – Starman

Vários artistas fizeram versões da bucólica Starman. Garbage, Sharon Van Etten e até nossos conterrâneos do Nenhum de Nós. Mas foram as irmãs Mona e Lisa Wagner (não, não são minhas filhas) quem finalmente compreendeu o real significado da canção do Bowie: a solidão.

Tema trabalhado de forma impecável também em outras canções compostas do ícone inglês, Starman versa sobre estar sozinho, seja no espaço sideral, seja em uma rocha redonda habitada por sete bilhões de pessoas.

Célebres por fazerem versões bonitinhas para sucessos do rock, em Starman, as Wagner marcaram um golaço.

The Wedding Present – Chant Of The Ever Circling Skeletal Family

Deliciosa predileta dos bocas pretas desde sempre, a Wedding Present traz para o mundo de Bowie todos os elementos que encantam seus fãs: guitarra suja e infefinida, a levada funky das baterias de punk clássico e uma voz dos infernos.

Faixa obscura do disco Diamond Dogs, de 1974, Chant of the Ever Circling Skeletal Family é perfeita para quem quer fugir do presídio do óbvio, saltando com vara por sua cerca elétrica.

The Associates – Boys Keep Swinging

Limpa e cheia de ginga, com os três pés fincados na beleza das pistas de dança alternativas do mundo. Assim é a ótima versão do The Associates, criados na Escócia. Referência no post-punk britânico, a cover de Boys Keep Swinging foi lançada em 2000, no álbum Double Hipness.

Uma música que tem só o que precisa, nada a mais.

Swell – Golden Years

Coletâneas de “tributo” são ótimas para garimpo de versões doidas do seu músico predileto. Como as bandas convidadas competem com várias coleguinhas fazendo covers do mesmo artista, geralmente a estratégia é dar uma boa pirada na reinterpretação, cuidando de manter a identidade do grupo, para fins promocionais.

Foi o que fizeram os estadunidenses da Swell, direto de São Francisco. Sua Golden Years ficou sensacional, diferente da original e com uma baita brisa da bay area!

Dinosaur Jr. – Quicksand

Outra instiuição da música alternativa americana, Dinosaur Jr. também deu seu pitaco na obra de David Bowie. Esbanjando insegurança, marca registrada do indie rock, Quicksand é mais uma prova de como a obra de Bowie veste bem os Estados Unidos.

A versão é parte do disco Whatever’s Cool With Me, de 1991.

Momus – Conversation Piece

Conversation Piece é solidão pura (e minha faixa predileta da extensa discoteca bowiense). O ex-The Happy Family Momus, da Inglaterra, entrega esta versão digna da obra de arte composta por Bowie em 1972.

O detalhe é que a versão foi gravada ao vivo no Cafe Oto, em Londres, o que a torna ainda mais emblemática.

Honrou!

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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