David Bowie Imagem: Reprodução

As “dicas” que Bowie teria dado sobre sua morte em seu último álbum, “Blackstar”

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Oito anos após a partida de David Bowie, relembramos como fãs investigadores entenderam sinais criptografados na última obra do artista

A morte de David Bowie, em 10 de janeiro de 2016, foi envolta em mistérios capazes de deixar todo fã louco por uma teoria de conspiração. Demérito algum. Bowie era culto, intrínseco em sua linguagem, e passava longe dos temas rasos ao escrever suas letras.

A sequência de “coincidências” relacionadas à semana de sua morte é de fazer o mais criativo pensar: teria ele escrito um disco repleto de mensagens aos fãs sobre morte eminente de câncer? Muitos garantem que sim.

Blackstar foi lançado em 8 de janeiro, dois dias antes da sua morte. A notícia foi uma surpresa para todos os que não viviam em seu seleto círculo de confiança. Bowie escondeu sua doença do público e teve um funeral extremamente restrito. Algo inesperado, dada sua imensa importância no cenário musical interplanetário.

Antes do lançamento, o artista havia antecipado dois singles (Blackstar e Lazarus), acompanhados de videoclipes misteriosos e intringantes.

Nas semanas após sua morte, muita gente se debruçou sobre os detalhes do álbum, à procura de provas de que, dentro de suas canções e letras, o música estaria contando toda a verdade a seu público.

Comecemos pelo nome, Blackstar. Homônimo (Black Star, na verdade) a uma obscura canção de Elvis Presley, de quem Bowie era superfã confesso. O tema da música de Presley? A morte. “Quando um homem vê sua estrela negra (black star, em inglês), ele sabe que sua hora chegou.”

A data de lançamento também tem seus códigos, além do próprio aniversário. Se fosse este o único motivo, não combinaria com Bowie. Egotrip demais, ainda mais na fase em que se encontrava da vida. Dia 8 de janeiro de 2016 era a “data de inicialização” do replicante Roy Batti em Blade Runner, filme que ganhara o coração do artista. E tem mais. 8 de janeiro também é a data de nascimento de Elvis Presley. Mais uma pista de que o nome do disco teria uma relação com a obscura canção mórbida do ídolo.

A arte de Blackstar também tem algo de diferente. É a única da carreira do cantor em que ele não aparece na capa.

Os videoclipes são intercorrentes, e também foram alvo de investigação dos fãs. Blackstar começa na “Vila de Ormen”, um vilarejo noruoguês onde foi filmado uma produção de 1969 chamada Songs Of Norway. O compositor da trilha sonora? Um cara de nome Milton Lazarus. O trecho “In the villa of Ormen” também pode ser interpretado, segundo fãs, como “the revealer of all man”, ou seja, o lugar pra onde todos vamos, independente de quem somos.

No segundo clipe (e último de sua vida), a edição termina com Bowie entrando do lado esquerdo de um guarda-roupa decorado com um crânio, uma provável alusão a um caixão.

Outra faixa do álbum (que já havia sido lançada dois anos antes, como um single independente) traz também algumas perturbações acerca da letra. Trata-se da canção Sue (in a Season Of Crime). Nela, o britânico canta: “a clínica ligou. O raio X está ok. Estou te trazendo para casa”.

Em Dollar Days, canta o que pode ser intrepretado como “I’m dying to (estou morrendo de vontade)”, mas também “I’m dying too (eu também estou morrendo)”.

Certos de que David estava, sim, compartilhando de forma cifrada com os fãs tudo o que estava passando, os que acreditam na teoria ainda citam o nome da última faixa do álbum: “I can’t give everything away”. Algo como “não posso dar tudo de bandeja”, em tradução adaptada.

É como se o cantor dissesse: “sim, já disse várias vezes nas entrelinhas tudo o que está acontecendo comigo. Mas vocês não querem que seja fácil, né?”.

No caso de David Bowie, nunca foi. Sua grande qualidade enquanto artista foi fazer seu público pensar.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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