Ableton Live, que completou 22 anos recentemente, está com sua versão mais diferentona de todos os tempos — para alegria de muitos e choro de outros
Por Andre Salata [Ableton Certified Trainer]
No último dia 30, o Live, software alemão popularmente conhecido como Ableton Live, completou 22 anos de vida. E junto com as comemorações, a empresa fabricante anunciou a versão 12, que se encontra em fase final de desenvolvimento e deve chegar ao público no início de 2024.
Com novidades bem legais para a composição de músicas, a nova edição finalmente trouxe uma bela rejuvenescida na interface do programa, e isso chamou atenção dos fãs e dos haters. Mas por quê?
Bom, o Live sempre foi considerado um “patinho feio” no mundo dos softwares de produção musical. Além de visualmente ele ser pouco refinado (e pela foto acima você percebe que ele não teve mudanças drásticas em 19 anos), ele também foi considerado o diferentão da turma por muito tempo.
O software nasceu das mãos dos alemães Gerhard Behles e Robert Henke. O primeiro é hoje o CEO da Ableton, e o segundo deixou a empresa alguns anos atrás para focar em seu projeto musical, Monolake. No final da década de 90, eles buscavam criar uma solução para ajudá-los em suas performances ao vivo.
Inicialmente, o programa não foi feito para criar música do zero, mas para manipular loops e se integrar com outros instrumentos. A cara “feia”, ou melhor, simples, de sua interface tem um motivo: dar uma leitura clara e rápida em situações ao vivo, onde os artistas estão no palco e precisam entender rapidamente o que está acontecendo.
Logo após o seu lançamento, em 2001, ele começou a chamar a atenção de grandes nomes da música, como o compositor Hans Zimmer, que ficou impressionado com a sua capacidade em alterar a velocidade dos sons sem que a afinação (pitch) mudasse — tudo em tempo real, sem precisar de um pré-processamento. Talvez esse tenha sido um dos grandes diferenciais que a Ableton trouxe com o aplicativo, e que, de fato, mudou a forma de se fazer música.
Manipular diferentes tipos de samples, originalmente com andamentos diferentes, integrar a isso o sequenciamento de instrumentos MIDI e ter o esqueleto de uma música toda sincronizada era algo inédito há duas décadas. Não demorou muito para o software cair no gosto de diversas bandas dos mais variados gêneros, tanto para performance como para trabalho em estúdio.
E o pessoal da música eletrônica, claro, foi o que mais o abraçou. Hoje, ele é o software mais usado para criação de músicas do gênero, pois permite que você misture tudo e teste em tempo real as melhores opções e combinações quando se está compondo.
Ao longo desses 22 anos, a Ableton sempre priorizou tornar a produção musical cada vez mais acessível, e essa tem sido a missão do Live. Em sua nova versão, teremos as maiores atualizações da história do software quando o assunto é fazer música sem precisar ter conhecimentos avançados de composição e teoria musical.
Isso encurta bastante a distância entre a imaginação e criatividade dos que amam e respiram música, daqueles que estão metendo a mão na massa e criando coisas novas. É claro que os haters aqui choram copiosamente, pois o software deixa cada vez mais “fácil” criar algo seu, e isso é bom para todos no final das contas.
Vida longa ao Ableton Live!